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quarta-feira, 20 de julho de 2016

Censura da CBN leva UERJ a cancelar parceria jornalística

"Por entendermos, então, que não há mais espaço para Jornalismo universitário independente na emissora, encerramos a parceria no âmbito do CBN Universidade."


Por Marcelo Kischinhevsky*

O curso de Jornalismo da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCS/UERJ) rompeu a parceria mantida com a Rádio CBN há quase 12 anos, no âmbito do programa CBN Universidade. 
A decisão foi tomada após o coordenador de Jornalismo da CBN Rio, Júlio Lubianco, vetar a veiculação do programa Radioatividade, produzido por bolsistas do AudioLab da FCS/UERJ, que iria ao ar no sábado, 16/7. O conteúdo do radiojornal vetado oferece uma discussão sobre a dimensão simbólica dos Jogos Olímpicos num momento de aguda crise econômica e política no Rio. Ouvimos professores doutores em História, Geografia e Comunicação e um doutorando que pesquisou as representações dos Jogos do século XX na imprensa, em sua dissertação de mestrado.
Fomos surpreendidos com a mensagem de Júlio Lubianco dizendo que o programa "só tem sonora de acadêmicos, um da UFRJ e três da Uerj. Todos extremamente críticos, sem nenhum contraponto". Alegava ainda que o programa estava grande e informava, taxativo: "Não tem como ir ao ar dessa forma". Nos dispomos a reduzir o radiojornal, mas o coordenador deixou claro que o eixo do veto era editorial.
Consideramos uma ingerência indevida sobre o conteúdo de um parceiro de longa data. Levamos a questão à direção nacional de Jornalismo da CBN, e a diretora Mariza Tavares respondeu que, desde o início do projeto CBN Universidade, "as pautas deveriam passar pelo crivo da redação e serem aprovadas por sua relevância" e que "os princípios editoriais da emissora deveriam ser respeitados". Ela afirmou ainda que "em todos esses anos, quaisquer reportagens que estivessem em dissonância com esses preceitos eram devolvidas para ajustes, como acontece com os próprios jornalistas da CBN. Uma atitude que de maneira alguma se caracteriza como 'censura', e sim como o compromisso de ajudar as universidades parceiras a formar bons profissionais".

Definitivamente, isso não é verdade. 
Nos últimos anos, os alunos da UERJ produziram programas que tratavam de temas complexos, como as remoções para os megaeventos no Rio, a imigração síria, os dez anos de cotas raciais na UERJ e o contingenciamento de verbas da Faperj que prejudicou pesquisas sobre a Zika. Sempre observando os princípios do bom Jornalismo, mesmo que em desacordo com a linha editorial da CBN. 
Essa autonomia, contudo, acabou este ano, quando começaram as tentativas de ingerência sobre o conteúdo. Não por acaso, num momento em que o Rio atravessa profunda crise política e econômica, crise esta coberta pelo AudioLab tanto nos programas para a CBN quanto nas reportagens destinadas à veiculação em rádios comunitárias, compartilhadas no portal colaborativo Radiotube.

Por entendermos, então, que não há mais espaço para Jornalismo universitário independente na emissora, encerramos a parceria no âmbito do CBN Universidade e conclamamos os outros cursos parceiros, no Rio e em outras praças, como São Paulo, a reverem sua participação no projeto.
O programa vetado está disponível no Radiotube, no endereço: http://www.radiotube.org.br/audio-23359Pl4HV3nj


* Coordenador do curso de Jornalismo e do AudioLab da Faculdade de Comunicação Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCS/UERJ)

domingo, 17 de julho de 2016

Opera Mundi lança campanha de cotização para financiar seu jornalismo independente

Ideia é que os leitores, por meio de uma contribuição voluntária, ajudem a manter o jornalismo praticado, desde 2008, com um valor que caiba no bolso: R$ 12, R$ 24, R$ 36 ou R$ 48 mensais.


O portal Opera Mundi, especializado no noticiário internacional, lançou quinta-feira, (14/07), uma campanha de assinatura solidária. A ideia é que os leitores, por meio de uma contribuição voluntária, ajudem a manter o jornalismo praticado, desde 2008, com um valor que caiba no bolso: R$ 12, R$ 24, R$ 36 ou R$ 48 mensais.
O Opera Mundi consolidou-se como o único veículo brasileiro a tratar essencialmente de temas internacionais, com cerca de 1 milhão de visitantes únicos por mês. O foco editorial é a cobertura das regiões com as quais o Brasil tem relações comerciais e políticas, nem sempre cobertas pelos tradicionais meios de comunicação.

Opera Mundi cumpre também um papel fundamental em termos de democratizar o conhecimento sobre as Relações Internacionais, desenvolvendo diversas iniciativas para abrir novos horizontes sobre política externa e direito internacional. Exemplo disso é a seção “Duelos de Opinião”, em que dois expoentes sobre determinado assunto expõem visões opostas sobre um tema, ou o programa "Aula Pública Opera Mundi" que, desenvolvido em parceria com a TVT,  uma emissora educativa, e transmitido em canal aberto para grande São Paulo, trabalha com uma linguagem dinâmica e interativa para debater assuntos de relevância internacional.

Receitas

A iniciativa do portal é uma resposta aos cortes de publicidade pública decretados pela administração Temer. A atual gestão do governo federal decidiu cortar toda a verba que era destinada a  16 sites sobre assuntos da política e da economia,considerados veículos progressistas. O presidente em exercício Michel Temer cortou R$ 8 milhões que seriam destinados para propaganda de ministérios e estatais em sites e blogs jornalísticos. A quantia é ínfima, se comparada ao que é pago à grande mídia.
Segundo dados divulgados pelo UOL, a Rede Globo e as cinco emissoras de sua propriedade teriam recebido R$ 6,2 bilhões em publicidade federal durante os últimos doze anos dos governos petistas. A segunda maior verba foi destinada à Record: R$ 2 bilhões. De 2003 a 2014, o SBT recebeu R$ 1,6 bi, a Band, R$ 1 bi e a Rede TV! ficou com R$ 408 milhões.

A receita publicitária atual não cobre totalmente os custos de Opera Mundi, que incluem o trabalho de jornalistas e colaboradores, aluguel do espaço onde funciona nossa redação em São Paulo, aquisição e manutenção de equipamentos e serviços de hospedagem, assim como viagens para coberturas especiais e reportagens em países de diversas regiões do planeta.
O projeto Opera Mundi, que também inclui os sites Revista Samuel e Diálogos do Sul, sempre teve como principal fonte de receitas a publicidade, privada ou estatal. Em ambos os casos, enfrentou a resistência que, tradicionalmente, os veículos independentes encontram. Tanto órgãos públicos quanto empresas privadas têm um histórico, no país, de concentrarem seus investimentos em propaganda em poucos veículos de comunicação.

Ratinho é condenado por trabalho análogo à escravidão em fazenda

Publicado originalmente no Diário de Pernambuco

O apresentador Carlos Alberto Massa, o Ratinho, do SBT, foi condenado pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) a pagar uma multa de R$ 200 mil por manter trabalhadores em condição semelhante à escravidão em uma fazenda localizada em Limeira do Oeste, em Minas Gerais. A indenização por danos morais coletivos se deve, segundo a decisão judicial, à falta de fornecimento de material de proteção adequado ao ofício exercido pelos empregados e de espaço propício às refeições. Os contratados se alimentavam nos banheiros e nas lavouras, de acordo com o tribunal.
O comunicador também é acusado de aliciar, sem respeito às normas legais, pessoas da Bahia e do Maranhão. Em nota enviada pela assessoria e reproduzida pelo site G1, Ratinho disse não ser mais proprietário da fazenda desde 2010, admitiu ser réu na ação e frisou o fato de ter sido “excluído da condenação em segunda instância”. Ele teria sido isentado da condenação por trabalho análogo à escravidão e enquadrado por descumprir a concessão de tempo intrajornada na íntegra e o não fornecimento de equipamentos de proteção individual.

Ratinho já foi condenado, anteriormente, a pagar multa de R$ 1 milhão por danos morais em ação pública movida pelo Ministério Público do Trabalho de Uberlândia. “Não restam dúvidas da conduta praticada pelo empregador, causando prejuízo a certo grupo de trabalhadores”, registrou a ministra relatora do TST, Dora Maria da Costa. Carlos Massa é fornecedor de cana de açúcar na região.

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Papa nomeia jornalista americano novo porta-voz e espanhola como vice-diretora

Da Agência ANSA

O norte-americano Greg Burke será o novo porta-voz do Vaticano e substituirá o padre Federico Lombardi a partir do dia 1 de agosto, de acordo com decisão tomada pelo papa Francisco. Burke era vice-diretor da Sala de Imprensa e, agora, seu posto será assumido pela jornalista espanhola Paloma García Ovejero. 
Lombardi era diretor da Sala de Imprensa do Vaticano desde 11 de julho de 2006 e foi nomeado pelo papa Bento XVI para substituir Joaquin Navarro-Valls.

Nascido em Saint Louis e membro de uma família tradicional católica praticante, Burke completará 57 anos de idade em 8 de novembro. Ele frequentou uma escola jesuíta de sua cidade natal e se graduou em 1983 em Literatura Comparada na Universidade de Columbia, em Nova York.

Já trabalhou na "United Press International", de Chicago, na agência de notícias "Reuters" e na revista "Metropolitan", antes de ser enviado a Roma como correspondente do "National Catholic Register". 
Em 1990, Burke começou a colaborar com a revista "Time" e, quase uma década depois, virou correspondente na capital italiana da Fox News. Em 2012, foi convidado para formar um time na Secretaria de Estado do Vaticano como consultor de comunicação. Desde 21 de dezembro de 2015, era vice-diretor da Sala de Imprensa. Burke fala inglês, italiano, espanhol e francês.

"O que mais me comoveu foi que o Papa me disse: Pensei muito [para escolher o sucessor de Lombardi]. Isto comprova ainda mais a importância do cargo", comentou.
A espanhola Paloma García Ovejero, foi correspondente da rádio COPE na Itália, tem 40 anos e nasceu em Madri. Formou-se em jornalismo em 1998 pela Universidade Complutense e fez um master em Gestão de Estratégias de Comunicação. 

terça-feira, 5 de julho de 2016

CUT difundirá programa nacional de rádio

Por Isaías Dalle, publicado anteriormente no portal da CUT

A Central Única dos Trabalhadores - CUT anuncia que fará parte de um programa diário nacional de rádio, matutino, que será retransmitido pelas rádios comunitárias e redes educativas de estados em que a orientação política está afinada com os ideais progressistas e, evidentemente, pelas mídias livres que quiserem aderir.
O programa entrará no ar ainda em julho, segundo anunciado na manhã desta quinta-feira, durante os debates do 9º ENACOM (Encontro Nacional de Comunicação da CUT). O esforço reúne sindicatos e parceiros, dentro do contexto de unificação dos movimentos sociais que se intensificou a partir de 13 de maio de 2015, quando foi realizada a primeira grande passeata contra o golpe que se prenunciava.
“Será uma espécie de barricada nossa. A ideia é que esse programa entre no ar o mais rapidamente possível. Quem sabe cheguemos a uma rede de TV”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho, que atuou nos governos Lula e no primeiro mandato de Dilma, um dos convidados do debate desta quinta.
“Isso terá um custo. Vocês serão chamados para participar”, disse o presidente da CUT, Vagner Freitas, dirigindo-se à platéia de assessores de comunicação e de secretários e secretárias de comunicação das CUTs estaduais. “Vamos precisar de nossos profissionais, de nossos jornalistas, dos sindicatos”, desafiou.
Pauta: derrotar o golpe
Em seguida, garantiu apoio da Central. “A CUT já é uma potência em comunicação. Rádios, TVs de verdade em várias regiões. Esse projeto de rádio anunciado é fantástico. Digo a todos que colocamos como prioritário os recursos da CUT para comunicação”.
Vagner demonstrou disposição para a luta contra o golpe, tarefa na qual a comunicação é e continuará sendo essencial, na opinião dele. “A batalha não está perdida. Nós temos de retirar o Temer. Dar continuidade ao que fizemos certo e corrigir nossos equívocos. Quero deixar claro que o centro de nossa política é retirar o Temer, barrar o golpe e apoiar eleições gerais e reforma política”, afirmou.Desta vez, vai, garante a CUT. Desafio é distribuir pelo Brasil
O presidente da CUT também aproveitou para lembrar o esforço para se construir o que existe como estrutura de comunicação da Central: "Nós temos a TVT, por exemplo, e muitos elogiam e dizem que é preciso ampliar, melhorar. Pô, dá uma forcinha aí. Apenas poucos sindicatos contribuem financeiramente"
As falas de Israel do Vale, presidente da Rede Minas e diretor executivo do FNDC (Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação), e de Rita Freire, presidenta do Conselho da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), convergiram em mostrar a estrutura pública que já existe, e que pode, consequentemente, auxiliar nessa tarefa de fazer chegar as informações contra-hegemônicas para a maioria da população.
Ambos reconheceram que os governos Dilma e Lula poderiam ter sido mais ousados no enfrentamento à mídia tradicional. Mas deram maior tempo a expor o que se conquistou. A EBC, duramente atacada pelo governo golpista, na opinião deles, é um embrião importante de uma comunicação pública. E que menosprezar a qualidade ou o alcance da emissora é um equívoco.
“Titubiantemente, mas tentando avançar no acesso à banda larga e na criação da EBC. São avanços inegáveis, o que explica os ataques à EBC, algo que pode se tornar um dia um instrumento que dê voz ao cidadão”, comentou Israel.
Valorizar a defender a EBC
“A TV nasce como pública na maioria das democracias consolidadas. A BBC por três décadas foi a única TV na Inglaterra. E isso interfere muito na percepção do espectador. Quem sempre financiou a BBC foi o cidadão, não com verba de governo. Portanto, a comparação desqualificadora com a EBC é mais que um jogo de letrinhas”, completou.
“A criação da EBC foi um dos grandes feitos dos governos do PT, mas depois foi deixado um pouco ao léu. Mas é injusto chamá-la de TV Traço. A EBC tem oito rádios, TV Brasil, uma agência que abastece a mídia inteira, tanto a privada quanto a livre. E mais uma agência de rádio que abastece rádios comunitárias”, destacou Rita Freire.
Israel destacou outra oportunidade que a esquerda deve aproveitar, que são as tevês da cidadania, cuja regulamentação da TV digital permite que possam ser criadas por prefeituras, com conteúdo educacional, cultural e jornalístico.
Por fim, o ex-ministro Gilberto Carvalho definiu: “Gente, esse projeto de comunicação é uma tarefa que precisa da CUT. São vocês que vão dar movimento a isso”.
Roni Barbosa, secretário nacional de Comunicação da Central, confirma: “Vamos colocar a rede CUT a serviço da distribuição do conteúdo que será produzido por este programa hoje anunciado. A distribuição é um grande desafio”.

domingo, 3 de julho de 2016

Macri oficializa retirada do sinal da Telesur da Argentina

Publicado originalmente em Pátria Latina

Hoje a emissora está presente em diversos outros países da América Latina, América Central, Caribe, Europa, África e Oriente Médio, além dos Estados Unidos (Gustavo Hernández A).
Depois de um processo um tanto atropelado, o sinal da emissora multiestatal Telesur será oficialmente retirado da Argentina. “Atropelado” porque os diretores da empresa de comunicação só souberam da decisão do governo de Mauricio Macri por meio das notícias dos jornais e não foram notificados formalmente desde o início sobre a decisão governamental.
A presidenta da Telesur, Patricia Villegas, publicou a oficialização do anúncio em suas redes sociais nesta quarta-feira (29). Analistas de todo o continente consideram a decisão do governo argentino como uma “mostra de censura e carência de pluralidade”.
“Fez. Macri fez. Agora barras de cores estão no lugar onde estava a Telesur na TV argentina. Seguiremos lutando e exigindo o fim da perseguição e censura contra nosso sinal”, escreveu Villegas em sua conta pessoal no Facebook.
Organizações sociais e politicas da Argentina manifestaram seu repúdio à saída do sinal da Telesur e consideraram que esta ação atenta contra milhões de pessoas que escolheram escutar diversas vozes sobre a realidade nacional e internacional.
A Telesur foi idealizada pelo ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e estava presente em mais de 90 retransmissoras, possuía convênios com cinco emissoras abertas em diferentes regiões da Argentina e até o dia 29 de fevereiro deste ano havia alcançado mais de 20 milhões de expectadores.
Hoje a emissora está presente em diversos outros países da América Latina, América Central, Caribe, Europa, África e Oriente Médio, além dos Estados Unidos.
Sem argumentos legais, a Telesur foi retirada do pacote básico de TV por assinatura da Argentina no dia 4 de março deste ano. O filósofo mexicano Fernando Buen Abad afirmou que a Telesur deve estar “fazendo algo magnífico para os povos para que tantas oligarquias queiram amordaça-la”.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Portal do jornal Brasil Popular sofre sete ataques de hackers

Depois de sofrer o sétimo ataque, portal do Brasil Popular volta ao ar
Por Eduardo Ramos
O site do Jornal Brasil Popular sofreu, no último fim de semana, seu sétimo ataque de hackers. A invasão ocorreu um dia após a postagem da versão impressa, que saiu na sexta-feira, 24 de junho.
Com mensagens fascistas, o ataque é um claro descontentamento com a manchete do jornal, que mostra aquilo que a grande mídia esconde. A manchete principal, “Temer admite golpe”, relata o ato falho cometido pelo presidente interino, quando ele disse, em uma entrevista, que Dilma "utiliza o avião, ou utilizaria, para ir fazer campanha denunciando o golpe".
O jornal Brasil Popular, com tiragem de 20 mil exemplares, é distribuído gratuitamente a cada duas semanas, na rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, e em vários outros pontos da cidade. E aos poucos começa a chegar a algumas capitais brasileiras, com a colaboração de distribuidores voluntários. 
Para ler a versão impressa na internet, clique aqui.