Caros leitores e leitoras.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Igreja Católica alemã põe à venda a sua editora… pornográfica!

Do Inteligência Económica

A editora é a Weltbild e é 100% propriedade da Igreja Católica alemã e a sua grande fonte de lucro são publicações “eróticas”…

Depois de, no mês passado, a informação ter sido revelada, rebentou um enorme escândalo e, em consequência, a surgiu esta decisão de vender a galinha dos ovos porno, numa tentativa de estancar o escândalo e impedir que ele venha a atingir o ex-cardeal alemão Ratzinger, o actual Papa.

Veja abaixo, em inglês, a integra da matéria.

Last month it was reported that German publishing company Weltbild, which is 100 percent owned by the Catholic church, was profiting through the sale of erotic novels. Now, amid the scandal, the German Catholic church has withdrawn its investment in the publishing company. It is looking for a buyer as soon as possible.

The Local reports that Weltbild initially removed some 2,500 erotic titles from its online catalogue, but the church has now decided to distance itself from the publisher completely.

However, the decision could have come sooner for some Catholics. Last monthGerman publication Die Welt reported that some worshipers had been complaining about the church’s association with the pornographic publications for over 10 years only to be ignored by bishops.

Argentina incentivará produções para Internet e videogames

Do Telaviva News

A partir do ano que vem, o governo argentino tem entre as suas prioridades para o setor audiovisual o apoio a produções voltadas para a Internet e jogos eletrônicos. Mecanismos de fomento, que hoje privilegiam o conteúdo para cinema e TV, deverão ser estendidos a essas outras mídias. "A Internet é mais um exibidor, como as salas de cinema. Vamos começar a fomentar a produção para a Internet em 2012", disse a presidenta do Instituto Nacional de Cinema e Artes Visuais da Argentina, Liliana Mazure. A executiva explicou a razão de se preocupar também com o setor de jogos eletrônicos: "A maior parte da produção é feita por jovens que prestam serviços para grandes empresas estrangeiras. Quase não há conteúdo nacional por enquanto". Liliana participou nesta segunda-feira, 28, do Seminário Internacional de Políticas Públicas de Financiamento do Audiovisual, no Rio de Janeiro.

Liliana relatou também a experiência de fomento à produção para televisão através de concursos. O mais recente recebeu 1.150 projetos, dos quais 60% vieram das províncias argentinas. Isso resultou na produção de 30 séries de TV com 13 capítulos cada, algumas coproduzidas com países latinoamericanos, como Chile, Uruguai e México. Algumas delas entraram no ar há dois meses em três canais de TV aberta. "São conteúdos que ninguém financiava. E o público está gostando", disse Liliana. Com o próximo concurso a expectativa é alcançar a marca de 3 mil projetos inscritos e premiar pelo menos 60 deles.

Cinema

Uma das discussões levantadas durante o seminário por um pesquisador presente na plateia foi que o governo argentino tem conseguido aumentar a produção de longas-metragens, mas não necessariamente o público de filmes nacionais, que permanece estagnado na faixa de 3,5 milhões ao ano. Liliana respondeu que as estatísticas não incluem os dados de público das 45 salas patrocinadas pelo instituto, que teriam um público de mais de um milhão ao ano. Em 2011, estrearam 101 filmes argentinos, dos quais 20 superaram a marca de 100 mil espectadores.

Questionada sobre a falta de filmes argentinos em cartaz no Brasil e vice-versa, a dirigente culpou os distribuidores internacionais e os próprios produtores locais. "O problema é que os produtores latinos vendem os direitos internacionais de seus filmes para empresas estrangeiras para todos os territórios. Mas os distribuidores internacionais não levam os filmes para outros países da América Latina. Nossos filmes passam na Austrália e na Europa, mas não nos nossos vizinhos", criticou. Uma possível solução seria o aumento de coproduções dentro da região, sugeriu.

Diploma: Senado aprova em 1º turno obrigatoriedade de formação universitária para jornalistas

Com base na Agência Senado

Foi aprovada na tarde de quarta-feira, em primeiro turno, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 33/2009, que restabelece a exigência de diploma para o exercício da profissão de jornalista. Houve 65 votos a favor e sete contrários à proposta. É necessária ainda uma nova votação no Senado Federal, antes de seguir para apreciação da Câmara dos Deputados. Lá uma PEC semelehante também está sendo analisada.

A obrigatoriedade do diploma de jornalista foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho de 2009, quando a maioria dos ministros entendeu que limitar o exercício da profissão aos graduados em jornalismo estaria em desacordo com a liberdade de expressão prevista no texto constitucional.

Se aprovada em segundo turno no Senado, a PEC 33/2009 seguirá para exame da Câmara dos Deputados.

Lei pode probir publicidade de bebida alcólica

Por Oscar Telles Edição e Juliano Pires da Agência Câmara de Notícias

A propaganda de bebidas alcóolicas pode ser proibida no Brasil, a exemplo do que já ocorreu com os anúncios de cigarros. A medida é uma das propostas contidas no relatório, apresentado pelo deputado Givaldo Carimbão (PSB-AL) à Comissão Especial de Políticas Públicas de Combate às Drogas.
Além da proibir a propaganda comercial, o relatório também propõe o aumento do imposto sobre a venda de bebidas e o aumento da pena para quem traficá-las . “A bebida é a porta de entrada para as drogas pesadas”, disse Carimbão.
Para o parlamentar, o jovem que bebe antes de 18 anos tem grande probabilidade de se tornar um usuário de drogas mais tarde.Segundo o relator, todos os estados, com exceção de Pernambuco, enviaram sugestões para a criação de uma política nacional de combate às drogas. De acordo com o deputado, serão necessários cerca de R$ 4 bilhões para o combate às drogas em todo o País, verba que poderá vir do aumento do imposto sobre bebidas alcóolicas e cigarro.
Outros destaques são a criação da semana nacional de enfretamento às drogas, e a inclusão do tema “consumo de drogas” no currículo escolar. O parlamentar alagoano salientou ainda a preocupação com a reinserção social do usuário de drogas. Pelo projeto, torna-se-ia obrigatória a reserva de 1% do total de vagas nos contratos de obras públicas ou de serviços para a inserção laboral de usuários de drogas em recuperação.
Para ser beneficiado, o pretendente deverá abster-se do uso de drogas e atender aos requisitos profissionais definidos pela empresa. Deverá ainda matricular-se no ensino regular, no prazo máximo de sessenta dias a partir de sua admissão, e frequentar o curso com aproveitamento.

Esferas

Ainda de acordo com o relatório, caberá aos municípios trabalhar na prevenção contra as drogas, enquanto os estados cuidarão da recuperação do usuário e a União ficará incumbida da repressão aos traficantes e comercializadores.
A votação do relatório na comissão ficou para a quarta-feira (7/12), em razão do pedido de vista coletiva. Foi aberto prazo para apresentação de emendas até sexta-feira (2), às 18h.
A Comissão Especial estuda o assunto há nove meses e fez cerca de 40 viagens para cidades do Brasil e do exterior para conhecer experiências na áreas.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Venezuela: Caracas tem jornal público e gratuito

Depoimento de Ernesto Villegas , diretor do jornal diário CIUDAD CARACAS (CCS), produzido e distribuído gratuitamente pela Prefeitura de Caracas à Helena Iono, da TV CIDADE LIVRE (Canal Comunitário de Brasília). Publicado originalmente no Pátria Latina


Temos um jornal gratuito editado pela Prefeitura de Caracas, contando com a iniciativa do prefeito Jorge Rodrigues (PSUV) para que as comunidades caraquenhas tenham um porta-voz, um meio impresso, através do qual informar-se e também manifestar suas demandas, reclamações e expectativas, e sobretudo, compartilhar as experiências das organizações comunitárias, de transformação revolucionária que têm ocorrido paulatinamente, com muitos problemas, dificuldades, com ritmos dissimilares, mas que são, da mesma forma que o jornal, expressões de que na Venezuela estão ocorrendo mudanças revolucionárias.

Essa é também uma maneira de saltar, ou driblar o cerco midiático que as empresas de comunicação que editam jornais, que difundem seu sinal através da rádio e da televisão exercem em relação ao governo venezuelano e também às distintas gestões de prefeitos e governadores em cada um dos estados.

No caso de Caracas, em particular, inclusive alguns Diários que parecem identificados com a revolução, por exemplo,” Últimas Notícias”, que tem um diretor que é afinado com o presidente Chávez, porém, mantém no âmbito de Caracas uma oposição sistemática e de hostilidade à gestão do prefeito Jorge Rodrigues. Portanto, este jornal, “Ciudad Caracas” (CCS) permite um oxigênio jornalístico no sentido de que a prefeitura tem um lugar onde pode comunicar à população os avanços da sua gestão, suas diversas iniciativas, e suas posições públicas.

Porém, não é um jornal institucional, mas um jornal de informação geral. Se você ler suas páginas verá que há informações internacionais, desportivas, culturais, seções dedicadas às mais diversas áreas de interesse dos jovens, receitas de cozinha, temas sobre a luta pelo meio ambiente, uma infinidade de conteúdos que não permitem dizer que é um jornal institucional. E possui mecanismos que fazem parte da espinha dorsal de um grande jornal de participação das pessoas na confecção do próprio diário.

Há pessoas que desde as distintas comunidades escrevem como se fossem jornalistas, e contam, relatam ao resto da cidade, os fatos que estão ocorrendo na comunidade. Falam sobre o andamento dos conselhos comunais, das reuniões técnicas sobre o abastecimento da água, dos Comitês de terras urbanas, dos Comitês de saúde, que estão no quotidiano da Venezuela, porém não são visibilizados pela imprensa tradicional capitalista.

Há o maior interesse em que suas experiências sejam divulgadas neste jornal e nós preferimos divulgar essas notas que sejam feitas pelas pessoas simples, onde apareçam o nome do autor e a proveniência. Também o cidadão, como indivíduo tem a oportunidade de fazer denúncias no jornal; há pedidos e reclamações à burocracia, como aos fautores do poder capitalista privado. Refiro-me aos ministérios, aos gabinetes e institutos da própria prefeitura.

Aqui no jornal publicamos queixas, denúncias e reclamações do povo contra organismos da própria prefeitura de Caracas. Tratamos sim de dar uma resposta oficial, de modo que o responsável de uma determinada situação irregular se comprometa publicamente com a solução de um problema determinado. Publicamos, ao mesmo tempo, reclamações sobre o que fazem ou deixam de fazer as empresas privadas como as de telecomunicações, os Bancos, que na imprensa capitalista normalmente são intocáveis. Estamos abertos a esse conteúdo.

Nós lutamos pelo socialismo e pela libertação, pela independência e pela igualdade. Quanto a isso somos claros perante os nossos leitores. Nós estamos com a revolução, apesar de que dentro da mesma existe um amplo campo para exercer o jornalismo. Não quer dizer que um jornalismo militante deixe de olhar os problemas quotidianos das pessoas, ao contrário, o jornalismo revolucionário deve ter um paradigma novo, muito próximo às angústias quotidianas das pessoas. Os problemas que existem na nossa sociedade, inclusive sob governos revolucionários que pretendem transformar a sociedade. Creio que não contribui um militante que se faça de cego ou mudo diante dos problemas quotidianos do povo.

O jornal é gratuito e se editam 120.000 exemplares diários. Estão todos os dias na rua, de 2ª. à 6ª. feira. De sábado a domingo baixamos a tiragem a 60.000. Isso porque o jornal é destinado fundamentalmente às pessoas que estão indo ao trabalho, às universidades, aos colégios, caminhando pela cidade. São distribuídos fundamentalmente nas estações de metrô de Caracas; nas portas de metrô bem cedo na manhã, se encontram nossos difusores distribuindo o jornal.

Temos mais de 100 difusores com seus respectivos supervisores que controlam que o jornal esteja efetivamente sendo distribuído. Nós temos também 1.400 pontos de distribuição em instituições públicas, nas universidades, nas companhias de aviação, enfim, em infinidades de lugares onde as pessoas podem recolher um exemplar do jornal, e estamos muito felizes de ter uma grande aceitação entre os venezuelanos que na sua maioria não liam antes jornal. Abrimos a possibilidade de que pessoas que não eram leitoras de jornal, possam começar a sê-lo.

A prefeitura dá os recursos. O prefeito esclarece que não se trata de um gasto, mas de um investimento para contribuir a que os caraquenhos e caraquenhas exerçam seus direitos a estar informados e informar. Este é um investimento, não é um gasto. Também temos espaços para que organismos do estado paguem com propaganda institucional. Isso ajuda a mitigar os altos custos que significa imprimir um jornal. Temos raramente publicidades privadas. Estamos por discutir isso. Não estaríamos de acordo, por exemplo, em publicidades sobre licores, nem jogos de azar. Dependendo do caso, se abre à publicidade privada, mas raramente.

Nós começamos a distribuir este jornal fora da área do município. Portato, nos expandimos em direção ao que chamamos a Grande Caracas, que vai além do município Libertador, a Los Teques, às chamadas cidades dormitório, Guarena Guatire, cidades mirandinas; enfim, o jornal se está expandindo em direção à periferia.

TV Paga: Brasil tem 12,2 milhões de assinantes

Do Tela Viva News

Segundo balanço divulgado pela Anatel nesta segunda, 28, a base de assinantes de TV por assinatura ultrapassou a barreira dos 12 milhões de domicílios no mês de outubro. Com 278 mil novos assinantes, o serviço chegou a 12,2 milhões de lares no mês passado, ou 20,3% dos domicílios brasileiros.

O crescimento do setor acumulado em 2011 é de 24,54%, com 2,4 milhões de novos assinantes. Com esta evolução, o ano já é o que conquistou o maior volume de assinantes, em números absolutos. Em 2010, a base cresceu em 2,29 milhões de assinantes.

O DTH continua sendo a plataforma de distribuição que mais cresce no país. A participação das operadoras do serviço por satélite atingiu 53,5% da base, enquanto os serviços por cabo representam 44,5% da base.

Embora a evolução da base seja maior nos estados do Nordeste e do Norte, a região Sudeste ainda apresenta maior densidade dos serviços de TV por assinatura, com 29,6% de penetração, seguida pela região Sul (19,1%), Centro-oeste (16,5%), Norte (11,2%) e Nordeste (8,6%).

Opinião: Foi preciso derrubar o duopólio da TV a cabo

Do Blog do Dirceu

A propósito da regulação dos meios de comunicação, é bom lembrar o que se deu com um dos segmentos do setor. O da TV a cabo. Nesse mercado, os líderes do segmento, capitaneados pela Net, joint venture entre as Organizações Globo e o grupo mexicano Telmex, resistiram até o limite contra a abertura do mercado.


Só depois de longos anos, muita negociação e de muita luta cederam à abertura do mercado a novos players, entre os quais se destacam as operadoras de telecomunicações, permitindo a convergência na oferta de produtos de voz, dados e vídeo. Com a nova lei da TV paga, também houve uma ampliação da participação do capital estrangeiro, que agora pode controlar empresas desse segmento.

Quando defendemos a regulação das comunicações, temos em vista o atual sistema distorcido, distante dos princípios democráticos que regem a Constituição. Também nas TVs abertas há irregularidades inaceitáveis. Uma delas é o sistema de monopólio garantido por artimanhas como “o bônus de volume”. Com esta prática, agências de propaganda, de olho no incentivo, dirigem boa parte da publicidade de seus clientes para a maior TV. O sistema, com isso, contribui para que a líder mantenha e amplie a sua participação do mercado.

Campanhas abertas contra novos concorrentes


A regulação das comunicações – como a defendida pelo seminário promovido pelo PT dia 25 – se faz necessária, entre outras razões, quando campanhas abertas são desferidas por redes de TV contra seus concorrentes. Já vimos isso por parte de uma rede e de seu grupo controlador.

Em alguns estados um só grupo de comunicação domina rádios, jornais e tevês, num exercício escandaloso do monopólio que deveria ser regulado e limitado. Isso ocorre em muitos países que limitam - ou mesmo vedam - a propriedade cruzada ou o controle monopolista da audiência ou da tiragem de jornais.

Poderosos se unem para impedir novas práticas

No Brasil, os poderosos da mídia se unem para impedir todas as práticas que garantirão maior pluralismo ao setor das comunicações. É o que ocorre nesse momento. Escondem que o governo não decidirá nada sobre a regulação do setor, e que quem fará esta discussão para definir o marco legal será o Congresso Nacional, sabidamente temeroso do poder dos donos da mídia.

Na imprensa escrita, os grupos de sempre procuram fazer o controle da distribuição, particularmente de jornais. Os barões do setor praticam dumping e acertam preços para enfraquecer e ou retirar novos concorrentes do mercado. Usam e abusam do poder que têm para pressionar o Congresso Nacional a não votar e a não discutir a regulamentação necessária da mídia. Fazem o mesmo com a Justiça para impedir a entrada de novos concorrentes.

Querem interditar o debate

Mas o fato é mais grave do que isso. Querem interditar o próprio debate sobre a regulação, sem dar espaço às nossas opiniões e às nossas propostas, que deturpam e manipulam no noticiário. É o que fazem, ainda, ao nos acusar de tentar ou querem impor de novo a censura e controlar a mídia, quando se trata exatamente do contrário.

Em resumo, o que vemos, mais uma vez, é a mídia que busca controlar e exercer o poder político. Esta é a mídia que não se constrange em se articular para derrubar governos eleitores democraticamente. Pressionaram Getúlio Vargas até o seu suicídio. Tentaram, sem conseguir, depor Juscelino Kubitschek. Fracassaram em impedir a posse de Jango Goulart, em 1961, mas foram vitoriosos na campanha pela sua derrubada da presidência da República em 1964, o que nos custou 25 anos de ditadura.

As opiniões aqui postadas são de responsabilidade de seus autores

Telecomunicações: Brasil defende anel óptico para interligar América do Sul

Do Opera Mundi

O ministro das comunicações, Paulo Bernardo, discutiu hoje (29/11) projetos de melhoria da infra-estrutura de telecomunicações no continente durante a 1ª Reunião de Ministros das Comunicações da União dos Países da América do Sul, que ocorreu no Itamaraty.

Ele apresentou projeto de criação de um anel óptico para interconexão telefônica e digital nas fronteiras. Apontado como uma solução de desenvolvimento econômico e social, o anel sul-americano visa à redução do preço final dos serviços de internet nos países sul-americanos.

Grande parte da América do Sul, hoje, depende de cabos submarinos para se conectarem a outros continentes. “Essa rede é cara e complexa, possuindo dezenas de milhares de quilômetros, que vão até o Hemisfério Norte e depois percorrem o caminho inverso”, relatou Bernardo.

O custo total desse projeto pode chegar a R$ 100 milhões e a instalação poderá durar dois anos. O ministro disse que o maior empecilho para a expansão das comunicações na região é o alto custo das conexões. “Se elas valessem quatro dólares a menos para o consumidor final, haveria no Brasil mais 3 milhões de pessoas com acesso à banda larga.”

O anel óptico, de acordo ele, só ganhará sentido com a adesão de todas as nações da região. Como há grande diferença de capacidade econômica entre os países, esse pode constituir-se em um dilema.

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverão apoiar os investimentos nessa área.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O grupo espanhol Prisa, dono do El País, mira a América Latina

De Medioslatinos


En un contexto de recesión económica en su país de origen, el grupo de medios español Prisa ha manifestado su voluntad de expandirse en el mercado latinoamericano. Con Radio Caracol en Colombia, la cadena Radiópolis junto al Grupo Televisa en México, más emisoras en Estados Unidos, Chile, Costa Rica y Panamá, el próximo objetivo de la multinacional de medios estará puesto en Brasil, que acaba de abrir el negocio de la TV cable a la inversión extranjera.

El grupo español ha manifestado asimismo su interés en ampliar su presencia en la Argentina en donde ya posee las emisoras Continental y FM Hit y está por cerrar un acuerdo para controlar una tercera señal. Para desembarcar sin obstáculos en ese país, donde rige la la ley de bienes culturales que restringe al 30% el máximo de inversión en medios por cuenta de extranjeros, Prisa acudió al tratado de reciprocidad entre Argentina y Estados Unidos y opera en el país bajo el nombre de Grupo Latino de Radio (GLR), con sede en Miami.

Asimismo, en marzo de este año, el periódico El País cerró una alianza con el Nuevo Herald de Miami, para ingresar al pujante mercado hispanohablante de los Estados Unidos. El Grupo Prisa es controlado por un fondo de inversiones estadounidense llamado Liberty, del que participa como inversionista el empresario mexicano Carlos Slim Helu. Según datos proporcionados a Comisión Nacional de Mercados de Valores, los ingresos operativos de Prisa crecieron un 14,1% el último año en América Latina y ya alcanzan al 22% del total del Grupo.


Información publicada en el Sitio Web de Urgente 24. Para más detalles haga click aquí.

Comunicação legislativa: Câmaras ganham canais de TV digital

Da Folha de São Paulo


Câmaras municipais de 16 cidades brasileiras, incluindo quatro capitais, vão ganhar novos canais abertos em TV digital até o fim do primeiro semestre de 2012. As emissoras ampliarão o palanque eletrônico de 345 vereadores que podem concorrer à reeleição em outubro e já terão espaço garantido no horário eleitoral gratuito.

Os canais poderão ser sintonizados por todo aparelho equipado com conversor digital. Isso aumentará o alcance das "TVs Câmaras" já existentes, restritas a canais por assinatura ou a horários comprados em emissoras abertas.

Os 55 vereadores paulistanos foram escolhidos para estrear o primeiro canal digital, em janeiro. A "experiência" custou R$ 4 milhões à Câmara dos Deputados, que coordena a implantação das emissoras em todo o país.

Em fevereiro, será a vez de Belo Horizonte, Fortaleza e Porto Alegre, com gasto previsto de R$ 1 milhão cada. As outras 12 cidades entram no sistema em março, segundo o cronograma
oficial (veja quadro ao lado). No interior, o custo médio de R$ 300 mil para a implantação de cada TV deve ser bancado pelos orçamentos das próprias câmaras municipais.

Além dos 16 municípios "contemplados" inicialmente, há mais quatro capitais preparadas para estrear suas emissoras digitais no segundo semestre: Cuiabá, Goiânia, Salvador e Vitória. Há ainda uma fila de cerca de cem câmaras com pedido para entrar em canal aberto digital.

LONGO ALCANCE

A gerente do projeto de TV digital da Câmara dos Deputados, Evelin Maciel, diz que as imagens dos vereadores paulistanos ficarão disponíveis para 20 milhões de pessoas, já que o sinal do novo
transmissor terá alcance em toda a região metropolitana.

O interesse dos vereadores em aparecer na TV aberta pode ser medido pela situação de Belo Horizonte, onde o sinal vai "vazar" para 34 cidades da região metropolitana. Sob pressão dos vereadores de outros municípios, os responsáveis pela emissora tiveram que fazer um acordo para receber material gravado e distribui-lo pela programação, segundo contou o coordenador da TV Câmara de BH, Guilherme Minassa.

O especialista em direito eleitoral Flávio Britto diz que a divulgação institucional das atividades dos vereadores é positiva, mas que os "excessos" terão de ser vigiados para que os canais não virem vitrines para as eleições. "O vereador não pode usar o espaço na TV para fazer propaganda eleitoral explícita. Se acontecer, tem de ser denunciado", afirma.
O cientista político Milton Lauerta, da Unesp de Araraquara, diz que o espaço só deve ser usado para tratar da atividade legislativa. "O problema está no uso que será feito. Se forem programas ruins e com único propósito eleitoral, certamente afastarão o cidadão ainda mais da Câmara", diz.

A gerente da Câmara dos Deputados diz que a intenção do projeto não é promover candidatos com mandato. Evelin Maciel sugere que os vereadores que tentarão a reeleição sejam cortados de programas jornalísticos ao vivo para evitar "o perigo".

No entanto, os vereadores ainda poderão fazer propaganda nos discursos em plenário e nas comissões.

Parlamentares usam pouco a Internet

Do Congresso em Foco

A maioria dos parlamentares ainda não despertou para a era digital. Levantamento divulgado pela agência Medialogue, especializada em pesquisa de mídia, mostra que os deputados federais e os senadores ainda patinam no uso das ferramentas da internet e pouco exploram a interatividade. Em outras palavras, dão pouca bola para o eleitor na rede mundial de computadores.

Alguns números apontados pela agência apontam para esse cenário: 55% dos senadores não publicam projetos e propostas em seu site; só 23% deles atualizam seus blogs regularmente; 22% dos sites dos parlamentares não têm sequer formulário para o eleitor entrar em contato; 70% dos deputados não publicam sua agenda de compromissos, e somente 3% dos deputados federais informam gastos pessoais em suas próprias páginas.

Ao todo, 15% dos senadores e 24% dos deputados não têm sequer página na internet. De acordo com a pesquisa, pouco mais da metade dos deputados (51%) respondem no Twitter. No Senado, o índice de resposta é ainda inferior (43%).

“É comum encontrar no ar sites de campanhas eleitorais antigas e nada mais de novo sobre o político eleito. Os recursos digitais são usados como eram usadas antes as faixas, os santinhos e os programas de TV: apenas para ‘pedir’, sem dar chance para o eleitor falar”, avaliou o diretor da agência e coordenador da pesquisa, Alexandre Secco.

Clique aqui para ver o estudo

Para ele, isso mostra que a maioria dos parlamentares que usam a internet como ferramenta de comunicação com o eleitor ainda está preso à chamada “velha internet”, caracterizada como via de mão única, em que não havia diálogo. “O termo ‘internet 2.0″ é usado para descrever os novos canais surgidos em meados dos anos 2000 que permitiam uma interação verdadeira, como ocorre hoje em canais sociais como o Facebook e o Twitter. No Facebook, quem fala também precisa ouvir. Para ser um político 2.0 não basta ter um site. É preciso interagir”, observou Secco.

Um exemplo de como essa interatividade ainda é tímida ficou evidenciado num teste feito pelos pesquisadores. Foram encaminhadas mensagens eletrônicas aos congressistas com perguntas sobre o trabalho do parlamentar na internet, como gastos de gabinete, agenda oficial e endereços de contato. Apenas 14% dos 81 senadores deram alguma satisfação. Dos 513 deputados, somente 24% responderam.

O estudo ressalta, porém, que há uma nova geração de políticos que tem sabido explorar as novas ferramentas de comunicação do mundo digital. Alguns jovens, e outros já bastante experientes.

A pesquisa destacou 16 deputados e oito senadores que, de acordo com uma série de critérios, fazem uso dos recursos digitais de maneira mais eficiente. São eles os senadores: Aloysio Nunes (PSDB-SP), Alvaro Dias (PSDB-PR), Cristovam Buarque (PDT-DF), Eduardo Braga (PMBD-AM), Humberto Costa (PT-PE), Lindbergh Farias (PT-RJ), Marta Suplicy (PT-SP) e Renan Calheiros (PMDB-AL).

A lista dos deputados reúne: Alessandro Molon (PT-RJ), Aline Corrêa (PP-SP), Anthony Garotinho (PR-RJ), César Colnago (PSDB-ES), Penna (PV-SP), Dimas Ramalho (PPS-SP), Dr. Aluizio (PVRJ), Gabriel Chalita (PMDB-SP), Ivan Valente (Psol-SP), José Nunes (DEM-BA), Manuela (PCdoB-RS), Mara Gabrili (PSDB-SP), Mendonça Prado (DEM-SE), Reinaldo Azambuja (PSDB-MS), Roberto Freire (PPS-SP) e Romário (PSB-RJ).

O levantamento “Político 2.0 – Deputados e Senadores” foi realizado entre os dias 27 de junho e 9 de setembro de 2011. Segundo os pesquisadores, 70 mil indicadores foram classificados e analisados.

Itália: parlamento restringe trabalho de fotojornalistas

Do Ópera Mundi

Os fotojornalistas que acompanham diariamente as sessões da Câmara dos Deputados e do Senado da Itália têm causado medo aos políticos, já que contribuem para a divulgação de denúncias que mostram o lado mais obscuro do parlamento.

Nesta semana, alguns parlamentares da Liga Norte e do PdL (Povo da Liberdade), partido do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, afirmaram ser contra a presença de fotojornalistas na Câmara, e exigiram a criação de uma lei para impedir que os fotógrafos entrem no plenário. Os deputados alegam que os eles estão violando suas "intimidades".

Apesar de ter sido considerada uma espécie de "censura" por outras forças políticas e pelos próprios fotógrafos, a medida acabou resultando na criação de um tipo código de conduta.

A partir desse código, os fotógrafos se comprometem a não divulgar imagens que não "sejam essenciais para informar as sessões parlamentares".

A "guerra" contra os fotojornalistas de Montecitorio, como é conhecida a Câmara dos Deputados na Itália, começou nesta semana durante o voto de confiança do novo governo de Mario Monti.

O novo primeiro-ministro italiano deixou à vista dos repórteres uma nota que fazia referência a um suposto pedido de cargo. Seja de modo oficial ou "reservadamente", a nota era assinada por Enrico Letta, um deputado do PD (Partido Democrático).

Após a nota virar alvo dos fotógrafos, Letta imediatamente esclareceu que ela "não era um pedido de candidatura", mas uma mensagem onde cumprimentava o novo governo.

As lentes dos fotógrafos também captaram o que Berlusconi nunca quis reconhecer, ou seja, a existência de traidores entre seus aliados.

Durante a sessão do Senado que resultou em sua renúncia, no último 12 de novembro, ele escreveu um bilhete que logo foi registrado pelos fotógrafos e virou assunto em todos os jornais: "308 votos (8 traidores)", mostravam as imagens.

Teoricamente, com o novo código de ética, os paparazzi dos parlamentares não poderão mais publicar imagens como a do deputado da legenda partidária FLI (Futuro e Liberdade) Roberto Menia, que foi flagrado jogando "Super Mario Bros" com seu iPad durante um debate.

Graças ao trabalho dos fotojornalistas, muitas medidas foram adotadas em beneficio do Parlamento. Embora eles não possam mais mostrar os "segredos" dos parlamentares, não poderão evitar que não apareçam imagens de políticos em uma briga ou simplesmente dormindo em suas cadeiras.

sábado, 26 de novembro de 2011

As assessorias de Comunicação e a precarização do trabalho

Tese do SJP-DF ao Encontro Nacional dos Jornalistas em Assessoria de Comunicação – Enjac

O setor das assessorias de comunicação hoje é um dos que mais emprega os jornalistas profissionais, superando, em vários lugares, como no Distrito Federal, as tradicionais redações de jornais impressos, revistas, rádio e TV. Isso se dá, em grande medida, tanto pelo desenvolvimento dessa atividade profissional, como também pelo contingente de força de trabalho que é formado pelas escolas de comunicação em todo o país. São empresas, órgãos públicos, entidades do terceiro setor, parlamentares e personalidades.
No DF, esse setor se tornou ainda mais forte, considerando que em Brasília estão as sedes dos três Poderes, dos órgãos públicos, dos organismos internacionais, embaixadas, entidades sindicais, organizações não governamentais e movimentos sociais. E em todos esses locais há pelos menos um jornalista, acompanhado de diagramador e repórter fotográfico, contratado formalmente, com carteira assinada, ou prestando serviço por meio de algum contrato informal ou temporário. Por outro lado, é difícil imaginar os veículos de comunicação sem o apoio das assessorias na oferta de informação qualificada.
Para além da relação cotidiana com a grande imprensa e da confecção de releases, o assessor de comunicação hoje ainda cumpre o papel de repórter, produzindo conteúdo dentro dos parâmetros jornalísticos para alimentar, inclusive, novas mídias, como a internet e as redes sociais.
Portanto, pela lógica operada hoje nas empresas, cabe ao atual assessor de comunicação subsidiar as grandes redações com as pautas das organizações nas quais trabalham e também apurar, redigir e editar para os veículos, que geralmente trazem informações de interesses de um determinado público.
Diante de uma imensa gama de funções que “podem” ser atribuídas ao jornalista assessor, tem se tornado cada vez mais comum a exploração da força de trabalho nas assessorias de comunicação, com os profissionais acumulando funções e sendo contratados de forma bastante precária, muitas vezes sem carteira assinada ou sem qualquer outro tipo de direito previsto na legislação trabalhista.
Nesse sentido, ao mesmo tempo que oferece oportunidades a nossa categoria, o setor de assessoria é responsável por forte precarização do trabalho de jornalistas. A informalidade do setor, fortalecida pela ideia de um suposto e arriscado empreendedorismo, se aproveita da grande oferta de força de trabalho e dos baixos salários da categoria para se expandir e se tornar quase como normal e corriqueiro o que deveria ser condenado. Em outros casos, mesmo onde há a relação formal entre patrão e empregado, o vínculo do jornalista com a empresa é feito por meio de contratos precários, onde muitas vezes o trabalhador cumpre jornada excessiva e acumula funções (faz contatos com a imprensa, apura, redige, edita, diagrama e fotografa). Infelizmente, essa realidade não está presente apenas nas grandes empresas privadas, mas também no serviço público e nas organizações sociais.
Nesse cenário de intensificação do ataque aos direitos dos trabalhadores, um dos maiores desafios do Sindicato dos Jornalistas do DF e da nossa Federação Nacional (Fenaj) é desenvolver ações que combatam, definitivamente, a exploração dos jornalistas de todos os setores, e nesse caso em especial dos que trabalham nas assessorias de comunicação. As entidades sindicais de todo o país, juntamente com a categoria, devem enfrentar a “pejotização” (quando o trabalhador é contratado como Pessoa Jurídica) e a terceirização, muito comum hoje em empresas que prestam serviços para órgãos públicos. O jornalista não pode contribuir com a criação de mpresas fantasmas e deve se negar a se tornar "sócio" dos patrões para garantir seu trabalho.
A precarização é ilegal, antiética e fere as conquistas de mais de 70 anos dos trabalhadores brasileiros.
Outro desafio é regulamentar esse campo de atuação. O Decreto-Lei 972, que estabelece os parâmetros para a profissão de jornalista, é de 1969 e sua redação não dá conta de definir as regras, direitos e obrigações dos jornalistas quando este atua em assessorias de comunicação. Hoje essa situação é aproveitada para que conquistas da regulamentação profissional não sejam respeitadas para quem está nas assessorias. Em razão disso, o movimento sindical de jornalistas precisa, no âmbito de uma forte reforma da legislação sobre a nossa profissão, definir as funções de assessoramento técnico construindo uma regra que não estimule a disputa com a profissão de Relações Públicas, mas que garanta os direitos dos jornalistas que desenvolvem essas atividades neste campo.

Assessoria no setor público

No Distrito Federal, pelo fato de Brasília abrigar a sede dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os ministérios, as autarquias e empresas públicas federais, o setor público é um dos principais empregadores de várias categorias da classe trabalhadora. E essa realidade não é diferente em relação aos jornalistas. Tem crescido, cada vez mais, a oferta de trabalho para o jornalista assessor nos órgãos do governo federal. Os setores de comunicação de alguns ministérios funcionam como verdadeiras redações, reunindo um razoável número de profissionais.
Engana-se, no entanto, quem pensa que todos os jornalistas assessores dos órgãos públicos são contratados de forma correta ou têm todos os seus direitos garantidos. A realidade é bem diferente e aponta os desafios que temos pela frente. Durante visitas realizadas aos colegas das Ascom's dos órgãos públicos, o SJP-DF pôde verificar que as formas de contratação são as mais variadas.

Alguns poucos são concursados, enquanto a maioria é contratada por empresas e fundações (de comunicação ou não), que, atualmente, podemos dizer, dominam a Esplanada dos Ministérios, a Câmara, o Senado e os tribunais superiores.
O SJP-DF verificou também que nem todos os jornalistas contratados pelas empresas têm carteira assinada ou cumprem a jornada da categoria, determinada em legislação específica. Vários são contratados como “Pessoa Jurídica” e outros por meio de uma nova modalidade que os patrões encontraram para burlar a Lei: sócio-cotista.

No caso de uma empresa específica que presta serviço para vários ministérios em Brasília, o jornalista assessor é “sócio”, tendo 0,01% de participação nos lucros depois de um ano de contratado. Detalhe: o trabalhador não tem carteira assinada e nem é amparado por qualquer direito previsto na CLT!
Esse tipo de contrato é uma fraude à legislação trabalhista e deve ser combatido de forma intransigente. É a precarização das relações trabalhistas de forma “sofisticada”, uma vez que o contratado tem a falsa ideia de que é sócio e não um empregado, que vende a sua força de trabalho e que, portanto, precisa prestar contas diariamente ao patrão e cumprir tarefas designadas a todo trabalhador.

Mas, o que precisa ficar claro é que, ao aceitar esse tipo de contrato, muitas vezes pressionado pela pouca oferta de emprego e pelas necessidades impostas pela vida, o trabalhador está abrindo mão de direitos históricos e facilitando a fraude praticada pelos empresários.
O SJP-DF já vem fazendo gestões junto ao Ministério do Planejamento para cobrar a coibição dos abusos e desrespeitos. Foi solicitado que o governo exija, nos processos da licitação, o cumprimento da legislação trabalhista. Além disso, o sindicato também reivindicou que o governo cumpra, no caso dos colegas concursados, a jornada de cinco horas (ou sete horas, desde
que sejam pagas as duas horas contratuais) e que abra concursos públicos em todos os Poderes, visando a substituição, de forma gradativa, dos profissionais terceirizados. Ainda assim as ilegalidades continuam. Por isso, essas continuam sendo bandeiras fundamentais para a categoria no Distrito Federal.

Convenção coletiva para todos os assessores de comunicação

Preocupado com esse cenário, em que impera a total desregulamentação dos direitos dos trabalhadores, o que vem se acentuando com a derrota sofrida pela categoria em 2009, quando o STF caçou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão, a atual diretoria do SJP-DF assumiu como umas das tarefas prioritárias a organização dos jornalistas em assessoria de comunicação.

O objetivo é tentar dar resposta aos anseios e preocupações desse setor da categoria, juntamente com os colegas que atuam nas redações das grandes empresas de comunicação e dos veículos alternativos. Para o sindicato, embora a categoria seja a mesma e enfrente os mesmos problemas que a classe trabalhadora em geral, cada setor tem suas peculiaridades e características, que merecem atenção.
No início deste ano, a diretoria do SJP-DF iniciou as conversas com o Sinco (Sindicato Nacional das Agências de Comunicação), além de realizar reuniões com algumas empresas para iniciar um diálogo a respeito da possibilidade de ser assinada uma convenção coletiva específica para os
assessores de comunicação, da mesma forma como já ocorreu em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. A proposta de convenção coletiva foi aprovada em assembleia da categoria e protocolada no sindicato patronal (Sinco). Essa é uma das maiores tarefas do SJP-DF para avançar na qualificação das relações de trabalho para quem atua nas assessorias.

Eixos de luta para os jornalistas assessores de comunicação

  • Trabalhar para garantir o fechamento da convenção coletiva para os assessores de comunicação;
  • Defender que essa seja uma política adotada por todos os Sindicatos, sob coordenação da Fenaj a partir de uma campanha nacional;
  • Construir negociação com centrais sindicais para assinatura de Convenção semelhante para os jornalistas que trabalham em entidades sindicais;
  • Atuar contra a precarização dos contratos de trabalho pelas empresas de assessoria, impedindo fraudes como “pejotização”, terceirização e a modalidade sócio-cotista;
  • Atua para que seja cumprida, nas assessorias de comunicação privadas e públicas, a jornada de trabalho de cinco horas, com prorrogação máxima de duas horas, garantida em Lei; e exigir o pagamento das horas extras trabalhadas;
  • Lutar contra o acúmulo de funções do jornalista assessor de comunicação;
  • No caso dos órgãos públicos, atuar junto ao governo federal para que sejam realizados concursos públicos para as assessorias de comunicação;
  • Enquanto o preenchimento dos cargos com pessoas concursadas não se completar em cada órgão do serviço público, cobrar dos órgãos públicos a exigência do respeito à legislação trabalhista nos contratos de prestação de serviços;
  • Promover um encontro nacional dos jornalistas que atuam nas assessorias de instituições do serviço público;
  • Combater o assédio moral e o assédio sexual nas assessorias;
  • Criar um núcleo formado por integrantes da diretoria e jornalistas filiados para discutir o encaminhamento destas ações e novas iniciativas para a área da assessoria em municação.

Obs: Esse texto foi aprovado pelos delegados do
1º Encontro de Jornalistas em Assessoria de Comunicação do Distrito Federal,
realizado no dia 8 de outubro, em Brasília.

Correios não respeita lei dos Jornalistas

Da Fenaj

Em audiência com a direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), no dia 10 de novembro, a FENAJ solicitou o respeito à jornada especial de trabalho dos jornalistas, que é de 5 horas. Embora insistam na tese de que não têm jornalistas, mas profissionais da Comunicação, os dirigentes da empresa se comprometeram a analisar o caso e encaminhar uma resposta oficial à Federação.
Em seu concurso realizado em 2011, os Correios admitiram dois jornalistas para compor sua Assessoria de Comunicação em cada estado. No edital do concurso, a empresa estabeleceu jornada de trabalho semanal de 44 (quarenta e quatro) horas, em flagrante desrespeito à jornada especial de jornalista, de 30 (trinta) horas semanais, consagrada na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) e diversas decisões do Tribunal Superior do Trabalho (TST).
“A audiência, infelizmente, não foi amistosa e tivemos que aumentar o tom de nossos argumentos porque o setor jurídico dos Correios insiste em não reconhecer a jornada especial dos jornalistas”, conta o presidente da FENAJ.
“Ainda assim, ao final da reunião dirigentes da empresa se comprometeram em analisar melhor o caso e nos encaminhar uma resposta oficial”, complementa, informando que após a resposta serão tomadas as providências cabíveis.
No caso de persistir a resposta negativa, e atendendo às solicitações da Comissão de Jornalistas da ECT, a FENAJ orientará os Sindicatos dos Jornalistas sobre os procedimentos cabíveis. "Como a FENAJ representa os Sindicatos filiados, ela não pode ingressar com ação judicial representando os interesses individuais dos jornalistas”, esclarece o assessor jurídico da FENAJ, Claudismar Zupiroli. “Assim, caso a ECT não respeite a lei, caberá aos Sindicatos da categoria ingressarem com ações na Justiça do Trabalho representando a sua base”, complementa.

RS: Seminário analisa relações econômicas e políticas da indústria da Comunicação

Do SJP-RS

Nos dias 1º e 2 de dezembro, profissionais e estudantes terão a oportunidade de participar de um debate sobre as relações entre a indústria da Comunicação, o Estado e a sociedade, com a presença de professores convidados do Brasil, Europa e África.
O 6º Seminário de Pesquisa Cepos é um evento gratuito, com inscrição em www.grupocepos.net. O evento pretende socializar o conhecimento construído no interior da universidade, de forma a favorecer a troca de informações e ideias.
No dia 1º de dezembro, o Seminário de Pesquisa Cepos será realizado na Sala Santander, no campus Porto Alegre da Unisinos - avenida Luiz Manoel Gonzaga, 744, Três Figueiras, nas proximidades do Colégio Anchieta, entre 17h e 20h30min.
No dia 2, das 8h às 20h30min, o debate prossegue na Sala Ignacio Ellacuría do IHU, no campus em São Leopoldo.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Disputa política domina noticiário sobre o novo Código Florestal

Enviado pela Andi

Na reta final da tramitação do projeto de lei do novo Código no Senado Federal, pesquisa da Agência de Notícias dos Direitos da Infância - ANDI mostra que a mídia nem sempre consegue colocar em pauta aspectos técnicos e científico.

Veja abaixo as principáis conclusões das análises. O documento completo pode ser lido aqui.


  • Fatores de ordem política e partidária foram o tema principal em 60% dos textos analisados na pesquisa Reforma do Código Florestal na Imprensa Brasileira, que avaliou a cobertura de 17 jornais diários das diversas regiões do país sobre a tramitação da reforma do Código Florestal na Câmara dos Deputados.
  • As articulações do relator do projeto, deputado Aldo Rebelo, as divisões na base aliada e as dificuldades do Governo Federal em posicionar-se de forma clara frente às propostas do novo Código, ocuparam grande espaço nas páginas dos jornais.
  • Em muitos momentos, estas questões deixaram em segundo plano a discussão da política ambiental e a centralidade do Código para que o Brasil possa avançar da teoria à prática em relação a um modelo sustentável de desenvolvimento.
  • Quando abordou os temas técnicos, a imprensa soube destacar os pontos críticos: nada menos de 67,8% dos cientistas ouvidos nas matérias analisadas pela ANDI manifestavam posição contrária ao texto apresentado por Aldo Rebelo.

§ Outros aspectos positivos da cobertura: 52,4% dos textos ouviram mais de uma fonte e, dentre estes, 45% apresen­taram opiniões divergentes – dados fundamentais para o debate polarizado entre “ruralistas” e “ambientalistas”.

A reflexão sobre os méritos e limites da cobertura jornalística pode oferecer contribuições relevantes para o aprimoramento da informação recebida pela população e para os próprios parlamentares – em especial num momento decisivo para os destinos do país, quando o texto do relator Jorge Viana está sendo votado no Senado Federal, para em seguida ser levado de volta à Câmara e à sanção da presidente Dilma Rousseff.

Na visão da ANDI, que contou com o apoio da Aliança para o Clima e Uso da Terra (CLUA) para a realização da análise de mídia, o Código Florestal é uma das pautas mais importantes deste início de século: “A maneira como o Brasil decidirá tratar suas florestas e demais recursos naturais vai fazer diferença não só para nossa população, mas para o futuro de todo o planeta e está intimamente ligada com outras agendas de especial relevância para a sustentabilidade, como as mudanças climáticas e a realização da Conferência Rio+20”, acredita Veet Vivarta, Secretário-Executivo da ANDI.


SOBRE A ANÁLISE

Para uma melhor compreensão do comportamento da imprensa em relação ao tema, o período monitorado foi divido em três etapas:

  • Pré-votação (01 de abril a 02 de maio) – discussões do relatório do de­putado Aldo Rebelo ao Projeto de Lei 1876/1999 (Novo Código Florestal), antes da aprovação da tramitação em regime de urgência na Câmara Federal.
  • Votação (03 de maio a 26 de maio) – fase que vai da aprovação da altera­ção do regime de tramitação do Projeto de Lei 1876/1999 (passa à aprecia­ção em caráter da urgência) até dois dias após a sua votação pelo Plenário da Câmara.
  • Pós-votação (27 de maio a 15 de junho) – período de debates posterior à aprovação do texto na Câmara.
  • O questionário de análise foi desenvolvido pela equipe da ANDI, com apoio de um grupo de especialistas nos temas centrais do Código Florestal.
  • O universo de pesquisa envolveu 973 textos com foco no projeto de lei do Código Florestal, encontrados nos seguintes jornais:
  • Diários de abrangência nacional: O Globo/RJ, Correio Braziliense/DF, O Estado de S. Paulo/SP, Folha de S. Paulo/SP, Valor Econômico/SP.
  • Diários de abrangência regional: O Rio Branco/AC, A Crítica/AM, O Liberal/PA, Diário de Natal/RN, Diário de Pernambuco/PE, O Povo/CE, Correio do Estado/MS, Diário de Cuiabá/MT, A Gazeta/ES, Estado de Minas/MG, Gazeta do Povo/PR, Zero Hora/RS.

Opinião: As dores do cinema latino

Por Camila Moraes, publicado orginalmente no Opera Mundi

Se a América Latina fosse uma pessoa em terapia, e o cinema, o divã sobre o qual ela se deita para elaborar seus traumas, seria possível afirmar que, nos dias de hoje, a região é um paciente mais “em contato consigo mesmo”. Sem supor que a solução para todos os males passe pela psicologia, a metáfora aqui serve para dizer que o cinema latino-americano superou a fase de raiva e críticas desnorteadas e tornou-se capaz de elaborar melhor suas dores – as dores que cada país trata em seus filmes mais relevantes – como um ser humano em processo de entender melhor de onde vem para então vislumbrar novos caminhos.

Essa evolução, resultado de vários aspectos relacionados às experiências sociais, culturais e políticas de cada lugar, acontece como no consultório: de maneira sutil, perceptível só depois de se instalar. Saem os filmes nostálgicos, os que denunciam em primeiro plano nossa coleção de traumas (colonialismo, ditaduras, corrupção, crises, entre tantos outros), e entram as histórias cotidianas, bastante pessoais e ainda assim políticas, porém, não didáticas. Como já sintetizou a crítica norte-americana B. Ruby Rich, entre cujas áreas de interesse está o cinema latino: “From the revolutionary to the revelatory” (do revolucionário ao revelador).

Ao falar de cinema latino-americano hoje, felizmente é possível abarcar muitas das cinematografias do subcontinente, e não só o México, a Argentina e o Brasil, tradicionalmente os maiores produtores de filmes na região. Os dois últimos são em grande parte o objeto de estudo de um livro lançado recentemente sobre o novo cinema sul-americano, o “New South American Cinema” (Ed. Faber and Faber UK), de Demetrius Matheou, disponível no Brasil apenas por encomenda. Mas é apenas uma questão de recorte: Uruguai, Chile, Peru, Colômbia e, em menor grau, países como Venezuela, Paraguai e alguns representantes da América Central, como a Guatemala, tem visto seus esforços resultarem em uma produção independente de grande importância, ainda que lutando constantes e duras batalhas contra a imposição hollywoodiana nas salas comerciais para poder aparecer.

O “New South American Cinema”, que por sua vez cita B.Ruby Rich, trata desse tema: como a estabilidade econômica gradual de alguns países latino-americanos, junto ao fim da censura ditatorial, permitiu que os cineastas possam novamente se expressar e, com isso, contribuir para a criação de cinemas autorais que dão conta da construção de identidades nacionais e da recuperação da memória. O livro é recheado de entrevistas, entre elas uma com Walter Salles, um dos pilares da retomada do cinema brasileiro, que diz: “Não acho que sejamos países cujas identidades tenham sido plenamente cristalizadas ainda. De alguma maneira, nossos filmes captam essas sociedades em movimento; captam essas sociedades à medida que elas estão se encontrando”.

No Brasil, o território (vasto, variado, incontrolável) é um tema recorrente; uma dor (sempre que escapa à ordem e ao progresso) tratada com certa insistência em “filmes sobre o sertão” ou “filmes de favela”, etiquetas frequentes na hora de se analisar a produção nacional de meados dos 1990 em diante. Quais seriam as dores dos vizinhos? Se tomarmos Pablo Trapero e Lucrecia Martel, grandes do nomes do atual cinema da Argentina, por exemplo, temos os males da ditadura.

Em “Mundo grua”, de Trapero, uma figura marginal vive uma busca interminávelpor emprego. Em “O pântano”, de Martel, a classe média falida de uma cidade letárgica se impõe vivendo de influências passadas. Nesses filmes, premiadíssimos e de enorme valor autoral, não aparecem de frente os militares, a repressão do governo ou as injustiças sociais, senão seus resquícios, as instituições que o alimentaram e sustentaram – como é o caso das classes abastadas na Argentina ou em qualquer país onde haja sobrevivido um sistema ditatorial. É a vez de escutar a voz o povo, reverenciar a cultura popular.

Cena inicial de "Mundo Grua", de Pablo Trapero






Ver-se na tela (e sem maquiagem)

De onde vêm essas dores cinematográficas? Obviamente, dos padrões comuns de experiência dos realizadores de cada lugar. Na Colômbia, o conflito interno que vive o país há quase 60 anos fez da violência um ponto obrigatório do cinema nacional. Do lado do público, o colombiano se queixa. Ou não enche as salas, quando o filme troca cenas de ação e sexo por sequências lentas do dia-a-dia de um jovem que se refugia em uma vila de pescadores amedrontada pela violência para se recuperar de dramas pessoais – como é o caso de “El vuelvo del cangrejo”, de Oscar Ruiz Navia, um filme que não ignora o conflito, mas não tenta esmiuçá-lo, preferindo se ater às suas consequências.

Para a pesquisadora Juana Suárez, autora de “Cinembargo Colombia – Ensayos críticos sobre cine y cultura”, é como um espelho: “Há realidades que são levadas à tela, o colombiano as vê e se sente horrorizado, como uma pessoa que não suporta se ver sem maquiagem”. Segundo ela, há um tipo de espectador que espera “que o cinema faça propaganda da nação, mas o cinema não trata disso”.

Trailer de "Abril Despedaçado", de Walter Salles




Cinema não é mera crítica social, mas, sempre que se manifesta sob os mandamentos da Arte, brilha se for capaz de ser crítico, construir identidades e gerar memória, além de oferecer prazer estético ou mero entretenimento. Claro que, para que ele alcance tão nobres objetivos, o espectador entra na equação.

Filmes como os que realizaram os cineastas latino-americanos mais talentosos dos nossos tempos não são daqueles que se contam sozinhos ou que gritam suas palavras de ordem em megafones. Dependem do espectador para (re)construí-los, saboreá-los e perpetuá-los, permitindo que eles cumpram seu nobre papel. Quem se arrisca?

*Camila Moraes é colaboradora do Opera Mundi e escreve sobre cinema no blog La Latina

Emprego na Argentina para Analista de Comunicação

Uma empresa no ramo de energias renováveis, sediada na Argentina, seleciona um Analista de Comunicação. Além do espanhol, candidatos devem dominar o português e o inglês.
Os interessados devem enviar
CV a juanmartin.malescio@impsa.com

Veja abaixo, em espanhol, o perfil do profissional desejado

Función:
Implementar el plan de prensa, siendo el nexo entre las necesidades internas de las diferentes empresas y unidades de negocio del Grupo, y los medios de comunicación, manteniendo un relacionamiento adecuado con las agencias y medios en los principales países de actuación de Latinoamérica.

Perfil:

* Graduado en carreras de comunicación o afines.

* Know-how del sector de medios de comunicación y prensa.

* Experiencia en empresas multinacionales o consultoras – deseable de 2 a 5 años.

* Buen relacionamiento interpersonal.

* Conocimientos de inglés y portugués.

* Disponibilidad para viajar.

* Excelente presencia.

Opinião: Mario Sabino ou o dia em que matei meu pônei

Por Leonardo Attuch, publicado originalmente em Brasília 247
Um mês atrás, estive em Recife, participando de um debate com dois grandes jornalistas brasileiros: Fernando Morais, que já vendeu mais de 5 milhões de livros, com seus romances e biografias, e Raimundo Rodrigues Pereira, ex-editor da Realidade e criador do Movimento, durante a ditadura militar. Ambos já escreveram em Veja, mas se viram forçados a se explicar à plateia, dizendo que trabalharam "naquela Veja", não "nesta Veja".
Em Brasília, um de meus bons amigos é o jornalista Hélio Doyle, professor renomado da UnB, colunista deste Brasil 247 e também ex-editor de Veja. Doyle, com frequência, é cobrado pelos alunos sobre essa grave mancha em seu currículo - e ele, com frequência, dá explicações semelhantes às de Fernando Morais e Raimundo Pereira. Doyle trabalhou "naquela Veja", não "nesta Veja".
Um tanto mais jovem do que os três colegas aqui citados, eu também trabalhei em Veja, no início da minha carreira jornalística, em 1994. Infelizmente, numa revista que já deixava de ser "aquela" para se transformar "nesta" Veja. Onde os editores babavam, como chacais, diante da primeira alternativa de destruir uma reputação.
Vivi, por exemplo, o caso do embaixador Rubens Ricupero e de suas inconfidências parabólicas. Nada contra cobrir o caso em si - o modo de cobertura é que já revelava a transformação daquela revista nesta revista. E, quando saí, fui aconselhado pelo ex-chefe a ser mais "filho da puta" - nesses termos. Caso contrário, não teria futuro algum na publicação.
Felizmente, naquele breve período, não tive o desprazer de conhecer Mario Sabino. Ele era ainda um personagem secundário, mas que, rapidamente, absorvia a cultura que, com ele, atingiu seu zênite. Anos depois, quando trabalhei na Editora Três, soube que Sabino foi demitido do cargo de editor de cultura da Istoé por um comentário, numa reportagem sobre o escritor Paulo Coelho, que já revelava parte de seu caráter. Algo jocoso, na linha do "cada país tem o escritor que merece".
Domingo Alzugaray, dono da editora Três, sempre foi um gentleman. Um dos barões mais cordatos da imprensa brasileira. Que seria capaz de admitir uma crítica profissional a um autor, mas não ao público, de maneira geral e indiscriminada.
Por que Sabino teria agido desta maneira em relação a Paulo Coelho? Talvez devido ao fato de ser um escritor frustrado. Seus livros só fizeram sucesso, realmente, nas páginas de Veja. O primeiro deles, "O dia em que matei meu pai", recebeu críticas mandatórias elogiosas na publicação, misturando interesses públicos e privados, e de forma questionável foi incluído na lista de mais vendidos de Veja.
Poucas pessoas se deram ao trabalho de ler, mas quem viu enxergou, na obra, os primeiros sinais de conflitos psicológicos internos do autor, que foram levados ao comando editorial da maior revista semanal brasileira.
O segundo, chamado "O vício do amor" e lançado nesta semana no programa do Jô Soares, é também sério candidato ao anonimato literário, apesar do esforço de divulgação.
Em Veja, Sabino deu provas reiteradas de seu caráter.
Anos atrás, quando Istoé publicou uma capa sobre um erro da revista da Editora Abril, que destruiu a carreira de Ibsen Pinheiro colocando três zeros a mais num extrato bancário, Veja respondeu na semana seguinte. Numa matéria sobre a concorrente, Sabino classificou em vários trechos o jornalista Hélio Campos Mello, ex-diretor de redação da Istoé e atual dono da Brasileiros, como um reles "fotógrafo" - na lógica de Sabino, fotógrafos são seres inferiores a escritores frustrados.
E seu estilo de ataque lembra o de pessoas que, quando enfrentam adversários, molham a pontinha do dedo com saliva e dizem: "Eu te afogo".
A chegada de Fabio Barbosa
O caso Hélio Campos Mello foi apenas um dos inúmeros exemplos daquilo que Luis Nassif classificou como "assassinatos de reputação em série", praticados por Mario Sabino. Assassinatos que se tornaram mais notórios na esfera política, mas que também atingiram os meios cultural, artístico e até jornalístico.
Sabino tinha um chefe, Eurípedes Alcântara, que continua em Veja, mas era dele a mão pesada e irresponsável da publicação. Eurípedes, ao contrário, é suave e educado.
Neste ano, quando a Editora Abril anunciou a contratação de Fábio Barbosa, ex-presidente do Santander, para o comando do grupo, com poderes inclusive sobre a área editorial, ficou claro e cristalino que os dias de Mario Sabino estariam contados em Veja.
Barbosa tem nome, currículo e reputação. Não jogaria tudo na lata de lixo para preservar um nome que não é querido na própria casa - sim, a redação de Veja, nesta sexta-feira, amanheceu em festa.
E, aqui no 247, passamos a escrever o óbvio, desde o dia em que Fábio Barbosa foi anunciado. Mario Sabino estava prestes a cair.
Alguns diziam que estávamos torcendo ou tentando organizar a sucessão em Veja. Na verdade, estávamos apenas interpretando uma realidade cristalina. Sabino teve ainda a má sorte de se arriscar ainda mais, na semana em que foi anunciada a chegada de Fábio Barbosa.
Com o chefe Eurípedes Alcântara em férias, ele organizou a reportagem sobre José Dirceu que terminou numa delegacia de polícia devido ao fato de um repórter ter tentado invadir um quarto de hotel em Brasília.
O ex-presidente do Santander não toleraria condutas desse naipe, como também misturas entre interesses públicos e privados numa publicação tão relevante como é a revista Veja.
Exemplo: Felipe Patury, hoje colunista de Época, deixou a publicação da Abril porque não teve liberdade para escrever sobre o faustoso casamento do criminalista Roberto Podval em Capri, onde um dos convidados foi Sabino.
Semanas depois, Podval, que já defendeu Sabino em processos judiciais, foi brindado com uma entevista de páginas amarelas, que lançava seu nome para a disputa da OAB - a chapa, jocosamente, já é chamada pelos adversários de "Pepino di Capri".
Nesta sexta-feira, o jornalismo brasileiro amanheceu melhor. Respira, novamente, bons ares. Todos que já trabalharam em Veja torcem para que um dia possam voltar a ler "aquela" Veja - e não "esta" Veja.
Comenta-se que Mario Sabino irá trabalhar na Companhia de Notícias, uma assessoria de imprensa do bom jornalista e bom amigo João Rodarte. Se é verdade, a CDN saiu perdendo. Essa atividade exige, sobretudo, bom relacionamento entre os pares.
E não há um profissional brasileiro que tenha construído tantos inimigos em tão pouco tempo como Mario Sabino. Amigos, talvez ele tenha dois: Diogo Mainardi e Reinaldo Azevedo.
Bom, paremos por aqui, porque o Brasil amanheceu nesta sexta com um sol radiante.´
As opiniões aqui postadas sãode responsabilidade de seus autores