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domingo, 30 de junho de 2013

Comentarista política da CBN e publicitário lançam livro

Roseann Kennedy, repórter da CBN Brasília e comentarista do quadro "Crônica do Planalto", que vai ao ar diariamente no CBN Brasil, lança o livro “Jornalismo e Publicidade no Rádio: como fazer”, escrito em parceria com o publicitário Amadeu Nogueira de Paula. Com exemplos práticos, o livro trata dos bastidores, da técnica e da conduta ética dos profissionais. Também expõe, sem preconceitos, como publicidade e jornalismo podem colaborar entre si, sem gerar interferências indevidas.
 A publicação traz lições básicas para a elaboração de textos, análises de público e de grade de programação. Afinal, qual seria o alcance, por exemplo, de um anúncio de sabão em pó no rádio no horário da transmissão do futebol? Ou da leitura das notícias sobre os índices da Bolsa de valores durante um programa para adolescentes? Trata, ainda, do papel de jornalistas e publicitários nas campanhas políticas e como o material deve ser produzido para o meio radiofônico.
 Para alunos, jornalistas, publicitários e o público em geral, pode ser um manual completo sobre o universo que envolve o jornalismo e a propaganda no formato radiofônico, incluindo as novas plataformas na internet.
 No dia 02 de julho, a partir das 19h, Roseann e Nogueira de Paula recebem os convidados em noite de autógrafos, no Bar Brahma, na 201 Sul, em Brasília.  
Sobre os autores:
 Roseann Kennedy: jornalista; pós-graduada em Ciência Política e Economia; idealizadora do Prêmio CBN de Jornalismo Universitário. Já deu aulas em universidades privadas, das disciplinas de Radiojornalismo e Linguagem Radiofônica para Publicidade, jornalismo político e jornalismo político e econômico.  
 Amadeu Nogueira de Paula: formado em Publicidade e Jornalismo e pós-graduado em Comunicação e Marketing. É diretor de promoção da Associação dos Profissionais de Propaganda do Brasil (APP) e professor de Mídia da Escola Superior de Propaganda e Marketing de São Paulo (ESPM).

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Rádio comunitária pode se tornar provedora de internet

O Departamento da Banda Larga do Ministério das Comunicações (MiniCom) chamou representantes de organizações das telecomunicações e radiodifusão para propor que rádios comunitárias e públicas possam se tornar provedores de internet. Como entidades sem fins lucrativos, ambos os serviços de radiodifusão, público e comunitário, poderão dispor de conexões sem fio à Internet sob a licencia Serviço Limitado Privado (SLP).

De acordo com o MiniCom, o licenciamento para os serviços seria simples e rápido e poderia ser feito em qualquer município do país. Existem áreas, sobretudo rurais, que são classificadas como preferenciais como Norte e Nordeste do Brasil.

Segundo a Telebrás, poderão ser solicitadas licenças também em municípios onde já há oferta do serviço por entidades comerciais. O diretor comercial da Telebrás, Francisco Zioguer, acredita que as rádios poderão contribuir com maior alcance do serviço de banda larga se tiverem estrutura técnica e financeira suficiente. 

Entretanto, o custo da implementação do serviço varia de R$ 4 mil a R$ 16 mil, valor considerado alto pelas emissoras comunitárias que não tem fins lucrativos. Por isso, seria necessário um projeto por parte de algum órgão público que garanta esse passo inicial.

Para o representante nacional da Amarc Brasil, Arthur William, a possibilidade de oferecer o serviço em municípios com dificuldade de acesso à internet abre a possibilidade de reconhecimento do papel das rádios comunitárias no Brasil. No entanto, ele destaca que as comunitárias continuam sendo perseguidas dentro da sua principal atuação que é difusão de cultura e informação de suas comunidades. Ele também vê nessa proposta a possibilidade de criar alternativas para sustentabilidade das emissoras, já que , por exemplo, são proibidas de fazer publicidade.
Estiveram presentes a Telebrás, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL), a Associação de Rádios Públicas (ARPUB) e a Associação Mundial de Rádios Comunitárias do Brasil (Amarc Brasil).

Edital da EBC não prevê seleção de jornalistas

Já saiu o edital da Empresa Brasileira de Comunicação – EBC. Não há vagas para jornalistas, nem publicitários, nem relações públicas. Haverá seleção de radialistas com exigência de formação acadêmica de nível médio.
As vagas de nível superior – analista são as do quadro abaixo: Advocacia, quatro vagas mais cadastro reserva; Contabilidade, uma vaga, Criação e Desenvolvimento na Web e Plataformas Digitais, uma vaga, mas cadastro reserva; Engenharia de Rádio e Televisão, duas vagas, mais cadastro reserva; Engenharia de Software, uma vaga, mais cadastro reserva; Estatística, uma vaga, mais cadastro reserva; e Medicina do Trabalho, duas vagas, mais cadastro reserva.

Radialistas

A EBC utiliza um estranho critério para definir o perfil dos profissionais que deseja.  Serão selecionados, por exemplo, doze Técnicos de operações na função “apoio a imagem”. A gama de funções que este profissional terá que dominar é impressionante:
Operar e/ou alterar a seqüência dos créditos dos programas ao vivo e gravados, filmes, vinhetas e chamadas; operar teleprompter; preparar e/ou alterar a seqüencia de paginação dos scripts; conferir as máquinas para gravação e reprodução de programas; controlar os níveis de áudio e de vídeo durante a gravação e reprodução, além de desempenhar atividades afins e correlatas.
Também serão oferecidas doze vagas para Técnicos de operações na função “auxílio operacional”.  Para esta função, a EBC espera que o profissional domine efetivamente os sete instrumentos. Segundo a “síntese das atribuições”, publicada no edital da EBC, o profissional deverá dominar da marcenaria à produção de gravações externas. Confira o que foi publicado:  Auxiliar na iluminação e nas captações de áudio e vídeo; auxiliar na construção e reparo de cenários, adereços e mobiliários; auxiliar na montagem, desmontagem e adaptação de peças de cenários; auxiliar no transporte, inclusive na movimentação de cabos e outros periféricos, preparação e operação de equipamentos utilizados nas captações de áudio e vídeo; assistir às equipes de jornalismo, produção ou programação nas gravações externas e/ou transmissões ao vivo, além de desempenhar atividades afins e correlatas.
Também existem vagas para Técnicos de operações na função “transmissão”, três vagas mais cadastro reserva; Técnico de Produção e Manutenção de Empresa de Comunicação Pública na função “ Edição e Finalização de Imagem”, 12 vagas mais cadastro reserva;  e também 12 vagas na função “Programação”, mais cadastro reserva.
O Edital foi publicado no Diário Oficial e pode ser acessado aqui

quinta-feira, 27 de junho de 2013

EBC divulga edital de concurso nesta sexta, 28/6.

A Empresa Brasileira de Comunicação lança nesta sexta-feira, 28/6, edital de concurso público para seleção de pessoal. Ainda não se sabe quantas e quais vagas serão oferecidas. A EBC é a responsável por gerir as emissoras de rádio e Televisão, tais como a Rádio Nacional e a TV Brasil, e é vinculada à Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. A empresa ainda administra a Agência Brasil e o Portal EBC. 
De acordo com extrato publicado no Diário Oficial, a seleção será organizada pelo Instituto Quadrix. O concurso será composto de provas e análise de títulos.
No último concurso, realizado em 2011, a empresa ofereceu 537 vagas imediatas. Na época, as oportunidades eram destinadas, por exemplo, à jornalistas, economistas, sonoplastas e engenheiros. As remunerações foram de R$2.354,50 (níveis médio e técnico), R$3.499,50 (superior) e R$6.459,50 (gestor).

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Câmara dos Deputados: PEC do Diploma recebe parecer favorável de relator

Com base no portal O Jornalista

O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) apresentou no dia, 24/6, parecer favorável à PEC 206/2012, que tem o objetivo de restituir a exigência da formação superior para o exercício da profissão de jornalista. Conhecida como PEC do Diploma, a matéria já aprovada no Senado Federal no ano passado, chegou à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados no ano passado.

No parecer, o deputado aponta que:
"Com efeito, respeitosamente, ousamos discordar do entendimento firmado pela excelsa Corte da Justiça, pois não vislumbramos que a referida obrigatoriedade de diplomação para o exercício da atividade profissional ofende a liberdade de pensamento, de expressão ou de comunicação, independentemente de licença (Art. 5º, incisos IV e IX da CF)".



Depois de apresentado o parecer de admissibilidade do relator, a PEC terá que ser votada na CCJ. Se for aprovada, será criada uma comissão especial para analisar o mérito da PEC, que ainda terá que ser votada em dois turnos pelo Plenário da Câmara dos Deputados.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Itamaraty seleciona quatro estagiários para Assessoria de Imprensa

A Assessoria de Imprensa do Ministério das Relações Exteriores dispõe de quatro vagas de estágio para início imediato. Para o estágio, é indispensável conhecimento de leitura de inglês e espanhol (sendo também desejável conhecimento de francês), conhecimentos de informática e estar cursando Relações Internacionais, Ciência Política ou Comunicação.

Os estagiários deverão desenvolver, entre outras, atividades complementares à equipe de pessoal do quadro da AIG na elaboração de clipping de notícias nacionais e internacionais, organização de banco de dados de áudio, imagem e vídeo de interesse do Itamaraty, degravação de pronunciamentos de autoridades, cobertura fotográfica de eventos oficiais, alimentação de imagens de eventos oficiais no site do Itamaraty, credenciamento de jornalistas, bem como atividades ligadas às novas mídias digitais do MRE como o You Tube e o Flickr.

Informações:

Jornada: 6 horas diárias, duas vagas para a equipe de segunda a sexta (13h - 19h) e duas vagas para a equipe de plantão (7h às 13h), que inclui trabalhar sábados, domingos e feriados.

Bolsa (CIEE): 520,00 + R$ 132,00 (auxílio transporte)

Os candidatos deverão enviar o CV atualizado para o e-mail imprensa@itamaraty.gov.br.

Equador, que avalia asilo a Snowden, promulga nova lei da mídia

Por Leite Filho, do blog Café com Política
O Equador, que agora avalia o pedido de asilo do agente americano Edward Snowden, denunciante dos grampos nos telefones e na internet, promulgou neste fim de semana a Lei Orgânica de Comunicação (aprovada pelo Parlamento, por 108 votos contra 26 e uma abstenção) com o fim de derrogar o monopólio do poder econômico sobre a mídia e coibir abusos cometidos em nome da liberdade de imprensa. O Equador junta-se assim à Venezuela, Nicarágua, Bolívia e Argentina, países que, a seu modo, decidiram considerar a informação como um direito do cidadão e não como simples mercadoria, em contraste com os países europeus, como a Grécia, que fechou a TV pública, a ERP, provocando a demissão de 2.652 funcionários.
A nova lei equatoriana, que abrange rádio, TV e jornais, proíbe a censura prévia e dispõe que o espaço radioelétrico (emissoras de TV e rádio) seja distribuído equitativamente, de forma a contemplar 33% para a mídia privada (atualmente com 85%), 33% para a mídia pública e 34% para a mídia comunitária. Também estabelece que o direito de resposta aos cidadãos atingidos por injúrias seja efetuado em 72 horas. A lei cria outras tipificações penais como a figura do linchamento midiático, visando evitar a publicação reiterada de informações que desprestigiem pessoas físicas e jurídicas.
A sanção da nova lei de mídia se deu pouco depois da Cúpula do Periodismo Independente, convocada pelo presidente Rafael Correa, em Guyauqil, com a participação de jornalistas, comunicadores, estudantes, filósofos e cientistas políticos de vários países, num total de 10 mil pessoas. Entre elas estão presidente da Unasul (União de Nações Independentes da América do Sul), Alí Rodríguez. Julian Assange, diretor do site Wikileaks e há um ano exilado e sem poder sair da sede da embaixada equatoriana, em Londres, encerrou os dois dias de debates com um discurso em tempo real, através de um vídeo web.
Cúpula da Unasul – Uma das propostas desse encontro, de autoria do filósofo Fernando Buen Abad, mexicano residente em Buenos Aires, convoca uma Cúpula dos Presidentes da Unasul para discutir a comunicação e a informação como uma questão de segurança nacional e regional (veja vídeo em seguida). Segundo Buen Abad, a questão comunicacional e não se resume a um debate sobre inclusão ou diversidade de vozes, mas um problema de segurança: “Em cada um dos países que estão construindo democracias novas”, disse ele,”tem sofrido uma ofensiva midiática muito severa.Há uma agressão que se vê cada vez mais orquestrada e dirigida a partir dos centros monopolistas da mídia. A direita se refugiou nessas estruturas e golpeia as democracias nascentes.
Esta Cúpula específica da Unasur deveria, segundo ele, que diz ter o apoio dos presidente Rafael Correa, Nicolás Maduro (Venezulea), Cristina Kirchner (Argentina)e José Mujica e Uruguai, se guiar por quatro eixos: 1) A defesa de seus governos; 2) Tomar a dianteira sobre o problema da assimetria tecnológica;; 3) Fazer uma projeto de unificação em matéria jurídico-política; e 4) Ganhar a batalha dos conteúdos com a proposição de uma aliança político-estratégica, para que a agenda não venha de fora mas determinada na própria região.
Proposta de Cúpula da Unasul
Cúpula de presidentes da Unasul
A Lei de comunicação, ainda cuida de reservar maiores espaços para a produção nacional de conteúdos na programação e percentuais mínimos para a reprodução de músicas equatorianas nas emissoras. O cumprimento da lei será acompanhado pelo Conselho de Regulação da Mídia, com atribuições de garantir o exercício profissional e os direitos trabalhistas, e a Superintendência de Comunicação e Informação, encarregada da “vigilância, autitoria, intervenção e controle”.Já o Conselho de Regulação da Mídia terá atribuições em âmbitos como o acesso à informação, conteúdos e faixas horárias, elaboração de regulamentos e de informes para a concessão de frequências.
Pronunciamento do presidente Rafael Correa na Cúpula do Jornalismo Responsável

Pronunciamento do secretário-geral da Unasul, Alí Rodríguez

Jornalistas brasileiros na final do Prêmio Internacional de jornalismo para a Saúde

Saiu a relação dos finalistas ao prêmio Roche de Jornalismo para a Saúde, anunciada pela Fundação Gabriel García Marquez para o Novo Jornalismo Iberoamericano. Na categoria TV e vídeo, estão na final: Bianca Vasconcellos, com “A vida por um fio”, da TV Brasil; Luis Pavón,  por “Con los brazos abiertos” (México), da Televisa; e Federico Uribe,  por “Valiente Valentina” (Colômbia), da Telemedellín. O jornalista Floriano Filho, atualmente na TV Senado, foi um dos três jornalistas a receber menção honrosa com a reportagem “Câncer: avanços e desafios”, exibida pela TV Brasil.
Os prêmios serão entregues no dia 4 de julho durante cerimônia em Santiago, no Chile.

Veja aqui a reportagem
 Câncer: avanços e desafios

segunda-feira, 24 de junho de 2013

10 grandes empresas de mídia monopolizam verba publicitária federal

Por Hildegard Angel, no Correio do Brasil
Correio do Brasil denuncia o desequilíbrio na distribuição da verba pública publicitária, durante o Governo Dilma, favorecendo a imprensa conservadora com um naco de 70% do seu grande bolo. Traduzindo: do total de R$ 161 milhões pagos aos meios de comunicação, durante o período Dilma, R$ 112 milhões foram destinados para apenas dez empresas, o chamado Grupo dos 10
Isto é:  dos apenas três mil veículos cadastrados para participar dessa verba, somente 10 empresas de mídia ficam com esse enorme NHAC, essa fatia fabulosa, essa saborosa bocada. Os demais 2.990 dividiram os restantes R$ 48,3…
O critério da ministra Helena Chagas, secretária de Comunicação, não é obrigatoriamente o do conteúdo ou o da qualidade. É aquele do ‘quem tem mais público leva mais’, segundo reclama o Correio do Brasil, queixando-se de que, embora apresente níveis de audiência e de leitura superiores à maioria dos veículos de comunicação, inclusive do Grupo dos 10, não integra nem mesmo a lista do Grupo dos 3 mil veículos beneficiados com os recursos públicos…
Leiam também:
Nisso tudo, é importante destacar, que, de modo admirável, essa imprensa independente, embora excluída da relação de órgãos cortejados pela secretaria de Comunicação, tem mantido a mesma coerência em sua linha editorial, não partindo para o ataque ao Governo Dilma nem praticando qualquer tipo de “retaliação”, como seria de se esperar se se tratasse de uma imprensa “de balcão”…
Enquanto, por outro lado, o bem aquinhoado Grupo dos 10, formado pela imprensa conservadora, que esteve unida contra a então candidata Dilma Rousseff, numa oposição exercida de modo rude e violento, agora se mostra simpático à Dilma presidenta, faz-lhe a corte de forma sedutora, não economiza em elogios e gira os olhos como se estivesse diante de gratíssima surpresa, o que só nos faz pensar que praticava um jornalismo de quem não pesquisou direito…
Falando em pesquisa, lendo a Folha de São Paulo de 28 de dezembro de 2010, somos levados a concluir que a ministra Helena Chagas foi generosa ao contrário, reduzindo a três mil os contemplados com a verba publicitária governamental, quando, ao fim do Governo Lula, eram mais de oito mil veículos…
A notícia da Folha: ”Em oito anos de mandato, o presidente Lula elevou de 499 para 8.094 o número de órgãos de comunicação que recebem verbas publicitárias do governo federal. A alta, de 1.522%, beneficiou veículos espalhados por 2.733 municípios; em 2003, eram 182 cidades. Os dados incluem jornais, revistas, rádios, TVs e “outros”, categoria que inclui sites e blogs, saltou de 11 para 2.512 veículos no mesmo período”.
LINK para a Folha de São Paulo: ”Planalto pulveriza sua propaganda em 8.094 veículos” – http://is.gd/8fyvjR  /
Releva notar que o articulador e principal responsável por essa redistribuição da verba publicitária durante o Governo Lula, passando os veículos cadastrados de 499 para mais de oito mil, eliminando essa concentração detrimental à imprensa brasileira como um todo, foi o ex-ministro Chefe da Casa Civil José Dirceu, então chefe doministro Luís Gushiken. Antes disso, para cada R$ 1 de verba publicitária do governo, apenas um grande grupo ficava com R$ 0,80. Eram 80% só para aquele grande grupo, que no período Lula limitou-se a receber 16%
É esta, leitores, a verdade que todos calam. E é sobretudo por ela que a grande mídia conservadora deste país detesta José Dirceu, quer vê-lo morto e, se isso não for possível, pelo menos preso…

Equador já tem sua Lei de Comunicação

Por Sally Burch, da Adital. Foto: La Republica.ec

Em um ambiente de mobilizações sociais festivas, no dia 14 de junho, a Assembleia Nacional do Equador aprovou a Lei Orgânica de Comunicação, que já constava na Constituição de 2008, mas que demorou mais de quatro anos para entrar em vigência. 
A Lei se inscreve no novo rumo democratizador das comunicações que vem sendo impulsionado na América Latina, cujo precedente mais significativo é a Lei de Meios Audiovisuais da Argentina. Para os setores e movimentos que vêm defendendo essa linha, constitui não só um avanço significativo para o país, como também um precedente significativo para o continente.
Ao submeter a Lei à votação, o proponente Mauro Andino, membro da assembleia pelo Movimento PAIS, invocou o espírito sob o qual a lei foi elaborada, que implica "reconhecer o enorme valor e a importância da liberdade de expressão formulada nos instrumentos internacionais de direitos humanos”; porém, também, agregar "uma série de oportunidades e serviços para que tal liberdade realmente esteja ao alcance de todas/os, para que deixe de ser um privilégio desfrutado somente pelos que mais têm na sociedade”.
Dentre as mudanças centrais introduzidas pela Lei, Andino destacou a definição da comunicação social como um serviço público que deverá ser prestado com responsabilidade e qualidade; a não censura prévia; porém, tem responsabilidade ulterior sobre o que os meios de comunicação publicam; a defesa dos direitos dos trabalhadores da imprensa em condições de não precarização laboral; a redistribuição das frequências radiofônicas, com 33% para meios privados, 33% para meios públicos e 34% para meios comunitários (que serão aplicados gradualmente) e a eliminação de monopólios nos meios audiovisuais (não mais de uma concessão de frequência para matriz de rádio em AM, uma em FM e uma para matriz de TV, a uma mesma pessoa física ou jurídica). Além disso, de acordo com os resultados da Auditoria de Frequências, realizada há três anos, serão revertidas para o Estado as frequências mal versadas ou que não cumprirem suas obrigações legais, o que liberará frequências para outros setores.
Essas cláusulas reúnem as propostas centrais que os setores que defendem a democratização da comunicação vinham apresentando, entre elas, as destinadas a fomentar a produção cultural, como a obrigação de destinar 60% da programação diária no horário apto para todo o público e a difusão de conteúdos de produção nacional (da qual, pelo menos, 10% deve ser de produção independente); e a quota mínima de 50% dos conteúdos de programas musicais que sejam produzidos, compostos ou executados no Equador, com o pagamento dos direitos autorais.

Inovações

Entre as inovações introduzidas nessa última versão da Lei, inclui-se a obrigação para os anunciantes privados de destinar pelo menos 10% de seu orçamento anual de publicidade para meios de comunicação de cobertura local ou regional, para garantir que os meios de menor cobertura ou tiragem, bem como os domiciliados em setores rurais participem da publicidade.
Em matéria de direitos trabalhistas, o novo corpo legal estipula que a planilha de trabalhadores dos meios de caráter nacional deve ser conformada "com critérios de equidade e paridade entre homens e mulheres, interculturalidade, igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiências e participação intergeneracional”. E como garantia da qualidade da informação, ao mesmo tempo em que se reconhece que "todas as pessoas exercerão livremente os direitos à comunicação”, estabelece que as atividades jornalísticas de caráter permanente deverão ser desempenhadas por profissionais formados em jornalismo ou comunicação (com exceção dos espaços de opinião, colunas especializadas e programas jornalísticos nas línguas das nacionalidades e povos indígenas). Além disso, obriga aos meios a prover seus empregados os recursos econômicos, técnicos e materiais para o adequado exercício de suas tarefas jornalísticas.
Outra inovação é a proibição do "linchamento midiático”, entendido como "a difusão de informação concertada e reiterativa... com vistas a desprestigiar uma pessoa física ou jurídica ou reduzir sua credibilidade pública”.
Um aspecto que deve ser central devido ao seu potencial democratizador das frequências; porém, é abordado marginalmente na Lei é o das frequências digitais que, de fato, já estão se introduzindo no país antes de que se tenha estabelecido políticas claras e um marco legal adequado. Toda vez, o novo corpo legal contempla que deve haver uma "distribuição equitativa de frequências e sinais que permitirá a digitalização dos sistemas de transmissão de rádio e televisão”; e também que "o número de novas frequências e sinais de rádio e TV que sejam obtidos da transmissão da tecnologia analógica à digital será administrado pelo Estado”. Continua predominando o critério de que é só uma questão "técnica” e, por tanto, que será preciso tratá-lo na Lei de Telecomunicações, em preparação.
Um dos temas mais polêmicos é o marco institucional, que contempla a criação de um Conselho de Regulação e Desenvolvimento da Informação e da Comunicação, como ente regulador (composto por representantes da Função Executiva, dos Conselhos Nacionais de Igualdade, do Conselho de Participação Cidadã e Controle Social, dos Governos Autônomos Descentralizados e do Defensor Público), uma Superintendência da Informação e da Comunicação (cujo titular será nomeado pelo Conselho de Participação Cidadã e Controle Social, de uma lista tríplice enviada pela Presidência), com poderes sancionadores, e um Conselho Consultivo Cidadão, cujo papel é pouco claro, e não é vinculante.

Ponto de partida

A aprovação da Lei Orgânica de Comunicação (que ainda espera o visto presidencial, ou um possível veto parcial) já não deixava dúvida, desde que em maio assumiu a nova Assembleia Nacional com uma ampla maioria do Movimento PAIS. No entanto, chegar a esse ponto foi um processo complexo e acidentado. Há três anos, quando foram apresentados três projetos de Lei, um dos quais era formulado pelo Fórum de Comunicação, onde participavam redes de comunicação e organizações sociais e indígenas, as teses centrais democratizadoras não eram assumidas nem pela maioria de membros da assembleia e nem pelo governo. Posteriormente, durante os últimos 14 meses, a Lei ficou congelada por falta de maioria na Assembleia. Apesar de que não conseguiram –como na Argentina- que as organizações sociais se mobilizassem proativamente a seu favor, pouco a pouco essas teses foram adquirindo legitimidade na sociedade, a tal ponto de que agora nem sequer os setores de direita e os grandes meios se atrevem a desconhecer abertamente a justeza da partição equitativa das frequências.
Sem dúvida, a aprovação da Lei não representa a culminação do processo; é mais um ponto de partida, pois, além da ofensiva opositora que já anunciou no plano nacional e internacional por parte da grande indústria midiática, que continua qualificando-a de "lei mordaça”, e de eventuais impugnações nas instâncias jurídicas, a democratização somente se tornará realidade na medida em que seja apropriada pela cidadania e, em particular, pelos setores populares, ao exercer seu direito à expressar-se.


domingo, 23 de junho de 2013

Como os EUA conquistaram o Brasil usando a mídia

Por Leandro Severo*, publicado anteriormente em Carta Maior

Em 1957, uma CPI da Câmara dos Deputados, comprovou que O Estado de São Paulo, O Globo e Correio da Manhã foram remunerados pela publicidade estrangeira para moverem campanhas contra a nacionalização do petróleo. 
Em momentos cruciais para o país se inclinaram para o golpismo e a traição aos interesses nacionais: contra Getúlio, a Petrobrás, JK, contra Jango, apoiando a ditadura, Collor, FHC e suas privatizações, atacando Lula.
Em 1941, enquanto milhões de homens e mulheres derramavam seu sangue pela liberdade nos campos da Europa e da União Soviética, a elite dos círculos financeiros dos Estados Unidos já traçava seus planos para o pós-guerra.
Como afirmou Nelson Rockefeller, filho do magnata do petróleo John D. Rockefeller, em memorando que apresentava sua visão ao presidente Roosevelt: “Independente do resultado da guerra, com uma vitória alemã ou aliada, os Estados Unidos devem proteger sua posição internacional através do uso de meios econômicos que sejam competitivamente eficazes…” (COLBY, p.127, 1998).
Seu objetivo: o domínio do comércio mundial, através da ocupação dos mercados e da posse das principais fontes de matéria-prima.
Anos mais tarde o ex-secretário de imprensa do Congresso americano, Gerald Colby, sentenciava sobre Rockefeller: “No esforço para extrair os recursos mais estratégicos da América Latina com menores custos, ele não poupava meios” (COLBY, p.181, 1998).
Neste mesmo ano, Henry Luce, editor e proprietário de um complexo de comunicações que tinha entre seus títulos as revistas Time, Life e Fortune, convocou os norte-americanos a “aceitar de todo o coração nosso dever e oportunidade, como a nação mais poderosa do mundo, o pleno impacto de nossa influência para objetivos que consideremos convenientes e por meios que julguemos apropriados” (SCHILLER, p.11, 1976).
Ele percebeu, com clareza, que a união do poder econômico com o controle da informação seria a questão central para a formação da opinião pública, a nova essência do poder nacional e internacional.
Evidentemente para que os planos de ocupação econômica pelas corporações americanas fossem alcançados havia uma batalha a ser vencida: como usurpar a independência de nações que lutaram por seus direitos? Como justificar uma postura imperialista do país que realizou a primeira insurreição anticolonial?
A resposta a esta pergunta foi dada com rigor pelo historiador Herbert Schiller: “Existe um poderoso sistema de comunicações para assegurar nas áreas penetradas, não uma submissão rancorosa, mas sim uma lealdade de braços abertos, identificando a presença americana com a liberdade – liberdade de comércio, liberdade de palavra e liberdade de empresa. Em suma, a florescente cadeia dominante da economia e das finanças americanas utiliza os meios de comunicação para sua defesa e entrincheiramento onde quer que já esteja instalada e para sua expansão até lugares onde espera tornar-se ativa” (SCHILLER, p.13, 1976).
Foi exatamente ao que seu setor de comunicações se dedicou. Estava com as costas quentes, já que as agências de publicidade americanas cuidavam das marcas destinadas a substituir as concorrentes europeias arrasadas pela guerra.
O setor industrial dos EUA havia alcançado um vertiginoso aumento de 450% em seu lucro líquido no período 1940-1945, turbinado pelos contratos de guerra e subsídios governamentais.

Com esta plataforma invadiram a América Latina e o mundo.
Com o suporte do coordenador de Assuntos Interamericanos (CIIA), Nelson Rockefeller, mais de mil e duzentos donos de jornais latinos recebiam, de forma subsidiada, toneladas de papel de imprensa, transportada por navios americanos.
Além disso, milhões de dólares em anúncios publicitários das maiores corporações eram seletivamente distribuídos. É claro que o papel e a publicidade não vinham sozinhos, estavam acompanhados de uma verdadeira enxurrada de matérias, reportagens, entrevistas e releases preparadas pela divisão de imprensa do Departamento de Estado dos EUA.
A vontade de conquistar as novas “colônias” e ocupar novos territórios como haviam feito no século anterior, no velho oeste, não tinha limites.
No Brasil, circulava desde 1942, a revista Seleções (do Reader’s Digest), trazida por Robert Lund, de Nova York.
A revista, bem como outras publicações estrangeiras, pagavam os devidos direitos aduaneiros por se tratarem de produtos importados, mas solicitou, e foi atendida pelo procurador da República, Temístocles Cavalcânti, o direito de ser editada e distribuída no Brasil, com o argumento de ser uma revista sem implicações políticas e limitada a publicar conteúdos culturais e científicos. Assim começou a tragédia.
Logo chegou o grupo Vision Inc., também de Nova York, com as revistas Dirigente Industrial, Dirigente Rural, Dirigente Construtor e muitos outros títulos que vinham repletos de anúncios das corporações industriais.
Um fato bastante ilustrativo foi o da revista brasileira Cruzeiro Internacional, concorrente da Life International, que apesar de possuir grande circulação, nunca foi brindada com anúncios, enquanto a concorrente americana anunciava produtos que, muitas vezes, nem sequer estavam à venda no Brasil.
Ficava claro que os critérios até então estabelecidos para o mercado publicitário, como tempo de circulação efetiva, eficiência de mensagem e comprovação de tiragem, de nada adiantavam. O que estava em jogo era muito maior.
Um papel importantíssimo na ocupação dos novos mercados foi desempenhado pelas agências de publicidade americanas. McCann-Erickson e J. Warter Thompson eram as principais e tinham seu trabalho coordenado diretamente pelo Departamento de Estado. Para se ter uma ideia a McCann-Erickson , nos anos 60, possuía 70 escritórios e empregava 4619 pessoas, em 37 países, já a J. Warter Thompson tinha 1110 funcionários, somente na sede de Londres.
Os Estados Unidos tinham 46 agências atuando no exterior, com 382 filiais. Destas 21 agências em sociedade com britânicos, 20 com alemães ocidentais e 12 com franceses. No Brasil atuavam 15 agências, todas elas com instruções absolutamente claras de quem patrocinar.
No início dos anos 50, Henry Luce, do grupo Time-Life, já estava luxuosamente instalado em sua nova sede de 70 andares na área mais nobre de Manhattan, negócio imobiliário que fechou com Nelson Rockefeller e seu amigo Adolf Berle, embaixador americano no Brasil na época do primeiro golpe contra o presidente Getúlio Vargas.
Luce mantinha fortes relações com os irmãos Cesar e Victor Civita, ítalo-americanos nascidos em Nova Iorque. Cesar foi para a Argentina em 1941 onde montou a Editorial Abril, como representante da companhia Walt Disney, já Victor, em 1950, chega ao Brasil e organiza a Editora Abril.
Neste mesmo período seu filho, Roberto Civita, faz um estágio de um ano e meio na revista Time, sob a tutela de Luce e logo retorna para ajudar o pai.

Poucos anos depois, o mercado editorial brasileiro está plenamente ocupado por centenas de publicações que cantavam em prosa e verso o american way of life.
Somente a Abril, financiada amplamente pelas grandes empresas americanas, edita diversas revistas: Claudia, Quatro Rodas, Capricho, Intervalo, Manequim, Transporte Moderno, Máquinas e Metais, Química e Derivados, Contigo, Noiva, Mickey, Pato Donald, Zé Carioca, Almanaque Tio Patinhas, a Bíblia Mais Bela do Mundo, além de diversos livros escolares.
Em 1957, uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara dos Deputados, comprova que O Estado de São Paulo, O Globo e Correio da Manhã foram remunerados pela publicidade estrangeira para moverem campanhas contra a nacionalização do petróleo.
Em 1962, o grupo Time-Life encontra seu parceiro ideal para entrar de vez no principal ramo das comunicações, a Televisão. A recém-fundada TV Globo, de Roberto Marinho. Era uma estranha sociedade.
O capital da Rede Globo era de 600 milhões de cruzeiros, pouco mais de 200 mil dólares, ao câmbio da época. O aporte dado “por empréstimo” pela Time-Life era de seis milhões de dólares e a empresa tinha um capital dez mil vezes maior.
Como denunciou o deputado João Calmon, presidente da Abert (Associação Brasileira de Empresas de Rádio e Televisão): “Trata-se de uma competição irresistível, porque além de receber oito bilhões de cruzeiros em doze meses, uma média de 700 milhões por mês, a TV Globo recebe do Grupo Time-Life três filmes de longa metragem por dia – por dia, repito… Só um ‘package’, um pacote de três filmes diários durante o ano todo, custa na melhor das hipóteses, dois milhões de dólares” (HERZ, p.220, 2009).
O Brasil e o mundo estão em efervescência. A tensão é crescente com revoluções vitoriosas na China e em Cuba. A luta pela independência e soberania das nações cresce em todos continentes e os EUA colocam em marcha golpes militares por todo o planeta. A Guerra Fria está em um ponto agudo.
É nesse quadro que a Comissão de Assuntos Estrangeiros do Congresso dos EUA, em abril de 1964, no relatório “Winning the Cold War. The O.S. Ideological Offensive” define: “Por muitos anos os poderes militar e econômico, utilizados separadamente ou em conjunto, serviram de pilares da diplomacia. Atualmente ainda desempenham esta função, mas o recente aumento da influência das massas populares sobre os governos, associado a uma maior consciência por parte dos líderes no que se refere às aspirações do povo, devido às revoluções concomitantes do século XX, criou uma nova dimensão para as operações de política externa. Certos objetivos dessa política podem ser colimados tratando-se diretamente com o povo dos países estrangeiros, em vez de tratar com seus governos. Através do uso de modernos instrumentos e técnicas de comunicação, pode-se hoje em dia atingir grupos numerosos ou influentes nas populações nacionais – para informá-los, influenciar-lhes as atitudes e, às vezes, talvez, até mesmo motivá-los para uma determinada linha de ação. Esses grupos, por sua vez, são capazes de exercer pressões notáveis e até mesmo decisivas sobre seus governos” (SCHILLER, p.23, 1976).
A ordem estava dada: “informar”, influenciar e motivar. A rede está montada, o financiamento definido.
O jornalista e grande nacionalista, Genival Rabelo, exatamente nesta hora, denuncia no jornal Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro: “Há, por trás do grupo (Abril), recursos econômicos de que não dispõem as editoras nacionais, porém muito mais importante do que isso está o apoio maciço que a indústria e as agências de publicidade americanas darão ao próximo lançamento do Sr. Victor Civita, a exemplo do que já fizeram com as suas 18 publicações em circulação, bem como as revistas do grupo norte-americano Vision Inc.” (RABELO, p.38, 1966)
Mas é necessário mais. É preciso enfraquecer, calar e quebrar tudo que seja contrário aos interesses dos monopólios, tudo que possa prejudicar os interesses das corporações. A General Eletric, General Motors, Ford, Standard Oil, DuPont, IBM, Dow Chemical, Monsanto, Motorola, Xerox, Jonhson & Jonhson e seus bancos J. P. Morgan, Citibank, Chase Manhattan precisam estar seguros para praticar sua concorrência desleal, para remeter lucros sem controle, para desnacionalizar as riquezas do país se apossando das reservas minerais.
Várias são as declarações, nesta época, que deixam claro qual o caminho traçado pelos EUA. Nas palavras de Robert Sarnoff, presidente da RCA – Radio Corporation of America – “a informação se tornará um artigo de primeira necessidade equivalente a energia no mundo econômico e haverá de funcionar como uma forma de moeda no comércio mundial, convertível em bens e serviços em toda parte” (SCHILLER, p.18, 1976).
Já a Comissão Federal de Comunicações (FCC), em informe conjunto dos Ministérios do Exterior, Justiça e Defesa, afirmava: “As telecomunicações evoluíram de suporte essencial de nossas atividades internacionais para ser também um instrumento de política externa” (SCHILLER, p.24, 1976).
É esclarecedor o pensamento do delegado dos Estados Unidos nas Nações Unidas, vice-ministro das Relações Exteriores, George W. Ball, em pronunciamento na Associação Comercial de Nova Iorque: 

“Somente nos últimos vinte anos é que a empresa multinacional conseguiu plenamente seus direitos. Atualmente, os limites entre comércio e indústria nacionais e estrangeiros já não são muito claros em muitas empresas. Poucas coisas de maior esperança para o futuro do que a crescente determinação do empresariado americano de não mais considerar fronteiras nacionais como demarcação do horizonte de sua atividade empresarial” (SCHILLER, p.27, 1976).
A ação desencadeada pelos interesses externos já havia produzido a falência de muitos órgãos de imprensa nacionais e, por outro lado, despertado a consciência de muitos brasileiros de como os monopólios utilizam seu poder de pressão e de chantagem.
Em 1963, o publicitário e jornalista Marcus Pereira afirmava em debate na TV Tupi, em São Paulo: “Em última análise, a questão envolve a velha e romântica tese da liberdade de imprensa, tão velha como a própria imprensa. Acontece que a imprensa precisa sobreviver, e, para isso, depende do anunciante. Quando esse anunciante é anônimo, pequeno e disperso não pode exercer pressão, por razões óbvias. É o caso das seções de ‘classificados’ dos jornais. Mas poucos jornais têm ‘classificados’ em quantidade expressiva. A maioria dos jornais e a totalidade das revistas vivem da publicidade comercial e industrial, dos chamados grandes anunciantes. Acho que posso parar por aqui, porque até para os menos afoitos já adivinharam a conclusão” (RABELO, p.56, 1966).
Não é difícil perceber o quanto a submissão aos interesses econômicos estrangeiros levou a dita “grande mídia” brasileira a se afastar da nação. A se tornar, ao longo dos anos, em uma peça chave da política do Imperialismo.
Em praticamente todos os principais momentos da vida nacional se inclinaram para o golpismo e a traição. Já no primeiro golpe contra Getúlio, depois, contra sua eleição, contra sua posse, contra a criação da Petrobrás, contra a eleição de Juscelino, contra João Goulart, contra as reformas de base, apoiando a Ditadura, apoiando a política econômica de Collor, apoiando Fernando Henrique e suas privatizações, atacando Lula.
Hoje, ela novamente tem lado: o das concessões de estradas, portos e aeroportos, o dos leilões de privatização do petróleo e da necessidade da elevação das taxas de juros, do controle do déficit público com evidentes restrições aos investimentos governamentais, ou seja, da aceitação de um neoliberalismo tardio.

Porque atuam desta forma?
Genival Rabelo deu a resposta: “Um industrial inteligente desta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro me fez outro dia, esta observação, em forma de desafio: ‘Dou-lhe um doce, se nos últimos cinco anos você pegar uma edição de O Globo que não estampe na primeira página uma notícia qualquer da vida americana, dos feitos americanos, da indústria americana, do desenvolvimento científico americano, das vitórias e bombardeios americanos. A coisa é tão ostensiva que, muita vez, sem ter o que publicar sobre os Estados Unidos na primeira página, estando o espaço reservado para esse fim, o secretário do jornal abre manchete para a volta às aulas na cidade de Tampa, Miami, Los Angeles, Chicago ou Nova Iorque. Você não encontra a volta às aulas em Paris, Nice, Marselha, ou outra cidade qualquer da França, na primeira pagina de O Globo, porque, de fato, isso não interessa a ninguém. Logo, não pode deixar de haver dólar por trás de tudo isso…’ Outro amigo presente, no momento, e sendo homem de publicidade concluiu, deslumbrado com seu próprio achado: ‘É por isso que O Globo não aceita anúncio para a primeira página. Ela já está vendida. É isso. É isso!’. ‘E muito bem vendida, meu caro – arrematou o industrial – A peso de ouro’ ” (RABELO, p.258, 1966).
* Secretário Municipal de Comunicação em São Carlos entre 2007 e 2012 .

Referências:


§          COLBY, G; DENNETT, C. Seja feita a vossa vontade: a conquista da Amazônia, Nelson Rockefeller e o evangelismo na idade do Petróleo. Tradução: Jamari França. Rio de Janeiro: Record, 1998.
§          HERZ, D. A história secreta da Rede Globo. Porto Alegre: Dom Quixote, 2009. Coleção Poder, Mídia e Direitos Humanos.


§          RABELO, G. O Capital Estrangeiro na Imprensa Brasileira. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1966 
§          SCHILLER, H. I. O Império norte-americano das comunicações. Tradução: Tereza Lúcia Halliday Petrópolis: Vozes, 1976.


Norte-americano não confia em sua própria imprensa

Da HispanTV, tradução da redação do Vermelho, publicado anteriormente em Pátria Latina

Mais de 77% dos estadunidenses não confiam nos principais meios de comunicação, inclusive nas reportagens de televisão emitidas em seu país, de acordo com uma pesquisa realizadas entre 1º e 4 de junho, com perguntas por telefone a 1.529 adultos em todo o território nacional. Deste total, só 23% dos estadunidenses dizem ter confiança nas instituições noticiosas do país, enquanto a porcentagem foi de 25% em 2012 e 28% em 2011.
Os leitores de notícias encontraram melhores maneiras de aceder a essas áreas, seja por meio das páginas de internet ou redes sociais, cuja expansão foi global, o que torna difícil para o setor noticioso imprenso manter uma boa posição. Os jornais e a televisão ocuparam um lugar inferior na lista de confiança entre 16 instituições da sociedade, e ficaram junto com os bancos, o Congresso e as grandes empresas.
Os estadunidenses em todos os grupos demográficos, conservadores, moderados e liberais experimentaram, em geral, uma queda de confiança sobre os principais meios de informação desde os anos 2000, mas a situação foi agravada desde 2007, de acordo com o estudo.
A ampla e desigual cobertura dos principais meios de comunicação sobre acontecimentos internacionais, incluídos a agressão israelense contra os palestinos, o escândalo de espionagem da Agência de Segurança Nacional (NSA), denunciado por Edward Snowden, e o caso dos atentados à maratona de Boston, que não foi resolvido, deram origem à iniciativa da pesquisa.

Opinião: As manifestações de junho e a mídia

Por Venício A. de Lima*, em Carta Maior

Apesar da proximidade cronológica, parece razoável observar que o estopim para as manifestações populares que estão ocorrendo no país foi o aumento das tarifas do transporte coletivo e a repressão violenta da polícia (vitimando, inclusive, jornalistas no exercício de sua atividade profissional) – não só à primeira passeata realizada em São Paulo, mas também à manifestação realizada antes da abertura da Copa das Confederações, em Brasília. A partir daí, um conjunto de insatisfações que vinha sendo represado explodiu.

A primeira reação da grande mídia, bem como das autoridades públicas, foi de condenação pura e simples das manifestações que, segundo eles, deveriam ser reprimidas com ainda maior rigor. No entanto, à medida que o fenômeno se alastrou, autoridades e mídia alteraram a avaliação inicial.

A grande mídia, então, passa a cobrir os acontecimentos como se fosse apenas uma observadora neutra, que nada tem a ver com os fatos que desencadearam – para o bem ou para o mal – todo o processo.

Centralidade da mídia
Nas sociedades contemporâneas, apesar da velocidade das mudanças tecnológicas, sobretudo no campo das comunicações, a centralidade da mídia é tamanha que nada ocorre sem seu envolvimento direto e/ou indireto. Qual teria sido esse envolvimento no desencadeamento das atuais manifestações?

Um primeiro aspecto chama a atenção. Pelo que se sabe as manifestações têm sido convocadas por meio de redes sociais. Isto é, através de um sistema de comunicação independente do controle da grande mídia.

Na verdade, a se confirmar que a maioria dos participantes é de jovens (em Brasília, um dos “convocadores” da “Marcha do Vinagre” tem apenas 17 anos), trata-se de um segmento da população que se informa prioritariamente pelas redes sociais na internet e não pela grande mídia – jornais, revistas, radio, televisão.

Apesar disso, um aspecto aparentemente contraditório, mas fundamental – revelado inclusive em cartazes dispersos nas manifestações – é que os manifestantes se consideram “sem voz pública”, isto é, sem espaço para expressar e ter a voz ouvida.

Desnecessário lembrar que a grande mídia ainda exerce, na prática, o controle do acesso ao debate público, vale dizer, das vozes que se expressam e são ouvidas. Além disso, a cultura política que vem sendo construída e consolidada no Brasil, pelo menos desde que a televisão se transformou em “mídia de massa” hegemônica, tem sido de desqualificação permanente da política e dos políticos. E é no contexto dessa cultura política que as novas gerações estão sendo formadas – mesmo não se utilizando diretamente da velha mídia.

Emerge, então, uma questão delicada.

A mídia e o system blame
Independentemente das inúmeras e verdadeiras razões que justificam a expressão democrática de uma insatisfação generalizada por parte de parcela importante da população brasileira, não se pode ignorar o papel da grande mídia na construção dessa cultura política que desqualifica sistematicamente a política e os políticos. E mais importante: não se pode ignorar os riscos potenciais para o regime democrático da prevalência dessa cultura política.

Recorri inúmeras vezes, ao longo dos anos, a uma arguta observação da professora Maria do Carmo Campello de Souza (já falecida) ao tempo da transição para a democracia, ainda no final da década de 1980.

Em capítulo com o título "A Nova República brasileira: sob a espada de Dâmocles", publicado em livro organizado por Alfred Stepan Democratizando o Brasil (Paz e Terra, 1988), ela discute, dentre outras, a questão da credibilidade da democracia. Nas rupturas democráticas, afirma ela, as crises econômicas têm menor peso causal do que a presença ou ausência do system blame (literalmente, "culpar o sistema"), isto é, a avaliação negativa do sistema democrático responsabilizando-o pela situação.

Citando especificamente os exemplos da Alemanha e da Áustria na década de 1930, lembra Campello de Souza que "o processo de avaliação negativa do sistema democrático estava tão disseminado que, quando alguns setores vieram em defesa do regime democrático, eles já se encontravam reduzidos a uma minoria para serem capazes de impedir a ruptura".

A análise da situação brasileira, há mais de duas décadas, parece mais atual do que nunca. A contribuição insidiosa da mídia para o incremento do system blame é apontada como um dos obstáculos à consolidação democrática. Vale a pena a longa citação:

A intervenção da imprensa, rádio e televisão no processo político brasileiro requer um estudo linguístico sistemático sobre o "discurso adversário" em relação à democracia, expresso pelos meios de comunicação. Parece-nos possível dizer (...) que os meios de comunicação tem tido uma participação extremamente acentuada na extensão do processo de system blame (...). Deve-se assinalar o papel exercido pelos meios de comunicação na formação da imagem pública do regime, sobretudo no que se refere à acentuação de um aspecto sempre presente na cultura política do país – a desconfiança arraigada em relação à política e aos políticos – que pode reforçar a descrença sobre a própria estrutura de representação partidária-parlamentar (pp. 586-7). (...)

O teor exclusivamente denunciatório de grande parte das informações acaba por estabelecer junto à sociedade (...) uma ligação direta e extremamente nefasta entre a desmoralização da atual conjuntura e a substância mesma dos regimes democráticos. (...) A despeito da evidente responsabilidade que cabe à imensa maioria da classe política pelo desenrolar sombrio do processo político brasileiro, os meios de comunicação a apresentam de modo homogeneizado e, em comparação com os dardos de sua crítica, poupam outros setores (...). Tem-se muitas vezes a impressão de que corrupção, cinismo e desmandos são monopólio dos políticos, dos partidos ou do Congresso (...). (pp.588-9, passim).

Avanços e riscos
As manifestações populares devem, por óbvio, ser vistas por aqueles em posição de poder como uma oportunidade de avançar, de reconsiderar prioridades e políticas públicas.

Do ponto de vista da grande mídia, é indispensável que se reflita sobre o tipo de cobertura política que vem sendo oferecida ao país. Encontrar o ponto ideal entre a fiscalização do poder público e, ao mesmo tempo, contribuir para o fortalecimento e a consolidação democrática, não deveria constituir em objetivo da grande mídia? A quem interessa a ruptura democrática?

Apesar de ser um tema delicado e difícil – ou exatamente por essa razão – é fundamental que se considere os limites entre uma cobertura sistematicamente adversária da política e dos políticos e os riscos de ruptura do próprio sistema democrático.

A ver.




*Jornalista e sociólogo, professor titular de Ciência Política e Comunicação da UnB (aposentado),
pesquisador do Centro de Estudos Republicanos Brasileiros (Cerbras) da UFMG.

Artigo publicado originalmente na revista Teoria & Debate.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Brasil ainda é "bebê" na indústria de cinema, diz Dove Simens

Por Ana Carolina Barbosa, do Pay-TV News


"Adoro fazer filmes que tragam lucros", diz Dove Simens, produtor executivo que vem ao Brasil para ministrar em São Paulo o curso Hollywood 2 – Day Film School, trazendo modelos do cinema americano para o público brasileiro. “Vocês têm talentos, profissionais, um governo com programas maravilhosos de financiamento, mas não sabem contar histórias, precisam experimentar, ainda são bebês nesta indústria”, destaca.
Simens alerta que o seu curso não é para ensinar criatividade ou talento, nem para discutir financiamento público, mas para ensinar alguns caminhos para que os produtores comecem a trabalhar de forma realmente independente e fazer seus filmes com baixos orçamentos, mas que tragam lucro. Ele acredita que o primeiro filme deve ser financiado pelo produtor e por alguns investidores, para que depois ele consiga recursos do governo, coproduções e product placement. “Pode ser um filme com 90 páginas de roteiro, uma única locação, bons atores, boa equipe, uma boa história”, explica. “Os realizadores estão presos em alguns modelos, eu só dou um empurrãozinho”. Outro conselho de Simens é parar de fazer curtas. “É coisa para se fazer dos 12 aos 20 anos, colocar no YouTube e testar seus trabalhos. Se quer ter lucratividade tem que fazer longa-metragem”.
Para o instrutor, as oportunidades que os realizadores brasileiros terão com a televisão, com a Lei do SeAC, é importante para fazê-los testar suas habilidades e fazer seus nomes. “São duas indústrias totalmente diferentes, vocês são bons em televisão, são os reis das novelas. Quem sabe fazer televisão, que é muito mais complexo, tira de letra a indústria do cinema”, observa.
O instrutor já teve em suas turmas nomes como Quentin Tarantino e Guy Ritchie. Em dois dias, Simens explica os elementos básicos de uma história que conquista a atenção da audiência, ensina como apresentar um projeto de filme para conseguir recursos de investidores, participar dos festivais mais importantes, negociar exibição e fazer o plano de mídia.
Simens foi professor de Harvard, da UCLA e da New York University. Ele já deu o curso Hollywood 2 – Day Film School em Cingapura, Londres, Toronto, Hong Kong e Cidade do México . As aulas acontecerão em São Paulo nos dias 22 e 23 de junho no Novotel Jaraguá (centro). Mais informações e inscrições pelo site http://www.hollywoodbrasil.com/.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Viagem de Jornalistas e blogueiros de Brasília e de São Paulo ao Irã é tema de documentário


Entre os dias 9 e 19 de março de 2011, uma delegação de jornalistas brasileiros realizou uma viagem político-cultural ao Irã a convite do ministério do Turismo da República Islâmica do Irã, na gestão do então presidente, Mahmoud Ahmadinejad.

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A delegação foi composta por Beto Almeida, Paulo Miranda e Helena Iono (da TV Cidade Livre, o canal comunitário de Brasília), FC Leite Filho (do blogCafé na Política), Chico San'Anna (do programa Diplomacia - Revista de Política Internacional da TV Senado), Isabel Fleck (à época jornalista do Correio Brasiliense), Luís Cabral e Bruno Mascarenhas (da TVT - TV dos Trabalhadores, de São Paulo).
Os jornalistas tiveram a oportunidade de conhecer lugares históricos, desde o acervo arqueológico da antiga Persépolis, capital do Império da Pérsia, do Irã medieval, das mesquitas islâmicas e bazares tradicionais como os existentes em Isfahan e Shiraz. Além da cidade de Yazd, inserida no território desértico do Irã e que para enfrentar as dificuldades ambientais criou uma infindável teia de canais de água equipados com  sistemas de ventilação. Tudo com base na sabedoria herdada milenarmente.
Não faltaram oportunidades para encontros com autoridades políticas e culturais, particularmente em Teerã, onde foram realizadas visitas a museus nacionais e parques verdejantes, freqüentados por jovens estudantes e pessoas receptivas e cultas.
Tudo isso agora virou um documentário do Canal Comunitário de Brasília, a TV Cidade Livre.  A estréia foi dia 14, mas está prevista reexibições  dia 18 - 3ª. feira, às 18 horas.
O documentário também está disponível na internet no endereço  https://vimeo.com/68415869