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quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Da vitrola ao iPod: livro conta a história da indústria fonográfica no Brasil

Da vitrola ao iPod: uma história da indústria fonográfica no Brasil concentra-se, de maneira extensa e aprofundada, na história das gravações musicais brasileiras dos anos 1960 à atualidade.
Pela sua originalidade, pela riqueza de informações e pela rigorosa elaboração, este livro é daqueles que estavam faltando no meio universitário e no mercado editorial brasileiros.
O  autor, Eduardo Vicente, detentord uma graduação em Música Popular, pela Unicamp, e um mestrado em Sociologia, pela mesma universidade, é atualmente professor da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Ele reuniu em seu trabalho de doutorado, ora publicado em forma de livro, a sua experiência nesses dois campos de atividade, algo que não é comum no campo acadêmico brasileiro.


Sobre o autor: 
Eduardo Vicente possui graduação em Música Popular e mestrado em Sociologia pela Unicamp, doutorado em Ciências da Comunicação pela ECA/USP e pós-doutorado pelo Centre for Media and Cultural Research da Birmingham City University (UK). É professor do Departamento de Cinema, Rádio e TV da ECA/USP e do Programa de Pós-Graduação em Meios e Processos Audiovisuais da mesma instituição. Edita a revista Novos Olhares e coordena o MidiaSon: Grupo de Estudos e Produção em Mídia Sonora. É bolsista de Produtividade em Pesquisa PQ 2 (CNPq).

Serviço: 

Livro: Da vitrola ao iPod
Assunto: História
Edição: Alameda (tel.: 11 3012-2400)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Pesquisadores de Comunicação de faculdades não federais querem participar dos editais do governo federal

Pesquisadores e professores de escolas de Comunicação Social que não fazem parte da rede do Ministério da Educação afirmam que os editais e chamadas públicas lançados pelo governo privilegiam apenas as universidades federais.

Desde a primeira gestão do governo Dilma Houssef, os editais e chamadas públicas do governo federal tem privilegiado as universidades federais. E ao começar o segundo mandato, os editais seguem com o mesmo enfoque, como é o caso do Edital Mais Cultura nas Universidades, do MinC.

O princípio de  defesa das instituições de ensino superior públicas federais estaria correto não fosse a realidade da universidade brasileira, principalmente no que diz respeito aos estudos de Comunicação. Neste caso, o que está ocorrendo é uma distorção, afirmam os pesquisadores Cosette Castro, da Universidade Católica de Brasília (UCB), Alvaro Benevenuto Jr., da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Maria Cristina Gobbi, da Unesp, Sergio Gadini, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Cristiano Max Pinheiro, da Feevale, no Rio Grande do Sul e Alberto Perdigão, da Universidade de Fortaleza (Unifor). 

Os  seis pesquisadores que atuam em universidades públicas municipais e estaduais, comunitárias, confessionais e privadas contam que existem 106 universidades federais no país com cursos de Comunicação. “Eles  recebem 9,4% dos alunos brasileiros (18.700 jovens), mas 100% dos seus pesquisadores podem participar dos editais do governo federal”.
De outro lado, estão 1.246 universidades públicas municipais e estaduais, comunitárias, confessionais e privadas que recebem  90,6% dos estudantes de Comunicação do país. São 206 mil 374 alunos espalhados pelo Brasil que - junto com seus professores e pesquisadores - são impedidos de participar dos editais e chamadas públicas do governo federal. Esses estudantes têm como espaço de formação o mercado, enquanto os estudantes das universidades públicas federais são preparados  para pesquisar, pensar políticas públicas e futuramente ocupar altos cargos.

A partir dessa realidade, os pesquisadores do Centro-Oeste, Sul, Sudeste e Nordeste do país decidiram lançar na quinta-feira, 19/2, uma carta aberta ao ministro da Cultura, Juca Ferreira, extensiva ao ministro da secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Thomas Traumann, através do site de petições Avaaz. Nele  solicitam  que os editais e chamadas públicas do governo federal sejam ampliados para todas as universidades, com critérios claros de participação, inclusive para jovens cursos de pós-graduação em Comunicação que leve em consideração o currículo e experiência dos pesquisadores.

“Trata-se de uma dupla exclusão”, diz Cosette Castro, que coordena o Observatório Latino-Americano das Indústrias de Conteúdos Digitais (Olaicd) na Universidade Católica de Brasília, do qual participam pesquisadores brasileiros e de oito países da Região. A primeira ocorre  dentro  do próprio governo. “Ao excluir as demais universidades, tratam  os professores e pesquisadores como cidadãos de segunda categoria. No entanto, se observamos os currículos Lattes desses pesquisadores encontramos uma importante produção acadêmica reconhecida dentro e fora do país”.

A segunda exclusão é ainda mais perversa, conta a pesquisadora,  porque atinge  90,6% dos estudantes de Comunicação do Brasil, entre eles a camada mais pobre  da população.  “50% dos estudantes de universidades privadas, comunitárias ou confessionais recebem bolsa integral ou parcial do PROUNI”. Eles são diretamente prejudicados pelos editais do governo federal, já que não podem participar de projetos de iniciação científica e outras chamadas que possibilitam a formação de um jovem pesquisador, seja no âmbito da graduação ou da pós-graduação.

Os pesquisadores recordam que se -  essa política de exclusão, também presente nas instituições de fomento como a CAPES e o CNPq -  sempre existisse, vários projetos ligados direta ou indiretamente à  área da Comunicação, não poderiam ser desenvolvidos. É o caso do middleware Ginga – que permite a interatividade na TV digital pelo controle remoto e foi desenvolvido em software livre pela PUC-RJ; do Observatório Latino-Americano das Indústrias de Conteúdos Digitais (OLAICD), da UCB - DF ; da TV digital da UNESP, que estaria esperando até hoje para ir ao ar;  ou do  curso de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), de caráter confessional,  que não chegaria a nota 6. Esses são apenas alguns exemplos da expertise existente na academia brasileira, que atuam mais  além das fronteiras das universidades federais.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Documentos dos EUA apontam que Roberto Marinho (Rede Globo) foi principal articulador da Ditadura Militar





Por Wagner Francesco*, publicado originalmente em JusBrasil.


Em telegrama ao Departamento de Estado norte-americano, embaixador Lincoln Gordon relata interlocução do dono da Globo com cérebros do golpe em decisões sobre sucessão e endurecimento do regime.



No dia 14 de agosto do 1965, ano seguinte ao golpe, o então embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, enviou a seus superiores um telegrama então classificado como altamente confidencial – agora já aberto a consulta pública. A correspondência narra encontro mantido na embaixada entre Gordon e Roberto Marinho, o então dono das Organizações Globo. A conversa era sobre a sucessão golpista.
Documentos dizem que Roberto Marinho Rede Globo foi principal articulador da Ditadura MilitarSegundo relato do embaixador, Marinho estava “trabalhando silenciosamente” junto a um grupo composto, entre outras lideranças, pelo general Ernesto Geisel, chefe da Casa Militar; o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Serviço Nacional de Informação (SNI); Luis Vianna, chefe da Casa Civil, pela prorrogação ou renovação do mandato do ditador Castelo Branco.
No início de julho de 1965, a pedido do grupo, Roberto Marinho teve um encontro com Castelo para persuadi-lo a prorrogar ou renovar o mandato. O general mostrou-se resistente à ideia, de acordo com Gordon.
No encontro, o dono da Globo também sondou a disposição de trazer o então embaixador em Washington, Juracy Magalhães, para ser ministro da Justiça. Castelo, aceitou a indicação, que acabou acontecendo depois das eleições para governador em outubro. O objetivo era ter Magalhães por perto como alternativa a suceder o ditador, e para endurecer o regime, já que o ministro Milton Campos era considerado dócil demais para a pasta, como descreve o telegrama. De fato, Magalhães foi para a Justiça, apertou a censura aos meios de comunicação e pediu a cabeça de jornalistas de esquerda aos donos de jornais.
Documentos dizem que Roberto Marinho Rede Globo foi principal articulador da Ditadura MilitarNo dia 31 de julho do mesmo ano houve um novo encontro. Roberto Marinho explica que, se Castelo Branco restaurasse eleições diretas para sua sucessão, os políticos com mais chances seriam os da oposição. E novamente age para persuadir o general-presidente a prorrogar seu mandato ou reeleger-se sem o risco do voto direto. Marinho disse ter saído satisfeito do encontro, pois o ditador foi mais receptivo. Na conversa, o dono da Globo também disse que o grupo que frequentava defendia um emenda constitucional para permitir a reeleição de Castelo com voto indireto, já que a composição do Congresso não oferecia riscos. Debateu também as pretensões do general Costa e Silva à sucessão.
Lincoln Gordon escreveu ainda ao Departamento de Estado de seu país que o sigilo da fonte era essencial, ou seja, era para manter segredo sobre o interlocutor tanto do embaixador quanto do general: Roberto Marinho.
O histórico de apoio das Organizações Globo à ditadura não dá margens para surpresas. A diferença, agora, é confirmação documental.
Wagner Francescoteólogo e acadêmico de Direito.
Página no Facebook: https://www.facebook.com/escritor.wagnerfrancesco

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Alemanha oferece bolsa de Mestrado em Comunicação

A Universidade de Bonn, na Alemanha abriu inscrições para bolsas de Pós-Graduação em Comunicação. A iniciativa é uma parceria da Hochschule Bonn Rhein- Sieg e a Deutsche Welle, emissora pública internacional alemã. O  curso é em nível de mestrado.
O programa de Mestrado em Comunicação da Universidade de Bonn visa preparar os alunos para a carreira de comunicação aprimorando conhecimentos e técnicas. 
As aulas serão ministradas em língua inglesa e alemã, necessitando que os alunos sejam fluentes em um dos dois idiomas. O curso dura quatro semestres e é oferecido em período integral.
As principais matérias do curso são voltadas paras as áreas de Jornalismo, Comunicação e Gerenciamento de mídia. Durante o curso também serão ministradas palestras com a combinação de pesquisa e experiências práticas. 
O candidato também deve ter experiência na área de mídia.

Os interessados podem se inscrever até 31 de março. Para mais informações (em inglês) sobre o programa, clique aqui.

OAB-Bahia quer processar TV Globo

Publicado originalmente no JusBrasil

OAB da Bahia pretende ingressar com ação de danos morais coletivos contra a TV Globo por reportagem do Fantástico

Há três semanas, reportagem do Fantástico narrava cobrança de honorários advocatícios excessiva em causas previdenciárias. No entanto, este nosso rotativo foi conferir alguns dados e constatou que a realidade era diferente daquela apresentada. Agora, a OAB/BA pede providências ao Conselho Federal da Ordem no sentido de ajuizar ação de indenização por dano moral coletivo.
"Pedi ao conselho para que verifique se as generalizações que repercutiram em diversos meios de comunicação não teriam causado um dano coletivo à advocacia, e pedi que o Conselho Federal adote as medidas cabíveis para indenização", disse Luiz Viana, presidente da OAB/BA, ao jornal Bahia Notícias. A seccional reuniu matérias de blogs, rádios, jornais com reprodução da reportagem para que o Conselho faça a avaliação.
De acordo com o periódico baiano, duas ações civis públicas foram propostas pelo MPF e pedem que a Justiça imponha um limite de 20% na cobrança de honorários. As duas estão em grau de recurso no TRF da 1ª região. Para Viana, as ações são equivocadas. "A OAB recebeu uma gravação de um depoimento do procurador que disse que, não tendo condição de investigar todos os advogados, pegou uma certidão no juizado com o nome de todos os colegas, que há sete anos advogavam no local", esclarece o gestor. "Dessa forma, colocaram no mesmo balaio situações diferentes."
Luiz Viana ainda explica, na entrevista, que a Ordem impõe limites rigorosos na cobrança de honorários e que o advogado "não pode ganhar mais do que seu cliente, podendo chegar a no máximo - a soma do contrato de honorários e a soma de honorários sucumbenciais", que podem chegar até a 50% o total. Os honorários contratuais são os valores que o advogado recebe como remuneração pelo serviço, de até 30%, e os honorários sucumbenciais são os recebidos da parte condenada no processo, limitados a 20%. Nos erros de cobrança de honorários praticados por advogados, a Ordem instaura processo disciplinar.
Na última sexta-feira, 6, o Conselho Pleno da Seccional autorizou a instalação de uma Comissão de Orientação ao Advogado para que não cometam faltas disciplinares por desinformação, como em casos de propaganda, principalmente no interior do estado.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Banco Mundial lança concurso fotográfico via Instagram

Banco Mundial lançou concurso fotográfico de fotos publicadas no Instagram tendo como tema os problemas sociais e econômicos que enfrentam as comunidades de todo o mundo. 
As fotos devem ser publicadas coma hashtag #EachDayISee.  As 20 fotografias que obtenham mais "curtidas" no Instagram serão selecionadas como finalistas. As fotos serão exibidas nas redes sociais operadas pelo Banco Mundial, projetadas na da instituição em Washington e publicadas em um livro fotográfico. 
A data limite de publicação das fotos é 13 de fevereiro. Para mais informação, clique aquí.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Opinião: O Governo desaprendeu a travar a batalha da comunicação

Como sair do atoleiro se o Governo desaprendeu a travar a batalha da comunicação? Não basta comunicar-se mais. É preciso reorientar toda a comunicação.


Por Antonio Lassance*, em Carta Maior

Em sua primeira reunião ministerial (27/1), Dilma exortou seus ministros a travarem a batalha da comunicação. Falou, repetiu, insistiu. Quase perguntou se precisava desenhar.
A ordem é a seguinte:
"Nós devemos enfrentar o desconhecimento, a desinformação sempre e permanentemente. Vou repetir: sempre e permanentemente. Nós não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre.
Reajam aos boatos, travem a batalha da comunicação, levem a posição do governo à opinião pública, a posição do ministério, a posição do governo à opinião pública. Sejam claros, sejam precisos, se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas."
No fundo, Dilma sabe que ela não é a melhor comunicadora do governo e pede ajuda a todos de sua equipe para uma tarefa que, de qualquer forma, nenhum presidente, sozinho, é capaz de realizar: dizer ao público o que está acontecendo e o que o governo tem feito.
Até aí, tudo bem. A maioria dos governos anteriores tinha ministros mais desenvoltos para a comunicação do que o presidente. Lula foi uma das exceções. Ele era, sem sombra de dúvida, o melhor comunicador de seu próprio governo.
Com Dilma é diferente e a constatação pode ser perfeitamente administrada. Mas há uma pedra no meio do caminho.
Se o pedido da presidenta não significar uma completa reorientação na concepção, nas práticas e nas mensagens do governo, o tiro irá sair pela culatra. Vai estar aberto o caminho para uma sucessão de trapalhadas.
De todo modo, não se deve, em hipótese alguma, tentar esconder um presidente da República. Não há como tirar um assunto do colo da presidenta quando o assunto é o Brasil.
Um presidente da República jamais pode fingir que alguns grandes problemas não são seus.
Toda semana a presidenta precisa mostrar que existe, que está trabalhando, que está fazendo.
Mesmo que não queira, Dilma precisa aparecer regularmente, dar sua opinião e orientação, ainda que os detalhes e as piores partes do tratamento de algum problema fiquem por conta de outra pessoa.
Ao invés de aparecer pouco e, quando aparece, falar muito (Dilma é a primeira a se cansar de seu próprio discurso), é melhor a presidenta aparecer mais vezes e falar menos, fazendo discursos mais curtos e diretos.
Se não for pedir demais, em nome da clareza na comunicação com o público, Dilma poderia usar mais metáforas e analogias. Alguns não vão gostar, mas a maioria vai.
Fazer comunicação com o quê e com quem?
O atual governo gasta muito e gasta mal em comunicação. E conseguiu a façanha de desmontar boa parte dos bons instrumentos próprios que haviam sido construídos no primeiro mandato do governo Lula.
É bom fazer o registro: a situação já estava assim antes do atual ministro Thomas Traumann assumir o posto. O problema é que, até agora, nada mudou e Traumann não tem qualquer controle sobre a área de publicidade.
O governo faz regularmente uma pesquisa para aferir os hábitos de consumo da população.
Para quê? Não se sabe. A pesquisa mostra que o rádio é quase tão presente como fonte de informação quanto a tevê. Em seguida, vem a internet. Por último, bem atrás, a mídia impressa.
Apesar disso, o governo prefere gastar em tevê valores estratosféricos, extraordinariamente maiores do que gasta em rádio.
Ainda mais absurdo é que jornais e revistas impressos recebam bem mais que a internet e até que o rádio. Isso não é e nunca foi mídia técnica. É um escândalo de compadrio da publicidade com os grandes veículos.
O governo tem um gosto todo especial em financiar a concentração da mídia.
Sem contar que o Ibope e a vendagem de muitos veículos são alimentadas por informações de dirigentes e gestores governamentais que dão a alguns veículos um tratamento privilegiado. Esquecem-se que informação oficial é um bem público, e não um produto a ser barganhado na troca de favores do mercado da notícia.
Comunicação estatal, considerada um palavrão, foi quase reduzida a zero
A grande maioria dos ministros não sabe o que é o governo, seus números, seus planos, suas metas, suas dificuldades.
O governo já teve, mas extinguiu, um boletim informativo regular, chamado Em Questão.
O Em Questão era o principal veículo diário de informação sobre as ações, números e argumentos em defesa do governo.
Deveria ser ressuscitado pela presidenta, isso se ela quiser pautar pelo menos a fala de seus ministros.
Em 2008, o próprio gabinete pessoal do Presidente Lula começou a produzir um informativo, chamado Destaques, com dados e outras informações sobre as ações de governo.
O último caderno Destaques data de julho de 2013.
O último programa de rádio Café com a Presidenta foi ao ar em 30 de junho do ano passado.
O cargo de porta-voz está vago há mais de um ano.
Falar em comunicação estatal virou palavrão, desde que extinguiram a Radiobrás e surgiu a EBC.
A fusão da Radiobrás com a TV e rádios educativas do Rio de Janeiro gerou uma grande bagunça entre o que era a comunicação pública, feita pela Acerp (que controlava a TV e Rádio Educativa do Rio de Janeiro) e a comunicação estatal (feita pelo sistema Radiobrás, em Brasília).
A antiga e extinta Radiobras ensinou Câmara, Senado e Justiça a implantarem seus veículos. Hoje, a comunicação do Executivo está longe do padrão de excelência alcançado pela comunicação dos outros Poderes.
A comunicação governamental se resume a um canal de tevê a cabo, a NBR, para o qual o próprio governo não dá a mínima importância. A NBR já deveria ser tirada da EBC e estar sob o comando direto da Secom faz tempo.
Da forma como está, com a EBC agindo como mera empresa de prestação de serviços, é mais barato para o governo contratar a empresa da esquina que filma aniversários e casamentos.
É na rua que se anda pra frente
O governo vai realmente travar a batalha da comunicação? Para falar o quê? E com quem?
O principal alvo para uma batalha da comunicação, antes dos veículos de imprensa, é o público.
O governo vai para a rua? Se não for, não vai poder dizer que está travando a batalha da comunicação.
Ministros e suas equipes vão por o pé na estrada, visitar capitais e cidades do interior, dar entrevistas aos veículos locais e blogueiros de cada cidade?
O governo poderia gastar um pouco menos em propaganda e um pouco mais em sola de sapato, telefonemas, e-mails, interação em mensagens pelas redes sociais e vídeos no Youtube.
A principal forma de comunicação que falta ao governo chama-se conversa. É preciso pegar o telefone para ligar e conversar com prefeitos, dirigentes sindicais, entidades estudantis, movimentos agrários e de luta pela moradia e ativistas das redes sociais.
Ativistas das redes sociais? Sim, é uma categoria nova, influente na formação de opinião e, a não ser no caso dos direitosos, ainda é absolutamente desconhecida e desprezada pela maioria dos que fazem comunicação governamental.
Não custa também perguntar: quantos ministérios já estão chamando suas conferências nacionais? Quantos já implantaram conselhos e comitês para discutir políticas públicas.
Talvez muitos ministros não saibam, mas o decreto que instituiu a Política Nacional de Participação Social continua valendo.
Seria bom alguém se dedicar a informá-los.

(*) Antonio Lassance é cientista político.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Políticas públicas dinamizam e fazem sucesso mundial a indústria nórdica de videogames.

Por Sergio Figueroa, no Ópera MundiTradução: Mari-Jô Zilveti, Matéria original publicada no site do jornal espanhol El Diario.


Berço de fenômenos recentes como Angry Birds e Candy Crush, a Escandinávia tem se destacado nos últimos anos no setor; estúdios atraem investimentos para países de origem e empregam profissionais de várias nacionalidades.

Mario Bros. é um fenômeno cultural, a marca PlayStation é conhecida no mundo inteiro, e todo ano mais de 10 milhões de pessoas jogam Call of Duty. Mas, nos últimos tempos, surgiu um novo fenômeno nos videogames, com títulos que fazem muito barulho: Angry Birds, Battlefield, Candy Crush Saga, Clash of Clans... Todos eles têm algo em comum: foram criados na Suécia ou na Finlândia.
O Japão e os Estados Unidos dominaram a indústria de videogames desde que ela se transformou em um fenômeno de consumo de massas, com nove das dez grandes distribuidoras operando no país asiático ou nos EUA. Ao mesmo tempo, empresas europeias foram perdendo terreno, com exceção da multinacional francesa Ubisoft.  Mas, nesta década, surgiu uma nova frente: o desenvolvimento nórdico. Não que tenha surgido uma grande empresa dominante, mas sim uma rede de criação e desenvolvimento com centenas de equipes que conseguiram atrair jogadores e investidores.
Entre 2006 e 2013, o setor sueco produtor de videogames cresceu 39%, além de ter faturado 76% a mais no último ano fiscal do que no ano anterior: 752 milhões de euros [mais de 2,2 bilhões de reais], segundo o relatório anual elaborado pela Dataspelsbranschen, associação de desenvolvedores suecos. A cifra refere-se unicamente à produção, não à comercialização dos jogos.
No fim de 2013, o setor era formado por 170 empresas, e mais da metade delas foram formadas a partir de 2010. Este segmento está gerando trabalho a mais de 2.500 pessoas com contrato em tempo integral. E não para de subir, principalmente com relação às mulheres empregadas. Entre 2012 e 2013 houve uma média de acréscimo de empregos de 29%, enquanto o número de mulheres contratadas subiu 38%. Também é um setor multicultural, uma vez que em torno da criação de videogames na Suécia reúnem-se pessoas de 30 nacionalidades diferentes.
A desenvolvedora média sueca dá trabalho a 15 pessoas, fatura 4,5 milhões de euros ao ano e desenvolve games principalmente para dispositivos móveis. Por trás dessa generalização, há uma realidade na qual brilha a diversificação.
Entre estas 170 empresas há gigantes especializadas em videogames de alto orçamento para consoles tradicionais e PCs e pequenos projetos para dispositivos móveis. No entanto, a concentração é clara. As cinco maiores desenvolvedoras representam 76% do faturamento total da indústria sueca de videogames e dão emprego a 51% de todo o pessoal envolvido.
Candy Crush: febre das guloseimas virtuais foi desenvolvida pela sueca King
A Digital Illusions (conhecida como DICE) é a grande referência da região: emprega mais de 500 trabalhadores e é responsável pela franquia de jogos de ação Battlefield. Em segundo lugar vem a Massive Entertainment, com 241 funcionários. No entanto, empresas como estas não são as que estão mais ganhando dinheiro. O faturamento da DICE em 2013, 74 milhões de euros, foi apenas um terço do que conseguiram outras duas companhias, Mojang e King.
Há um fator comum entre as duas últimas: elas chegaram não apenas ao núcleo duro de tradicionais jogadores de videogame, mas ao grande público. Segundo o relatório, “os jogos mais rentáveis na App Store em 2013 foram os desenvolvidos na Suécia”; um deles é pago, o outro é gratuito. A Mojang, que obteve faturamento de 238 milhões de euros, criou o fenômeno Minecraft e conseguiu disseminá-lo em uma multidão de plataformas – em julho de 2014 já contabilizava 54 milhões de cópias vendidas. A King, que faturou 210 milhões de euros, é a proprietária do jogo Candy Crush Saga e os derivados que surgiram em seguida.
Apesar de ser um país menos povoado, na Finlândia também germinou uma indústria de videogames que continua crescendo. Suas raízes estão na Nokia, que potencializou a produção de títulos para seus telefones celulares e seu console portátil N-Gage. O primeiro grande sucesso se deu também nos celulares, com a febre Angry Birds.
Ao terminar o primeiro trimestre de 2014, havia cerca de 200 empresas de desenvolvimento de videogames no país, e quase metade delas tinha menos de dois anos de existência. Nelas trabalham cerca de 2.400 pessoas. Seu crescimento foi mais lento e gradual devido às demissões em grandes empresas como a Rovio, criadora dos passarinhos raivosos que ainda dá emprego a cerca de 650 pessoas.
O faturamento da indústria finlandesa de jogos atingiu 900 milhões de euros [2,6 bilhões de reais] em 2013, quadruplicando o valor acumulado em 2012. Aproximadamente 90% deste volume correspondem a vendas no exterior.
Diferentemente de seus vizinhos, os finlandeses não se organizaram em grandes empresas destacadas pelas multinacionais estrangeiras. Foram fundadas e cresceram como start-ups no bojo do próprio trabalho e financiamentos públicos. De todas elas, duas cresceram com especial vigor a partir de títulos gratuitos e concentram grande parte do emprego e do negócio: a Rovio, primeira a deslanchar com os Angry Birds, e a Supercell, que lhe alcançou com Clash of Clans e Hay Day.


Jovens jogam Battlefield, da desenvolvedora sueca Digital Illusions (DICE). Foto de Peter Taylor / Flickr
As companhias finlandesas também se converteram em foco de atração de dinheiro para seus países. Não se trata apenas da entrada direta com controle estrangeiro como nos casos da DICE ou da Massive. Também estão conseguindo aporte de capital. A Supercell abocanhou 1,5 bilhão de dólares [3,9 bilhões de reais] dos investidores japoneses Softbank e GungHo Entertainment.
Existe uma fórmula mágica empregada pelas empresas destes países que possa ser replicada em outros lugares do mundo?
A primeira questão é se realmente o videogame nórdico é melhor do que o que se produz em outras regiões. “Na verdade, não”, responde sem rodeios o crítico sueco Bengt Lemne, do portal europeu Gamereactor. “Para cada título bom há muitos fracassos”, explica.
Para o desenvolvedor finlandês Mikael Haveri, da Housemarque Games, “o que acontece é que algumas companhias conseguiram mais atenção nos últimos anos e, portanto, a região em geral se beneficiou”. Seu estúdio foi um dos que brilharam com seu último lançamento, o Resogun, que foi desenvolvido em conjunto com a divisão de videogames da Sony, para o console PS4.
David Polfeldt, diretor da Massive Entertainment, ouviu tantas vezes a pergunta sobre o “segredo nórdico” que inclusive tratou do tema em algumas de suas palestras. A Massive foi comprada pela gigante europeia Ubisoft para apoiar o desenvolvimento de suas grandes sagas, como o jogo Tom Clancy’s The Division, que será lançado este ano.
Ele acredita que existam componentes geográficos e culturais. “Os autênticos alicerces da indústria de videogame nórdico são: boas ferramentas, bom planejamento e confiança em pessoas que tenham visão prática”. Ele crê que as condições climatológicas da região deram lugar a uma sociedade voltada ao “pragmatismo funcional”, que se esforça para criar ferramentas de alto nível e tomar decisões bem pensadas.
Os governos dos países nórdicos também contribuíram para este boom com políticas de incentivo, apesar de haver muitas diferenças entre os países da região. Como na Dinamarca, na Finlândia as administrações facilitam o acesso a subvenções e créditos concedidos pela Tekes, agência do país para a inovação. Na Suécia, no entanto, o negócio é tratado como mais uma indústria, e neste momento as empresas obtêm menos apoio público direto.
Ao esforço de cada país é preciso acrescentar uma iniciativa coletiva da indústria da região: o órgão Nordic Game organiza eventos e conferências e serve como ponto de encontro para start-ups e trabalhadores independentes do setor. Desde sua criação, conseguiu mais de 12 milhões de euros [35 milhões de reais] dos governos da região, que contribuíram para financiar 107 projetos.
No entanto, antigos governantes suecos tomaram uma decisão que para o crítico do Gamereactor é fundamental: “Houve uma reforma no início dos anos 90 para que as famílias tivessem redução de impostos em computadores pessoais. Isso significou uma grande porcentagem de crianças que tiveram acesso a computadores, propiciando seu interesse por programação.”
Lá a criação de videogames faz parte do sistema educativo, como qualquer outro curso de formação superior. Ao terminar a graduação, muitos decidem entrar no mundo profissional com seu próprio projeto e “há exemplos de empresas fundadas em incubadoras de centros de formação que acabaram sendo bem sucedidas”, como o Coffee Stain Studios, desenvolvedor do jogo Goat Simulator. Haveri lamenta que na Suécia “o design e a programação de videogames não são tão valorizados nos currículos”.
Produzir não é suficiente, também é preciso vender. O norte da Europa se deixou influenciar mais pela cultura dos anglo-saxões do que pela centro-europeia, segundo Polfeldt, para abafar sua relação com os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Isso lhes permitiu aprender “a linguagem do blockbuster, ou seja, o entretenimento de massas”.
Tecnologia, narrativa, esforço, educação e financiamento. Cinco chaves para entender o recrudescimento de uma potente indústria que, no entanto, não é uma questão de nacionalidade. Porque, no fim das contas, os grandes estúdios nestes países são pequenos mapas do mundo. Na Massive, por exemplo, um terço dos funcionários não é de origem nórdica, e entre eles há algo como 30 países representados. Gente que, como diz o chefe Polfeldt, “cresceu sem nenhuma destas influências”. 

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Cineasta Vladimir Carvalho completa 80 anos

Vladimir Carvalho: foto de Wilson Dias - EBC

Por TT Catalão


Eis um cabra marcado para vencer...
Vladimir Carvalho, 80 anos de generosa entrega ao que mais nos move: 
um cinema comprometido sem ser escravo de cartilhas dogmáticas; 
um cinema engajado, sem ser datado (preso a uma revolução que não tem fórmula, mas segue em processo aberto...
Guerrilheiro de linguagem e apaixonado pela Brasília real: a das ruas!
Conterrâneo velho de guerra sempre presente em todas as nossas lutas na cidade...e no entanto leve, solar, com aquele risão de alma aberta a nos dizer: avante e adelante que o dia raia pra que a gente não traia...e nem carregue tralhas de "celebridade" pronta, egolátrica -
Vladimir é a sua obra, aberta, olho sem restolho...
Pelas armas do santo guerreiro Miguel (seu anjo combatente) lá vai e lá vem Vladimir, resistente por ser persistente...em si (pela própria pessoa que soa) o cinema se faz o próprio e se anima...
Seu maior presente seria a concretização da Cinemateca de Brasília algo por que lutamos há anos.