Caros leitores e leitoras.

quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Opinião: Outra comunicação, outra sociedade. Pela inclusão da Comunicação Pública

Por Alberto Perdigão, em O Povo Online 

Professores de Comunicação de todo o País estão unidos na campanha Inclui Comunicação Pública, pela inclusão da disciplina Comunicação Pública nos cursos de Jornalismo e afins. A campanha foi lançada no dia 6 de setembro passado, no Rio de Janeiro, durante o XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), dando à mobilização a visibilidade e pautando o tema da comunicação pública como uma necessidade e uma oportunidade ao ensino superior e ao País.
A comunicação pública é um tipo de comunicação a que estão obrigados todos os órgãos públicos da União, estados e municípios, pela Constituição de 1988 (incisos XXXIII do art. 5º e II do § 3º do art. 37) e pela Lei de Acesso à Informação (arts. 1º e 2º). É um modelo de comunicação de terceira geração, mais republicano e democrático, que se amplia e se aprofunda, em relação à comunicação institucional, unívoca e burocrática, que se instalou nos governos militares e que ainda resiste na gestão pública.
Pois bem: a campanha Inclui Comunicação Pública está sensibilizando outros professores, coordenadores de cursos e chefes de departamento de Comunicação. Quer alcançar também o Ministério da Educação e o Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, neste momento em que se discute a reformulação dos currículos. E pretende ainda que a discussão ultrapasse os muros da faculdade e da formação do jornalista, para se estabelecer como uma questão da sociedade brasileira.
Salvas algumas exceções de alguns poucos estados, tradicionalmente, os cursos de jornalismo do País formam profissionais voltados a atender os meios privados, sem levar em conta a demanda reprimida de comunicação do País de 5.561 municípios, de 27 unidades federativas e da União, nos seus três Poderes, e não obstante a necessidade de informação centrada no interesse público de base territorial, condição à participação cidadã, ao controle social, à prevenção e combate à corrupção.
Há disciplinas de Assessoria de Comunicação e de Comunicação Corporativa, não de comunicação pública. Há disciplinas de rádio, de televisão, não de radiodifusão pública. É como se um médico se formasse sem conhecer o SUS; como se um professor fosse preparado para ensinar só nos colégios particulares; como se um administrador ou contador só tivesse formação para atender empresas, e não entendesse de gestão pública ou da contabilidade aplicada ao setor público.

Se você acha que ter também outro tipo de jornalista pode ajudar a construir outros tipos de sociedade e de gestão pública, então, você também está na campanha. Conheça nosso manifesto, manifeste-se e assine a nossa petição .

*Jornalista, professor, membro da coordenação da campanha Inclui Comunicação Pública

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Sindicato exibe documentário sobre protesto de fotojornalistas

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Por Alan Marques

Documentário sobre protesto de fotojornalistas no governo Figueiredo será exibido nesta segunda, 28/9, na Cozinha Fotográfica do SJP-DF

Depois do sucesso da edição da Cozinha Fotográfica de agosto, Sindicato dos Jornalistas do DF fará evento de setembro para debater o curta “A culpa é da foto”, filme que tem a produção executiva de Eraldo Peres, a direção de conteúdo de André Dusek e a direção de fotografia de Joédson Alves.
O filme trata de um protesto realizado em janeiro de 1984, no governo militar do General Joāo Baptista Figueiredo, ocasião em que fotógrafos, cinegrafistas e repórteres baixaram suas máquinas na rampa do Palácio do Planalto em repúdio à proibição de registros dentro do gabinete presidencial.
A Culpa é da Foto traz o depoimento de profissionais que ousaram a participar do protesto em pleno governo militar. O grande objetivo dos fotógrafos foi contestar os atos de retaliação, assédio moral e censura utilizados contra a imprensa durante o Governo Figueiredo. O único registro do momento ficou sob a responsabilidade do repórter fotográfico José de Maria França, J.França (foto que ilustra esta matéria).  
O curta tem duração de 15 minutos e traz depoimentos de nove jornalistas que estavam na cena da fotografia, destes um era o fotografo oficial do presidente, Roberto Stuckert, o outro, Silvio Leite, era o presidente do comitê de imprensa do Palácio do Planalto em 1984. Ambos estavam na rampa, mas não são vistos na fotografia.
Entre esses depoimentos também estão o do repórter fotográfico André Dusek, que à época era presidente da Uniāo dos Fotógrafos de Brasília. Ele foi testemunha ocular do protesto do outro lado da rua e no documentário é Dusek quem faz a ligação dos fatos até o dia do protesto. Outro profissional que aparece no filme é Wilson Pedrosa, que teve várias desavenças com Figueiredo. Pedrosa teria feito uma foto do presidente com gesso e isso o teria irritado muito.
A Culpa é da Foto venceu na categoria de melhor curta metragem na Mostra Brasília do 48º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. 

Cozinha Fotográfica

A Cozinha fotográfica é um dos projetos do Sindicato de maior destaque, visto que já existe há mais de 30 anos. Direcionada para repórteres fotográficos, profissionais e estudantes da área de comunicação, a Cozinha também recebeu em 2014 alunos do ensino fundamental.
O objetivo da Cozinha fotográfica é mostrar o trabalho de fotojornalistas do DF como forma de incentivar o debate sobre fotografia e os desafios enfrentados por esses profissionais. Temas como direitos autorais, manipulação de imagem, novas tecnologias, dificuldades e desafios para a realização dos trabalhos são alguns pontos abordados durante as discussões.


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Velocidade da banda larga no Brasil está abaixo da média na América Latina


Por Bruno Amaral, em Tela Viva News


No segundo trimestre, a velocidade média da banda larga no Brasil cresceu 0,2 Mbps (7,6%) na comparação com os primeiros três meses do ano, fechando junho com 3,6 Mbps. Dessa forma, mesmo tendo avançado 25% em relação ao mesmo período de 2014, o País caiu uma posição e está em 90º no ranking State of the Internet da Akamai, divulgado nesta quarta-feira, 23. A média do Brasil ficou abaixo não apenas do índice mundial (5,1 Mbps), mas até da América Latina (média de 3,85 Mbps dentre os 13 países levantados).

A média do Brasil ficou abaixo não apenas do índice mundial (5,1 Mbps), mas até da América Latina (média de 3,85 Mbps dentre os 13 países levantados).
Considerando apenas a região latino-americana, o país se posiciona em oitavo lugar, atrás de:
  • Uruguai (5,9 Mbps), 
  • Chile (5,6 Mbps), 
  • México (5,5 Mbps), 
  • Argentina (4,7 Mbps), 
  • Peru (4,7 Mbps), 
  • Colômbia (4,5 Mbps) e
  • Equador (4 Mbps).


Está à frente apenas de:
  • Panamá (3,3 Mbps),
  • Costa Rica (3,2 Mbps),
  • Bolívia (1,9 Mbps), 
  • Venezuela (1,6 Mbps) e
  • Paraguai (1,5 Mbps).


Em se tratando de pico médio de velocidade, o Brasil ficou duas posições acima do que no trimestre anterior, em 80º. Com 27 Mbps (aumento trimestral de 12% e de 32% comparado com 2T14), o País ficou acima da média da América Latina (de 25,1 Mbps), em sexto lugar. Bem abaixo, entretanto, da média mundial de 32,5 Mbps. A banda larga brasileira ficou atrás de Uruguai (47,7 Mbps), Chile (37 Mbps), Peru (28,5 Mbps), Colômbia (27,8 Mbps) e México (27,3 Mbps).

Penetração por velocidade

No recorte de participação de velocidades acima dos 4 Mbps, o Brasil aumentou 5,5% e 26% no comparativo de trimestre e por ano, ficando com 32% e a 83ª posição no ranking mundial. Nos três primeiros meses do ano, a penetração era um ponto percentual (p.p.) abaixo, mas a colocação ficou duas posições acima.
Desta vez não houve grande crescimento na quantidade de acessos acima de 10 Mbps (7,4% e 18%, no trimestre e no ano, respectivamente), que foi de 2,4%, deixando o País na 67º posição. É a mesma colocação do trimestre passado, quando o aumento brasileiro havia sido de 132%. Nas velocidades acima de 15 Mbps, o Brasil ficou em 54º lugar no ranking mundial, com 0,6% de penetração. Foi um aumento de 26% comparado a março e 14% comparado ao segundo trimestre de 2014.
Para efeito de comparação, a velocidade contratada para o serviço de comunicação multimídia (SCM) no País e divulgada pela Anatel em julho é, na maioria (41,28%), entre 2 Mbps e 12 Mbps. Em seguida vêm as conexões entre 512 Kbps e 2 Mbps (31,02%); entre 12 Mbps e 34 Mbps (18,24%); entre 0 Kbps e 512 Kbps (4,89%); e acima de 34 Mbps (4,58%).

Quantidade de números IPs

O Brasil não mostrou mudança no comparativo anual, mas recuou 4,6% em relação ao primeiro trimestre deste ano em quantidade de endereços IPv4 que acessaram servidores da Akamai no período. Com 45,956 milhões de números, o País ficou em terceiro, atrás de Estados Unidos (148,639 milhões) e China (125,177 milhões). Apesar de o Brasil não figurar entre os dez países com maior adoção do protocolo IPv6, duas operadoras brasileiras estão os que mais utilizam no mundo: a Net Serviços (com 6,7% do tráfego em IPv6) e a GVT (com 3,4%).

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Internet: Brasil sobe dez posições em ranking de banda larga móvel

Por Bruno do Amaral, em Tela Viva News


O estudo anual State of Broadband da União Internacional das Telecomunicações (UIT), divulgado nesta segunda-feira, 21, mostra que a banda larga móvel brasileira avançou significativamente no último ano, superando países como Espanha e Itália. Entretanto, a conexão fixa não conseguiu acompanhar o ritmo mundial e perdeu posições.
Em se tratando de penetração de banda larga móvel em 2014, o País obteve a 27ª posição, com 78,1 acessos por grupo de cem habitantes. Foi uma melhora notável, subindo dez posições em relação ao ranking de 2013, quando contava com 51,5%. Ficou à frente de nações como Espanha (28º), Itália (33º), França (39º) e Alemanha (41º).  O primeiro lugar é de Macau, na China, com 322,2 acessos por cem habitantes, seguido de Cingapura (156,1%) e Kuwait (139,8%).

Banda larga fixa

Por outro lado, o Brasil caiu três posições em relação ao levantamento do ano passado (quando contava com 10,1%) e agora se encontra em 76º lugar no ranking de penetração de banda larga fixa, com 11,5%, atrás de países latinos como México (74º), Chile (69º) e Argentina (65º). O primeiro lugar é de Mônaco, com 46,8%, seguido de Suíça (46%) e Dinamarca (41,4%).
A penetração da Internet por residência (sem determinar se a conexão é fixa ou móvel) do Brasil em 2014 foi de 48%, deixando o País em 32º lugar. Foram duas posições ganhas em relação a 2013, quando o índice era de 42,4%.
Já na penetração por usuário, o Brasil figura em 68º lugar, com 57,6%. Em 2013 estava em 74º, com penetração de 51,6%. Considerando apenas as nações em desenvolvimento, o Brasil ficou em 27º, quatro posições acima do ranking de 2013.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Unesco seleciona Jornalista para consultoria de webvídeo


Termina dia 21 o prazo de inscrição para o processo de seleção que a Unesco realiza para a contratação de consultoria técnica especializada em Jornalismo. O processo seletivo contará com análise curricular e entrevista.

A consultoria será executada para a secretaria de Direitos Humanos da presidência da República e terá a duração de dois meses, a partir da assinatura do contrato. A consultoria consiste no levantamento junto à secretaria da Pessoa com Deficiência da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República em relação às mudanças na legislação. E também no levantamento de subsídios para a elaboração de roteiro de vídeo para veiculação na internet.
O candidato deverá ter graduação em Jornalismo, oito de experiência em atividades profissionais na área e conhecimento comprovado em webjornalismo, para realizar produção e disseminação de vídeo sobre a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) para a internet.
Os jornalistas interessados deverão enviar o CV até o dia 21/09/2015 no para a Caixa Postal 3841 - Brasília/DF. CEP 70.089-970, indicando o Código do Projeto (914BRZ3046) e o número do Edital (Edital n° 03/2015).
Mais informações, clique aqui.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Evento analisa o Jornalismo e as pessoas com deficiência

Debate Aberto, promovido via web pelo Diversidade na Rua, conta com a presença do jornalista Luiz Alexandre Souza Ventura para falar mais sobre sua experiência sobre o tema.

Acontece via internet, no próximo dia 17 de setembro (quinta-feira), às 19h, no Diversidade na Rua, o debate virtual “O jornalismo e as pessoas com deficiência”. O jornalista Luiz Alexandre Souza Ventura, criador e responsável pelo blog do portal 'Estadão.com.br',  'Vencer Limites', sobre pessoas com deficiência, estará à disposição para discutir o tema e esclarecer dúvidas. 
Luiz Alexandre tem 44 anos e enfrenta desde criança a Síndrome de Charcot-Marie-Tooth. Começou a carreira em 1996 no jornal A Tribuna (Santos/SP). Foi editor do Estadão.com.br, trabalhou para as rádios Globo e CBN, Editora Abril e jornal Diário do Comércio, além de diversas agências de comunicação corporativa. Recentemente, ele contou sua trajetória de vida no Diversidade na Rua. 
"A chamada grande imprensa, no Brasil, não participa do debate sobre a situação da pessoa com deficiência no País. Não há exceção. Todos os grandes veículos de TV, rádio, internet, jornais e revistas tratam o tema com desinteresse. A falta de conhecimento sobre o universo da pessoa com deficiência cria desinformação, coloca todos os assuntos em uma perspectiva médica, além de resumir a acessibilidade a algo meramente arquitetônico", diz o jornalista.
"Este debate é uma oportunidade de ampliar o leque de informações. A proximidade dos Jogos Paralímpicos pode nos ajuda a retirar, ainda que por um breve período, o 'manto da invisibilidade' que cobre as pessoas com deficiência", finaliza Luiz Alexandre Souza Ventura. 
Por ser online e aberto ao público em geral, qualquer pessoa que tenha interesse em saber mais sobre o tema pode participar do Debate Aberto. O formato é como o de um fórum pela internet: as questões são lançadas pelos participantes e todas as respostas podem ser replicadas. Para interagir é preciso apenas fazer um cadastro rápido e simples no site http://www.diversidadenarua.cc/debate 

Serviço 

Debate Aberto Diversidade na Rua
Tema: O jornalismo e as pessoas com deficiência
Data: 17 de setembro (quinta-feira)

Horário: 19 horas

Para participar acesse: www.diversidadenarua.cc/debate

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Brasília sedia I Fórum de Comunicação nos Legislativos Brasileiros

Por Deraldo Goulart


O I Fórum de Comunicação nos Legislativos Brasileiros será realizado no Senado Federal, entre os dias 16 e 18 de setembro. O encontro  vai reunir profissionais que atuam na área para tratar das questões atuais dos meios de comunicação nos Legislativos. Durante três dias, acadêmicos e profissionais como assessores de imprensa, analistas de marketing, jornalistas, relações públicas, radialistas, cerimonialistas, publicitários e especialistas em mídias sociais, irão discutir as inovações e as principais tendências do setor, e apresentar soluções de sucesso em suas Casas Legislativas.
Busca-se, assim, a viabilização de novas parcerias entre elas e principalmente caminhos alternativos que levem à compreensão do funcionamento do Parlamento ao mais humilde Cidadão. Para que este objetivo seja alcançado estarão presentes comunicadores do Senado Federal, da Câmara dos Deputados, de Tribunais de Contas, de Assembleias Legislativas e de Câmaras Municipais de todo o país.
Hoje, nos sistemas de comunicação montados nos Legislativos, podemos identificar diversas tendências, cada uma com suas vantagens e desvantagens. Em pequenos municípios, principalmente do interior, é comum a terceirização da mão de obra e de serviços para produtoras locais, estaduais e até mesmo regionais.
No Senado e na Câmara dos Deputados, há um misto com predominância dos funcionários que foram efetivados por concurso público, mas que conta com uma numerosa mão de obra terceirizada e de assistentes parlamentares trabalhando nos veículos das Casas. Cada uma com seu estilo de cobertura, apesar de terem sido originadas de uma mesma Lei e de estarem tão próximas.
Discutir e debater esses temas é de suma importância para a democracia, pois todos esses servidores – efetivos, comissionados, assessores e terceirizados – conhecem seus limites como executores deste serviço que oferece transparência sobre a atividade parlamentar e dá conhecimento do dia a dia dos parlamentares. Mas a recíproca também é verdadeira, pois, a cada vez que levamos os questionamentos do povo para dentro do Legislativo, sua voz ecoa nos plenários de todo o país, levando aos legisladores um pouco dos anseios e questionamentos do cidadão.

O evento é direcionado aos cerca de trinta mil profissionais de comunicação que atuam nas diferentes casas legislativas de todo o Brasil. A programação foi cuidadosamente elaborada pela diretoria da Associação dos Profissionais de Comunicação do Senado Federal - Comsefe, que convidou os debatedores e propôs temas com o intuito de fomentar  a troca de experiências, o fortalecimento e o desenvolvimento da comunicação entre as Casas dos Legislativos. Da união e da integração de todos os comunicadores que atuam nos Legislativos brasileiros poderão surgir iniciativas que aproximem as respectivas Casas, que dão voz e visibilidade aos cidadãos brasileiros.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Opiniâo: Canais públicos de TV para ampliar a liberdade de expressão

Por Laurindo Leal Filho, publicado originalmente em Brasil Popular

Além da qualidade da imagem e de uma possível interatividade, outra vantagem da TV digital, que está chegando ao Brasil, é a multiplicação de canais. Na frequência em que, pelo sistema atual analógico, trafega uma programação, no digital podem ser vistos quatro ou até oito programas diferentes.
E mais, o número de canais abertos que no analógico chega no máximo a três dezenas, no digital passará de cem. Todos abertos, sem nenhum custo extra ao telespectador.
Essa nova televisão vai ser implantada no país com o desligamento gradativo do sistema analógico, o que começa a acontecer, em forma de teste, no próximo dia 29 de novembro na cidade de Rio Verde, em Goiás.
No ano que vem inicia-se o desligamento nos grandes centros urbanos: Distrito Federal, 3 de abril; São Paulo, 15 de maio; Belo Horizonte, 26 de junho; Goiânia, 28 de agosto e Rio de Janeiro, 27 de novembro. A expectativa é de que até 31 de dezembro de 2018 a TV analógica tenha sido substituída pela digital em todo o país.
Cabe agora perguntar: que novidades trarão esses canais? Veremos programas inteligentes, inovadores capazes de elevar os níveis de percepção do mundo por parte dos telespectadores ou teremos mais do mesmo, ou seja a indigência atual mostrada pelas emissoras comerciais?
Com relação as comerciais as perspectivas não são das melhores. Nada indica qualquer mudança por iniciativa própria e a tendência é a manutenção dessa política de nivelar por baixo o nível de suas programações e de, ao mesmo tempo, colocar no ar noticiários sempre alheios aos interesses mais gerais da sociedade. Sem uma legislação moderna que regulamente esse tipo de serviço é ilusório esperar qualquer mudança no quadro atual.
A alternativa é apostar nas emissoras públicas dando a elas condições de se tornarem efetivamente alternativas ao modelo comercial. Nesse sentido um passo importante foi o acordo firmando no último dia 1º de setembro entre o Secretário de Comunicação da Presidência da República, os ministros da Educação, Saúde, Cultura, Comunicações e o presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para implementar os quatro canais já previstos no decreto que criou a TV Digital (Canal do Executivo, da Cidadania, da Educação e da Cultura) e ainda a migração para a TV aberta da TV Escola e do Canal Saúde.
Hoje, o Executivo já tem o seu canal, a NBR, que é acessível apenas em sinal fechado ou através das antenas parabólicas. Se tiver sua programação remodelada, como quer o ministro Edinho Silva, da Comunicação Social, o canal poderá torna-se uma alternativa importante à carga noticiosa contraria ao governo imposta diariamente pela mídia comercial.
No momento atual, o canal do Executivo é imprescindível para garantir a liberdade de expressão no país, na medida em que possa fazer circular informações sonegadas pelos grupos privados. É inconcebível que governos populares sejam obrigados a se dirigir à sociedade através de veículos particulares controlados por grupos que lhe são politicamente antagônicos. Ao canal do Executivo cabe preencher essa lacuna informativa hoje existente.
O fato da TV Escola e do Canal Saúde serem hoje restritos a quem tem TV por assinatura ou uma antena parabólica a eles direcionada revela a quebra de um princípio básico da comunicação pública que é o de ser acessível a toda a população. Com a ida desses canais para o sinal digital aberto essa deficiência será corrigida.
Poderemos ter em breve em todos os domicílios brasileiros produções de alta qualidade, como as que são produzidas por esses canais. No caso da educação, a TV Escola tem tudo para ser o nosso Canal Encuentro, gerido pelo Ministério da Educação da Argentina e transmitido com grande sucesso em sinal aberto naquele país.
São passos importantes para a consolidação de um sistema nacional de televisão pública que tanta falta nos faz. No entanto outros passos, ainda mais arrojados,  precisam ser dados. Um deles é fazer com que a TV Brasil também passe a operar uma multiprogramação com novos canais no ar, possibilidade aberta com a chegada da TV digital e que não pode ser desprezada pela principal TV pública brasileira.
Além do canal atual, com uma programação generalista, a emissora deveria contar, pelo menos, com um canal noticioso 24 horas no ar e outro totalmente voltado para o público infantil, hoje abandonado pela TVs comerciais. Sem esquecer a necessidade da expansão urgente da TV Brasil internacional com programações em espanhol e inglês, como já faz por exemplo a TV russa, entre tantas outras.


terça-feira, 8 de setembro de 2015

77% das empresas gráficas recorrem à terceirização de serviços.

Pesquisa da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) revelou que 77% dos estabelecimentos gráficos terceirizam algum tipo de serviço. As terceirizações tanto abarcam atividades-meio, quanto atividades-fim e abrangem etapas da cadeia de produção, de logística/transporte e de montagem e/ou manutenção de equipamentos.
Praticamente dois, em cada 10 empregados, são terceirizados. O setor gráfico reúne no Brasil cerca de 21 mil empresas, geradoras, em 2014, de uma produção industrial de cerca de R$ 45 milhões e de 213 mil empregos diretos. 
Proporcionalmente, as empresas que mais terceirizam são as de micro (78%) e grande portes (79%). Os motivos, certamente, são diferentes nos dois casos. As microempresas, por definição, têm estruturas enxutas e terceirizam por falta de pessoal e para cortar custos. Já as empresas de maior porte buscam aumento de eficiência nos processos e redução de custos”, analisa o presidente da Abigraf, Levi Ceregato.
A participação da mão-de-obra terceirizada sobre o total gira em torno de 15%, mas chega a 90% em gráficas menores. Segundo a pesquisa, as principais razões para a terceirização incluem redução de custos (18%), ganho de agilidade (18%) e aprimoramento da qualidade do serviço (16%). 
Já dentre aquelas que não terceirizam, a motivação para tal comportamento é o receio de queda de qualidade (18%), insegurança jurídica (17%) e o aumento de risco no processo produtivo (15%).

Perfil da terceirização no setor gráfico
Etapa da cadeia de produção
65,8%
Logística e transporte
54,8%
Montagem e/ou manutenção de equipamentos
42,1%
Segurança e/ou vigilância
24,6%
Tecnologia da informação e/ou segurança da informação
21,8%
Serviços de consultoria técnica
20,6%
Limpeza e/ou conservação
20,1%


segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Opinião: Empresas perdem sentido e os jornalistas, seus empregos

Cartaz afixado nas ruas de Rio Branco, Acre
Por Carlos Tautz, publicado originalmente no Observatório da Imprensa


Antes de tudo, minha solidariedade às centenas de profissionais demitidos pelas empresas convencionais de comunicação. E, se isso ajudar de alguma forma, saibam que suas demissões pouco têm a ver com as razões apresentadas pelo patronato.
Nada de queda de faturamento, concorrência com a internet, diminuição do número de anunciantes e leitores etc etc.
A verdade é outra e discutir alguns de seus aspectos mais amplos ajuda a entender o cenário em que nos encontramos.
A mais importante razão para o fechamento em massa de postos de trabalho é o posicionamento político radical da indústria de comunicação. A maior parte do que se noticia ou se deixa de noticiar nestes meios, em especial em matéria de política e de economia, está sujeita a este posicionamento, e não a tradicionais critérios jornalísticos.
Em grande medida, a informação publicada é um ato de fé e de interesse corporativo, que se enquadra em um sistema de ideias. Quem lê ou ouve uma notícia tem de se esforçar para separar o fato objetivo de sua interpretação ideológica.
Sempre foi assim na América Latina. Na ausência de instituições político-partidárias capazes de tecer uma narrativa lógica de sua forma conservadora e reacionária de ver o mundo, entram em ação os conglomerados de mídia para ocupar esse espaço.
Antes, reuniam-se na Sociedade Interamericana de Imprensa para jogar a sua parte na Guerra Fria. Agora, organizam-se no Grupo de Diários Américas para combater os mandatários que sucederam os governos eleitos na onda neoliberal dos anos 1990. Seus alvos preferidos são os governos de Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai (este deposto por uma articulação em que as empresas de comunicação tiveram papel destacado), Peru, Venezuela e Uruguai.
Não é de se estranhar, assim, o que revelam pesquisas de confiança do leitorado. Elas apontam que boa parte do que é publicado vêm rapidamente deixando de fazer sentido para seus leitores, enfastiados de uma cobertura que se caracteriza por uma visão pré-concebida da realidade, recheada de preferências particulares e, muitas vezes, pouco vinculada à realidade factual.
Outras fontes de informação passam, então, a produzir sentido – como os inúmeros informativos gratuitos distribuídos pela internet, celulares etc. Ainda que eventualmente parciais, muitos deles assumem que posição defendem. Ao contrário da mídia convencional, não se arrogam o status de oráculo da verdade, de bastiões da informação crível e de guardião das instituições democráticas.
Blogs, sites e que tais têm seu valor justamente por serem apenas o que são, como atestam seu crescente impacto informativo. Por que então optar pela velha mídia convencional ideologizada?
É emblemático – inclusive por razões históricas – que o mais recente passaralho de grandes proporções ocorra n´O Globo. Ele é uma espécie de núcleo duro ideológico da holding Globo, a maior de sua área no Brasil, que por sua vez inspira politicamente os demais grupos do setor. Mais cedo ou mais tarde, as principais posições políticas do grupo Globo acabam mimetizadas pelas demais empresas.
É a segunda vez em 2015 (a primeira ocorreu em janeiro) que O Globo varre de seus quadros, numa onda só, dezenas de profissionais de imprensa – outras empresas do grupo fizeram o mesmo, mas dissimuladamente. Somando os dois tisunamis, foram quase 80 profissionais da redação mandados embora.
Os concorrentes miméticos d´O Globo seguem caminho semelhante, às vezes por razões distintas. No Rio de Janeiro, foi o caso do recentemente falecido Brasil Econômico, de O Dia e do provedor de acesso à internet IG, pertencentes à Portugal Telecom (PT). A PT investiu em mídia no Brasil buscando influência política para operar a telefônica Oi, em que detém cerca de 30% do capital votante. Sabe-se lá o porquê, a posse dos veículos de comunicação perdeu sentido para a PT, que não hesitou em fechar o BE e deixar o tradicionalíssimo O Dia em estado de alerta.
Em um ano, perto de dois mil postos de trabalho de jornalistas foram fechados no Brasil.
Pelo seu peso específico, o grupo Globo – pertencente à família mais rica do Brasil, segundo a Forbes – é o ator emblemático nesse movimento de perda de sentido das empresas de comunicação e dois momentos são particularmente especiais para exemplificar a repulsa à cobertura de O Globo e a consequente e imediata queda de sua audiência.
O primeiro é a capa do jornal em 17 de outubro de 2013, um dia após a PM ter desocupado a escadaria da Câmara dos Vereadores do Rio, onde centenas de manifestantes se reuniam pacificamente havia semanas. O Globo criminalizou preventivamente e violentamente os manifestantes. Desconsiderou que, culpados ou não, eles ainda precisariam ser julgados pela Justiça.
As consequências foram imediatas. Primeiro, repórteres que vão às ruas cobrir a realidade que a direção do jornal despreza queixaram-se do tratamento editorial das prisões. As caixas de email da redação foram entupidas de mensagens reclamando do tratamento dispensado aos manifestantes (todos foram soltos por falta de provas). E, nos dias seguintes, multiplicou-se por quase 20 o número médio de pedidos de cancelamento de assinaturas.
O jornal não reorientou sua cobertura e simplesmente optou por bloquear os sistemas de recebimento de e-mails e de pedidos de cancelamento.
O segundo momento se deu no início de agosto de 2015.
Um dos herdeiros do grupo Globo, João Roberto Marinho, tomou a iniciativa de procurar a Dilma e a bancada do PT no Senado para informar-lhes que o grupo desembarcara da tese do impeachment – contrariando a verdadeira cruzada pelo impedimento da governante em que seus veículos, a tevê à frente, estavam empenhados desde a posse até aquele momento.
Com efeito, viu-se um abrandamento na ferocidade das críticas a Dilma e ela recebeu generosos minutos no Jornal Nacional para que, pela primeira vez, pudesse se defender dos ataques que recebia.
As áreas de inteligência do governo federal circularam a informação de que essa mudança de posição se deve ao fato de a Globo ter sido escolhida pelos maiores grupos econômicos instalados no Brasil como porta-voz de uma posição de manutenção da ordem democrática. Eles possuem interesses valiosíssimos no País e o impedimento de Dilma poderia afetá-los, em um momento de turbulências internacionais.
Se esta versão se verifica ou não, é outra estória. O fato, objetivo, é que aconteceram as reuniões em Brasília e Dilma ganhou uma valiosa trégua capitaneada pelo mais importante grupo de mídia do País.
Assim, do dia para a noite, aquela que era achincalhada pelo noticiário do grupo Globo transformou-se naquilo que nunca deveria deixar de ter sido: apenas mais uma governante, cuja administração precisa ser escrutinada permanentemente por jornalistas, e não o Judas midiático a quem se imputam de chofre todos os crimes.
Com variações de escala, método e impacto político, situações desse tipo já ocorreram em muitas outras redações País afora. As maiores invariavelmente combinam cobertura conservadora com a publicação de colunistas reacionários e agressivos. Aliás… Quantos colunistas progressistas publicam na imprensa diária?
A sociedade é plural e tem direito a uma comunicação idem. Se não a encontra nas fontes convencionais, procura essa pluralidade em outras fontes.
A segunda grande razão central para o cíclico (e crescente) descarte em massa de postos de trabalho para jornalistas é a opção de os veículos de comunicação agigantarem seus departamentos de entretenimento e transformarem seus veículos noticiosos em meros cadernos divulgadores da sua própria indústria do lazer.
Entretenimento e relações públicas se disfarçam de jornalismo, usando-lhe as técnicas e a credibilidade individual de vários profissionais de imprensa. Vários deles e delas abandonam a redação e passam a estrelar de reality shows a programas de amenidades. Deixam se ser ótimos repórteres e se transformaram em apresentadores enfadonhos e arrogantes.
Jornalistas que insistem em desvelar as relações de poder passam a ser peças indesejáveis e altamente descartáveis. A extinção de postos de trabalho integram-se à lógica desse setor de informação-entretenimento (infotainment, como um teórico estadunindense já chamou).
O próprio jornalismo passa a ser indesejado e inviável, se for entendido como uma forma de investigação e de vigilância sobre as relações entre o Estado e as corporações. Dessa maneira, por exemplo, fica impossível o grupo Globo cobrir as fraudes na CBF. Há décadas, ambos são sócios nas transmissões de futebol.
Entretanto, por mais sombrios que sejam, esses não são os únicos futuros possíveis para a nossa profissão. Quem a entende como uma forma de intervir na realidade tem vários e promissores exemplos alternativos, mesmo entre as empresas de comunicação que operam rigorosamente dentro dos limites do mercado de notícias.
Há experiências de organizações de jornalistas independentes – como a Agência Pública no Brasil e o International Consortiun for Investigative Journalism nos EUA. Mas, o exemplo ótimo de empresa jornalística lucrativa e crítica – que vem rapidamente se recuperando de prejuízos em anos passados e batendo recordes internacionais de audiência – é o inglês The Guardian.
Não à toa, foi ao Guardian que Edward Snowden denunciou o sistema mundial de espionagem montada pela NSA estadunidense. O Guardian é uma prova concreta de que o jornalismo é viável sob qualquer ponto de vista.
A hora da demissão dói tanto que parece que nunca irá acabar. Quanto mais laços profissionais e de amizade pessoal se criam nos locais de trabalho, mais dramático e longo é esse momento triste. Para que ele sirva de lição, precisa ser compreendido como de fato é: não um ponto final. Mas, um ponto de partida para recriar o sentido do jornalismo e de jornalistas.

Campanha requer inclusão da disciplina de Comunicação Pública

Por Alberto Perdigão

A campanha pela inclusão da disciplina de Comunicação Pública no currículo dos cursos de Comunicação das universidades brasileiras, intitulada #IncluiComunicaçãoPública, foi lançada noe domingo, 6/9, durante o  XXXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação - Intercom, no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Urca. 

A primeira ação da campanha foi abrir uma lista de assinaturas no portal https://secure.avaaz.org, que será enviada ao ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, e ao presidente do Conselho de Reitores da Universidades Brasileira, Wolmir Therezio Amado.

A campanha também abriu uma página na rede social Facebook, para facilitar a discussão da necessidade da criação da disciplina e oferecer apoio à coordenação dos cursos interessados na implementação.
A iniciativa de professores e pesquisadores ligados ao Observatório Latino-Americanos das Indústrias de Conteúdos Digitais - Olaicid, com sede em Brasília, já identificado com as pautas do direito à comunicação, da democratização dos meios e do fortalecimento da radiodifusão pública.

domingo, 6 de setembro de 2015

EUA: Universidade de Harvad oferta bolsas para jornalistas

Inscrições para participar do intercâmbio vão até 24 de setembro

O Radcliffe Institute Fellowship Program, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, anunciou a abertura de vagas para bolsa de pesquisa que levará jornalistas para desenvolverem projetos em Cambridge, Massachussetts. O benefício alcança o valor de até US$ 75 mil por um ano, com fundos adicionais para despesas. No programa, os bolsistas receberão escritório ou estúdio e acesso a bibliotecas e outros recursos da Universidade de Harvard. O projeto vai do início de setembro de 2016, até maio de 2017.
As inscrições para participar do intercâmbio vão até 24 de setembro e podem ser realizadas por meio do site do instituto responsável. Jornalistas candidatos devem trabalhar profissionalmente há cinco anos. Segundo regulamento, os projetos serão julgados de acordo com sua qualidade, importância, currículo e potencial do candidato.
O Radcliffe Institute Fellowship Program é uma comunidade acadêmica em que os indivíduos se dedicam a trabalhos avançados em ampla gama de disciplinas acadêmicas. Dessa forma, o projeto também convida profissionais de cinema, vídeo, som e novas mídias para se candidatarem a bolsa de pesquisa.
 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Órgão da ONU seleciona assistente de informação pública

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados no Brasil –Acnur seleciona profissional de Comunicação Social para preencher uma vaga de Assistente de Informação Pública no seu escritório em Brasília (DF).

Os candidatos deverão possuir graduação em Jornalismo e dois anos de experiência profissional. Pós-graduação será um quesito para diferenciar positivamente na seleção. 

O contrato terá a duração de um ano, podendo ser prorrogado e a remuneração para o cargo é de R$ 3 mil mensais. 

Os candidatos interessados devem enviar até o dia 13 de setembro de 2015, os documentos necessários para o e-mail: brabr@unhcr.org, seguindo as orientações do Termo de Referência.

Acesse aqui para o Termo de Referência desta vaga e aqui para obter o formulário P11. Todas as informações sobre o processo de seleção estão disponíveis aqui.



quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Os bilionários da mídia brasileira

Por Altamiro Borges, publicado originalmente em Pátria Latina.

Barões da mídia - que seguem demitindo milhares de profissionais, precarizando as condições de trabalho e pagando péssimos salários - estão na lista dos mais ricos do mundo da Revista Forbes.

A revista Forbes-Brasil divulgou na sexta-feira (28/9) a lista dos bilionários brasileiros de 2015. Uma verdadeira aberração num país com tanta disparidade social. O novo ranking conta com 160 ricaços. Juntos, eles somam um patrimônio de R$ 806,66 bilhões - o equivalente a quase 15% do PIB do país.
Segundo o site da Veja, que adora paparicar os endinheirados, "a linha de frente dos brasileiros mais ricos foi novamente dominada pelo trio composto por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira, que praticamente duplicaram suas fortunas desde o ano passado - em boa parte, na carona da alta do dólar, já que a gorda fatia de seus investimentos está fora do país".
A revista do esgoto realça ainda que "entre os paulistas que aparecem nas primeiras vinte colocações da lista estão Eduardo Saverin, do Facebook, em oitavo, Abilio Diniz, que recentemente comprou uma rede de padarias com Jorge Lemann, em décimo, Walter Faria, dono da cervejaria Petrópolis, em décimo primeiro, e José Luís Cutrale, do ramo de frutas em décimo quinto".
Ela evita, porém, dar destaque à fortuna acumulada pelos barões da mídia - que seguem demitindo milhares de profissionais, precarizando as condições de trabalho e pagando péssimos salários. Talvez tema atiçar a consciência crítica da categoria - na qual ainda existem muitos jornalistas que chamam o patrão de companheiro.
Já o site Meio&Mensagem, especializado no setor, botou o dedo na ferida. Segundo matéria postada nesta segunda-feira (31), os barões da mídia seguem acumulando fortunas - apesar do discurso cínico sobre a crise econômica. "O setor de mídia brasileiro é o oitavo mais representativo em um ranking de 13 setores liderado por indústria, bancos e alimentos, divulgado anualmente pela revista Forbes".
"No setor de comunicação são oito empresários de quatro companhias distintas. Na quinta posição geral está a família Marinho, das Organizações Globo, representada por João Roberto Marinho, José Roberto Marinho e Roberto Irineu Marinho que, individualmente, possuem R$ 23,8 bilhões. Da família Marinho para o próximo da lista a diferença é considerável: Edir Macedo, da Record, está na 74º posição com patrimônio de R$ 3,02 bilhões seguido pela família Civita, do Grupo Abril, e de Sílvio Santos, do SBT".
Veja os representantes da mídia entre os bilionários brasileiros:
João Roberto Marinho - Patrimônio: R$ 23,80 bilhões
José Roberto Marinho - Patrimônio: R$ 23,80 bilhões
Roberto Irineu Marinho - Patrimônio: R$ 23,80 bilhões
Empresa: Organizações Globo - 5º posição no ranking geral do Brasil
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Edir Macedo - Patrimônio: R$ 3,02 bilhões
Empresa: Rede Record - 74º posição no ranking geral do Brasil
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Giancarlo Civita - Patrimônio: R$ 2,18 bilhões
Roberta Anamaria Civita - Patrimônio: R$ 2,18 bilhões
Victor Civita Neto - Patrimônio: R$ 2,18 bilhões
Empresa: Grupo Abril - 88º posição no ranking geral do Brasil
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Silvio Santos - Patrimônio: R$ 2,01 bilhões

Empresa: SBT - 100º posição no ranking geral do Brasil
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Confira também os dez primeiros colocados da lista da revista Forbes:
1º) Jorge Paulo Lemann - R$ 83,70 bilhões
2º) Joseph Safra - R$ 52,90 bilhões
3º) Marcel Herrmann Telles - R$ 42,26 bilhões
4º) Carlos Alberto Sicupira - R$ 36,93 bilhões
5º) João Roberto Marinho - R$ 23,80 bilhões
6º) José Roberto Marinho - R$ 23,80 bilhões
7º) Roberto Irineu Marinho - R$ 23,80 bilhões
8º) Eduardo Saverin R$ 17,53 bilhões
9º) Marcelo Odebrecht e família - R$ 13,10 bilhões
10º) Abilio dos Santos Diniz - R$ 12,83 bilhões

Opinião: Lugar de fala profissional

Por Aylê-Salassié F. Quintão*   
  
A  legitimidade do jornalismo, da medicina,  da engenharia, ou do direito e assim por diante, vem do reconhecimento, pela sociedade, do  Lugar de Fala de cada profissão.
A certificação pública para o exercício profissional circunscreve os limites para o exercício das habilidades de cada um dentro de um locus apropriado, a partir do qual o sujeito pode falar com autoridade sobre os temas de sua competência.
A menos que se instaure o caos, o discurso conduzido por ele não está ligado à sua condição de cidadão,  nem a de empregado de uma instituição. No jornalismo, a ética, a responsabilidade social e o compromisso público permeiam a essência da profissão.
É difícil, por isso, conviver com o desleixo de alguns no exercício dos seus limites profissionais. Certos jornalistas e empresas parecem ter um enorme desprezo pelos próprios cânones. Transitam leviana e sistematicamente na contramão  do Lugar de Fala.
Há cerca de dois anos, uma repórter conhecida falava no Yahoo do momento feliz  porque passava como animadora de auditório e garota  propaganda de uma marca de  frangos e de carnes.
Para alguém de boa fé, o fato se constituiria numa moralidade arbitrária e mórbida, segundo o filósofo australiano Peter Singer.
- “A imprensa acha que eu vim para ganhar dinheiro”, dizia a jornalista,. 
O leitor replicou imediatamente: “Ah!.... me engana que eu gosto... duvido que o farias por caridade....
Se é pela propaganda do frango, eu li que recebeste R$ 25 milhões. Me poupe...” 
Outro jornalista orgulhava-se do  fato de ser [...] parte  de um fenômeno na TV brasileira - segundo ele mesmo - o seu “reality show”, que  devassava a intimidade das pessoas e a privacidade familiar. Justificava-se descontraidamente  dizendo que se tratava apenas de “[...}um programa de entretenimento, gente!” Coincidentemente, um dia antes ele estava na rua fazendo reportagens. 
Nesse diapasão, outro colega tentava aproveitar-se da Copa do Mundo de Futebol para  vender aos estrangeiros a imagem de mulheres brasileiras.
A publicidade e a vulgarização da figura do jornalista ameaçam efetivamente o Lugar de Fala da profissão, ao se contratar profissionais pelo critério, por exemplo, da visibilidade: “estrelas” do jornalismo para vender produtos e ideologias. Jornalistas, cuja respeitabilidade foram  gestadas em noticiosos nos jornais, tvs e rádios, e não em novelas ou programas de auditório, aceitam, sistematicamente,  transformarem-se  em garotos e garotas propaganda. É o cúmulo da indignidade para uma profissão que se quer respeitada. No auge da sua credibilidade, Joelmir Betting aceitou fazer publicidade de uma marca de banco, e nunca voltou a ser visto da mesma forma. Conspurcara o Lugar de Fala.
Quem sabe o Franklin Martins não tem razão? 
Há um descompasso entre o que a sociedade espera de um jornalista e de uma empresa jornalística e o que alguns confusamente produzem, amparando-se no Lugar de Fala da categoria. São pessoas que deveriam abdicar da condição de jornalista, desocupar o Lugar de Fala, mudar de categoria, e se filiar a outro sindicato ou conselho profissional. Procurar um palco próprio . Lá é o lugar delas. Não são mais jornalistas e, por ali, também não se faz mais jornalismo.

Se não são jornalistas no discurso e no comportamento, não o são também no salário e nos ganhos empresariais.
As distâncias tornam-se assim grandes. Usando o nome da profissão, alguns recebem remunerações e vantagens astronômicas, enquanto outros, lutando pela ética, se matam em assembléias sindicais, madrugadas à dentro, para mendigar o salário mínimo profissional, cujo valor tem correspondido sistematicamente, à menos da metade da renda média das cidades onde prestam seus serviços.

O fato de alguns não respeitarem os limites profissionais conduz à desconstrução da própria habilitação,  vulgarizando a profissão e, na mesma esteira, as angústias sociais transformam-se em piadas e, como tal, por conivência da imprensa desqualificadas. Alienado, o povo não teria mais porque buscr melhores condições de vida, nem porque reclamar dos governos . Não seria apenas do fim do jornalismo, mas do próprio Lugar de Fala da profissão. Os dramas cotidianos não se alteram em razão  que  um ator verte levianamente nas  novelas. Sem o respeito ao Lugar de Fala perdemos a dignidade profissional , até mesmo enquanto cidadãos. 
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*Jornalista, professor, Doutor em História Cultural. Catalytica Empreendimentos e Inovação Social.