Caros leitores e leitoras.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Minhas sugestões para o novo curriculo do curso de Jornalismo

No dia 4 de março, enviei as seguintes sugestões à Comissão do MEC que está revizando o curriculo de Jornalismo.

As propostas estão abertas aqui para o comentário dos leitores. Quem considerá-las adequadas, em parte ou no seu todo, também pode reforçar as sugestões enviando até domingo, 12/4, apoio a sugestão enviada. Basta copiá-la e reenviar à comissão. O e-mail é consulta.jornalismo@mec.gov.br

1) Retorno do ensino de idioma estrangeiro. Entretanto, este ensino deveria ser feito como acontece em algumas faculdades francesas. O curso é operacional, alunos fecham jornais, radiojornais ou telejornais em outro idioma. Creio que num momento em que o Brasil se encaminha para a integração regional, no mínimo, deveria existir uma disciplina técnico operacional em espanhol.
2) Duas outras idéias fruto do que pude ver na França durante o meu doutorado.
a. A primeira é uma disciplina que verse sobre a gestão das redações, desde a questão do fluxo informativo até a organização de equipes, gestão de recursos materiais etc.
b. A segunda, uma disciplina que verse sobre o funcionamento das organizações. Como se fôra a extinta OSPB – Organização Social e Política do Brasil. No caso francês, os futuros jornalistas aprendem o funcionamento do Estado, o papel das diferentes organizações: sindicatos, ministério público; igreja, Justiça, ONGs, Parlamento etc. Incluindo o próprio papel dos sindicatos da categoria.
3) Introdução de uma disciplina que prepare o estudante para o empreendedorismo. Cada vez mais o jornalista precisa montar seu negócio para sobreviver, atuar como PJ, criar sua empresinha e não sabe como fazê-lo. Ao contrário dos currículos de Publicidade e de RP, o de jornalismo só ensina o jornalista a ser empregado.
4) De alguma forma, o currículo deve apresentar o segmento das rádios comunitárias como opção de trabalho. Este é um segmento não explorado pelos recém formados, a maioria embriagada em entrar na chamada grande imprensa.
5) Introdução de uma disciplina que oriente o funcionamento das novas tecnologias. O estudante que sai da faculdade não sabe o que é um link, não sabe diferenciar analógico de digital. Uma disciplina de introdução as tecnologias de comunicação seria bem produtiva.
6) Reforço na carga de disciplinas humanitárias. Ao estudante não basta apenas saber o lead e o sub lead. Ele precisa ter noções de direito, de economia, história, relações internacionais, arte e cultura, etc. O currículo atual é altamente técnico-operacional
7) Tendo em vista que o grande mercado empregador é o de Assessoria de imprensa, onde o profissional é obrigado a se valer de ferramentas de RP e Publicidade, não vejo por que não voltar a inserir no currículo básico disciplinas de introdução as técnicas de RP e publicidade, tal qual existia na década de 1970.
8) O ideal seria que o estudante pudesse vivenciar a maior parte destas disciplinas humanitárias em ambientes externos à Faculdade de Comunicação. Que ele as cursasse junto a alunos de outros cursos de forma a capturar uma visão menos corporativa.

2 comentários:

Elisa Maria Campos disse...

Chico, estão muito boas as propostas. Acrescentaria, sem hesitar, o ensino obrigatório de HISTÓRIA. História do Brasil e mundial. A didática, evidentemente, não precisa ser como a dos cursos secundários. Poderia ser adaptada à análise dos fatos políticos, econômicos e sociais da atualidade.

Chico Sant'Anna disse...

Elisa, vc tem toda razão. Os jornalistas precisam de uma cultura mais ampla do que a que lhes é proporcionada pelo ensino atual. Se continuar nesta maré, o curso vai acabar virando profissionalizante de de 2º grau.